quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Tarde no mar


Florbela Espanca
A tarde é de oiro rútilo: esbraseia.
O horizonte: um cacto purpurino.
E a vaga esbelta que palpita e ondeia,
Com uma frágil graça de menino,

Pousa o manto de arminho na areia
E lá vai, e lá segue o seu destino!
E o sol, nas casas brancas que incendeia,
Desenha mãos sangrentas de assassino!
Que linda tarde aberta sobre o mar!
Vai deitando do céu molhos de rosas
Que Apolo se entretém a desfolhar...
E, sobre mim, em gestos palpitantes,
As tuas mãos morenas, milagrosas,
São as asas do sol, agonizantes...
Ah! Ninguém soube anunciar, como Florbela Espanca, ainda no inverno, o doce ar da primavera...

Um comentário:

Anônimo disse...

Oi Miriam... Que foto linda! Teria sido lá perto da assembleia das bruxas? Cesar