Falar em Flávio José Cardozo é dizer Santa Catarina. Seus escritos dão forma à vida que viceja e floresce no nosso estado. A vida das gentes trabalhadoras. Nos contos e nas crônicas o gurizinho de Lauro Müller, que entendia o mundo a partir da verdura da serra do rio do rastro e que transbordou depois que viu o mar, centra o foco no povo, na gente comum. Suas palavras descortinam mundos e seus livros são como cântaros a transbordar beleza.
Ele conta que quando era bebezinho, sua mãe, costureira, trabalhava com ele deitado em seu colo, e desde então o seu corpo foi se familiarizando com a música provocada pelo rodar da roda da máquina de costura. E esse ritmo foi se expressando na construção das palavras que vão se juntando como uma afinada orquestra. “Não fosse escritor, queria ser músico”, diz. O fato é que se a mão não tocou qualquer instrumento musical, atacou com destreza a máquina de escrever. E o resultado sempre foi a pura formosura.
Neste vídeo trazemos alguns recortes da vida e da obra do premiado e amado escritor catarinense. A infância em Lauro Müller, o seminário, a vinda para Florianópolis, o trabalho na Revista Globo de Porto Alegre, a direção da Imprensa Oficial Catarinense, seu ofício de escritor, tudo narrado com humor e ternura. Flávio ainda fala da literatura catarinense e dos novos tempos. Hoje, aos 87 anos, aposentou a pena e vive sereno, entre pássaros e livros, na perfeição de Santo Antônio de Lisboa, com Isabel, seu amor. Seu legado, “uns livrinhos”, ilumina a literatura catarinense.
O vídeo tem imagens de Tasso Claudio Scherer, com apoio de Marco Scherer.
9 - Paulino Júnior - escritor
A cidade conservadora do interior paulista, Presidente Prudente, tinha horizontes muito reduzidos para um garoto em ebulição como o Paulino Júnior. Mas, ele descobriu o rock'n'roll, espaço seguro de rebeldia e criação. E foi nesse campo, o da música, que ele ensaiou os primeiros passos da escrita. Não estou satisfeito em criar grupos Paulino escreveu suas próprias canções. Nesse ensaio, foi dando corpo para sua escritura. O tempo passou e ele saiu em busca de conhecimento para uma possível carreira de professor. Fez faculdade, mestrado, e caminhou por aí, na vereda universitária.
Foi então que apareceu a oportunidade de vir para Florianópolis junto com a esposa. Uma reviravolta na vida. E assim nasceu o escritor. Paulino entendeu que era tempo de abrir passo para o que já borbulhava dentro dele há tempos. Desistiu do trabalho formal e dedicou-se a escrever. “Por isso, Santa Catarina é a mãe do escritor”, diz. Desde então, e lá se vão 20 anos, ele vem burilando seus contos, centrados na realidade dos trabalhadores.
Não poderia ser diferente. Paulino é comunista e militante. Está na vida para travar lutas e esgrimir palavras. Foi cronista do Notícias do Dia e já publicou quatro livros. Dois de contos, um de crônica e outro, artesanal, que contém um conto. Seu tema é a vida mesma, da gente que trabalha. Neste vídeo, com imagens de Tasso Claudio da Silva e direção de Sérgio Vignes, ele fala de literatura, conta da sua vida e da sua obra, sempre em construção.
Projeto da Revista Pobres & Nojentas em parceria com a Livraria Desterrados, lançado em dezembro de 2024, apresentando entrevistas com escritores catarinenses. Neste episódio ouvimos o escritor Paulino Júnior. Entrevista realizada no dia 19 de junho de 2025.
Conversas em Tiradentes; Escritores; Desterrados: Revista Pobres & Nojentas
8 – Cristina Santos – escritora
Cristina é mineira de nascimento, mas criou-se em Niterói, Rio de Janeiro, onde estudou e iniciou seu trabalho como pesquisadora, bióloga e primatóloga. Veio para Florianópolis há mais de 25 anos e foi aqui que passou a escrever livros informativos para a infância. Sua intenção sempre foi a de levar o conhecimento científico para as crianças, ajudando assim a compreensão da necessidade da preservação da natureza. Seu trabalho sobre os biomas de Santa Catarina, a natureza da ilha de Santa Catarina, os passarinhos e roteiros originais sobre a cidade rodam o país todo, sendo referência no campo do livro informativo. E serve tanto para crianças como para adultos.
Cristina acredita que para proteger a flora, a fauna e toda a abundante diversidade brasileira é preciso antes de conhecer em profundidade aquilo que nos cerca. Para ela, a natureza não é um cenário descolado da vida humana. Tudo está em ligação e equilíbrio. Neste vídeo ela fala do seu trabalho e também mostra a preocupação com o avanço alucinado da capital sobre o meio ambiente. Venha passear conosco nessa viagem educativa para conhecer um pouco mais da realidade do nosso estado e do país.
As imagens são de Tasso Claudio Scherer, com o apoio de Sérgio Vignes.
7 – Cyntia de Oliveira e Silva – escritora
Cyntia de Oliveira e Silva nasceu na capital do Brasil, Brasília, nos primeiros anos de sua criação, sendo, portanto, da geração primeira candanga, filha de mãe amazonense e pai nordestino. Criou amor pelas palavras muito cedo. Aos cinco anos sua brincadeira favorita era a de se fingir professora e desde aí foi forjando esse desejo na mente e no coração. Tão logo pode já estar na sala de aula, ensinando, primeiro na rede privada e, depois, na pública, em Ceilândia.
Foi mãe bem novinha, mas nunca deixou de trabalhar. Seguindo o caminho da escrita e da literatura formou-se em Letras e continuou ensinando. Depois, passou em um concurso público para a Justiça do Trabalho e foi aí que abandonou a sala de aula, embora a literatura seguisse no horizonte ao convocar. Em 1999 mudou-se para Florianópolis e decidiu voltar a dar aula. se inseriu na cena cultural da cidade promovendo cursos de redação, criando a Oficina da Palavra, projeto que já dura 15 anos. Esse processo de envolvimento com a criação literária levou à ideia de uma revista que pudesse reunir artigos, crônicas, poesias e ensaios. Junto com o filho Ítalo, que faz a parte gráfica, ela coordena esse trabalho há cinco anos.
Cyntia, além de coordenar a revista Texturas e manter a Oficina da Palavra, promovendo a escrita e a leitura, também comete poesias. Não bastasse criar mundos com as palavras ela ainda escreve com luz, amalgamando o discurso com a imagem que procura incessantemente. Sua história e seu trabalho você conhece agora.
A filmagem é de Tasso Cláudio Scherer com apoio do fotógrafo Sérgio Vignes.
6 – Demétrio Panarotto – escritor
Catarinense de Chapecó, Demétrio Panarotto iniciou a fazer poesia ainda bem novo. Aos 15 anos já compunha as letras da Banda Repolho, que criou com seu irmão. Nessa época trabalhou no banco como menor estagiário e depois, iniciado nas práticas bancárias, acabou ficando nesse espaço por um longo tempo, até que finalmente decidiu sair de Chapecó, depois de encerrar o curso de Letras, para fazer mestrado e doutorado em Florianópolis.
Durante todo esse tempo ele som composto, mas a cabeça pedia uma nova relação com as letras e assim foi chegando também a prosa. Poesia, crônicas, novelas, ensaios, tudo vai brotando e Demétrio não gosta muito de colocar nas caixinhas. Para ele, tudo é poesia e ele vai amalgamando as ideias nos livros, que já somam 29. Foi professor de literatura na UFSC e atualmente dá aulas no Curso de Cinema na Unisul. A criação literária é o seu mundo o que não o limita, tanto que trabalha também com a imagem.
Demétrio é um caminhante e busca sua inspiração nas ruas, nos encontros humanos, nas trocas que se sucedem com outros parceiros e parceiras de letras. Neste vídeo conta sobre sua vida e obra. As imagens são de Tasso Cláudio Scherer com apoio de Sérgio Vignes. Entrevista de Elaine Tavares.
Projeto da Revista Pobres & Nojentas em parceria com a Livraria Desterrados, lançado em dezembro de 2024, apresentando entrevistas com escritores catarinenses. Neste episódio ouvimos o escritor Demétrio Panarotto. Entrevista realizada no dia 02 de abril de 2025.
Conversas em Tiradentes; Escritores; Desterrados: Revista Pobres & Nojentas
5 – Viegas Fernandes da Costa – escritor
Viegas nasceu em Blumenau, fruto de um amor missivista, como ele conta. Os pais se corresponderam por meses até se conhecerem. A infância no vale foi tranquila, ainda que tive problemas na escola por fazer parte da turma do fundão. Teve uma espécie de receber como “castigo” ficar na biblioteca onde acabou se apaixonando pelos livros e pelas letras. Chegou a ganhar, para surpresa dos professores, um concurso de redação. A partir daí, escrever passou a ser algo natural. Ajudou muito o velho guarda-roupa do avô que escondia livros que o encantavam.
Escolheu o magistério como carreira porque na adolescência você desenvolveu uma deficiência física, e o caminho intelectual parecia o mais seguro. Muito jovem já esteve na sala de aula ensinando, enquanto seguia cometendo poemas, publicando em sites da internet e também em jornal. Passou no concurso para professor do Instituto Federal e foi morar em Garopaba, vindo depois para a capital, Florianópolis, onde mora desde 2017.
Viegas já tem vários livros publicados alternando entre poemas e crônicas, mas não gosta muito de marcar sua palavra. Ele escreve, derrama as letras como forma de expressar seus sentimentos e também de narrar a vida que assoma no dia-a-dia.
Neste programa ele conta sobre sua trajetória e sobre os livros que foi publicado no curso da existência. No último sábado acabou de lançar dois deles, simultaneamente: um de poemas e outro de crônicas. Os livros estão à venda nos Deterrados.
As imagens são de Tasso Cláudio Scherer, com o apoio de Sérgio Vignes.
Projeto da Revista Pobres & Nojentas em parceria com a Livraria Desterrados, lançado em dezembro de 2024, apresentando entrevistas com escritores catarinenses. Neste episódio ouvimos o escritor Viegas Fernandes da Costa. Entrevista realizada no dia 12 de março de 2025.
Conversas em Tiradentes; Escritores; Desterrados: Revista Pobres & Nojentas
4 – Marlene de Fáveri – escritora
Marlene de Fáveri nasceu em Nova Veneza, no sul de Santa Catarina, tendo passado a infância na roça. Fez o segundo grau em Turvo e foi ali que descobriu o amor pelas palavras. Apaixonada pela biblioteca pública, sorvia os livros e sonhava com um mundo que ampliasse para além do seu quintal. Mesmo sem grandes recursos, a mãe insistiu que ela deveria seguir os estudos e foi assim que ela embarcou para a capital quando tinha 19 anos, para fazer uma faculdade. Ali, viu a vida descortinar imagens e emoções jamais vistas ou sentidas. Foi a deixa para que comece a escrever. Eternizar no papel suas dores, alegrias, medos, esperanças.
Depois de passar num concurso para a Acaresc, aqui como extensionista rural. Mais tarde decidi partir para o campo da docência, lecionando história. Fez mestrado, doutorado, deu aulas na Univali e ainda passou no concurso para professora na UDESC. Passou um bom tempo se dividindo entre as duas cidades, Itajaí e Florianópolis. Assim, entre ensinar e escrever foi tecendo a vida. Seu primeiro livro foi um livro de poemas, todo artesanal. Depois vieram outros e vieram também a luta feminista e a batalha contra o fascismo, expressa na ideologia da "Escola sem Partido". Hoje aposentada, segue escrita, sempre enredada no torvelinho da história, partindo do ponto de vista da mulher. E, num novo desafio, prepara seu primeiro romance.
Sua vida e sua obra são repassadas passo a passo neste turbilhão de memórias. Com imagens de Tasso Cláudio Scherer e iluminação de Sérgio Vignes.
Projeto da Revista Pobres & Nojentas em parceria com a Livraria Desterrados, lançado em dezembro de 2024, apresentando entrevistas com escritores catarinenses. Neste episódio ouvimos a escritora Marlene de Fáveri. Entrevista realizada no dia 18 de fevereiro de 2025.
Conversas em Tiradentes; Escritores; Desterrados: Revista Pobres & Nojentas
3 -Norma Bruno - escritora
Nascida no alto do Saco dos Limões, ela viveu sua infância comendo caqui, mirando a beleza do mar e ouvindo as histórias das avós. Vem daí sua paixão pela cidade e pelo narrar a vida. Guardou textos escritos na gaveta, abalou a vida, formado-se em História, sempre tendo apresentado a necessidade de dizer sobre a cidade e sobre as histórias que se entrelaçam nos corredores da vida, nas ruas, no ônibus, vistas desde a janela.
Lançou seu primeiro livro quando já tinha completado 50 anos e desde aí não parou mais. Não por acaso chamou-se "Minha Aldeia", a velha Desterro sempre revisitada pelos seus olhos. Cronista por verdade, ela também escreve poesia e já anda matutando desde há anos um livro bem especial que vai contar sobre o Miramar, este espaço quase mítico que avançou para o mar em frente à Praça XV e que foi destruído em nome de um progresso desengonçado.
Neste terceiro episódio do projeto "Conversas na Tiradentes", Norma fala sobre a sua vida e também sobre sua obra. As imagens são de Tasso Cláudio Scherer, com o apoio técnico de Sérgio Vignes. Uma conversa vibrante com uma mulher que ama a cidade.
Projeto da Revista Pobres & Nojentas em parceria com a Livraria Desterrados, lançado em dezembro de 2024, apresentando entrevistas com escritores catarinenses. Neste episódio ouvimos a escritora Norma Bruno. Entrevista realizada no dia 13 de janeiro de 2025.
Conversas em Tiradentes; Escritores; Desterrados: Revista Pobres & Nojentas
2 - Dino Gilioli - escritor
Dino Gilioli, nascido no interior do Paraná, na cidade de Leópolis, cresceu trabalhando na roça, ouvindo os passarinhos e percebendo o mundo ao seu redor. Vem daí a sua poesia, que busca a simplicidade do cotidiano. Passou por Curitiba, onde foi estudar e depois veio para Florianópolis, onde vive até hoje. Foi diretor do Sindicato dos Eletricitários, dirigindo o departamento de cultura. Também foi um dos principais articuladores do Movimento Unificado Contra as Privatizações (Mucap) cuja ação cultural circulou por todo o estado.
Neste episódio de Conversas na Tiradentes ele fala de como começou na poesia, seus escritores favoritos, o destino da literatura, seus livros e as novas tecnologias.
As imagens são de Tasso Cláudio Scherer. Apoio Técnico: Sérgio Vignes
1 - Urda Klueger, escritora
A Pobres e Nojentas começou há dois anos um projeto de preservação da memória dos repórteres que fizeram, e ainda fazem, a história do jornalismo em Santa Catarina. O trabalho registra as histórias de vida em vídeo e, nesse contar da vida, também vai desvelando o fazer jornalístico. E, agora, no apagar das luzes de 2024, a Pobres, em parceria com a Livraria Desterrados, começa um novo projeto de preservação da memória, desta vez com os escritores.
A ideia nasceu dos saraus literários promovidos aos sábados na Desterrados, sempre com a presença de algum escritor catarinense ou que fez deste estado o seu lugar. A intenção, então, um exemplo do que já faz com os jornalistas, é criar uma galeria de escritores e escritores contando de suas experiências e de suas obras.
A primeira entrevistada é uma das mais importantes escritoras de Santa Catarina, Urda Klueger, nascida em Blumenau, e que vive hoje na Enseada do Brito, em Palhoça. Romancista, cronista, contadora de histórias, com 27 livros publicados, ela nos recebeu em sua casa para dar a ponta pé inicial deste projeto.
As imagens foram colhidas por Tasso Cláudio Scherer e o apoio logístico ficou a cargo de Arnaldo Prudêncio. Em breve, o primeiro episódio desta nova série de papos, livros e conversas na Desterrados.
Fotos: Arnaldo Prudêncio e Tasso Cláudio
Projeto da Revista Pobres & Nojentas em parceria com a Livraria Desterrados, lançado em dezembro de 2024, apresentando entrevistas com escritores catarinenses. Neste episódio ouvindo a escritora Urda Klueger. Entrevista realizada no dia 06 de dezembro de 2024.
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