Ele nasceu, por obra do acaso, no Rio de Janeiro, mas só nasceu mesmo. O pai era da Marinha e estava por lá. A sorte é que logo em seguida foi mandado de volta e Alzemi viveu sua infância no bairro do Estreito. Foi na escola que tomou gosto pela leitura e pelos livros. Jovenzinho fez um curso de encadernador, pois achava bonito “curar” os livros. E o curso foi a sua porta de entrada para o mundo da biblioteca.
Não tinha nem 17 anos quando passou no concurso para encadernador da Biblioteca Pública e desde então nunca mais saiu de lá. Juntava a fome com a vontade de comer. Viver com os livros era tudo o que queria. Por isso mesmo fez a faculdade de biblioteconomia e passou por várias funções na biblioteca.
O cotidiano contato com a memória da cidade também despertou nele o desejo de vasculhar o passado, principalmente a memória de pessoas, fatos e lugares que não eram muito procurados. Foi assim que nasceu o livro “Memória do Abrigo de Menores”, contando a história esquecida de um lugar que faz parte da memória afetiva de Florianópolis.
Outro tema que lhe chamou atenção foi o carnaval e lá veio mais uma pesquisa de anos, que resultou na memória das sociedades carnavalescas e os carros de mutação.
Ele não se considera um escritor, prefere ser identificado como memorialista. E, de fato, é o guardião da memória da cidade, sempre atento aos temas que se escondem nas prateleiras e nos arquivos de computador. Ele olha para a cidade e vê o que ninguém vê. Aí ele pesquisa e desvela. Sua história e e a construção de sua obra estão narradas aqui.
Cláudio nasceu em Pelotas, Rio Grande do Sul, bem ao sul da grande Lagoa dos Patos. Cidade bastante conhecida por sua riqueza cultural. Música, literatura, teatro e cinema têm tradição por tudo. E Cláudio não ficou imune ao clima. Desde gurizinho, quieto e tímido, vislumbrava sombras pela janela de casa e já concebido em transformá-las em história. Fazer cinema era seu sonho.
Sem uma faculdade de cinema na cidade e sem muita possibilidade de sair de lá ele foi se arriscando no mundo das letras, cometendo poemas enquanto cursava jornalismo, o curso mais próximo do seu sonho.
E foi quando a empresa gaúcha RBS decidiu criar um jornal em Santa Catarina que ele, já formado, decidiu vir para Florianópolis. Nunca mais saiu e foi justamente aqui que começou a poesia fazer, desta vez com mais constância. Veja o primeiro livro e depois mais outros. O jornalismo dá conta da vida e a poesia alimenta a alma. Atualmente ele trabalha em parceria com o músico Marco Oliva, que transformou algumas de suas poesias em música no espetáculo Beba Poesia. Agora, ele também performa poesia no palco, junto com Marco Oliva, vencendo mais uma vez a timidez.
O trabalho poético de Cláudio Schuster, sua compreensão sobre a poesia e sobre a necessidade de um movimento cultural que extrapole as bolhas pode ser conhecido aqui em mais um episódio do projeto “Conversas na Tiradentes”, uma parceria da Pobres e Nojentas com os Desterrados.
Imagens de Tasso Cláudio Scherer.
12 – Raimundo Caruso – escritor
Raimundo Caruso é catarinense, nascido em Urussanga, no sul do Estado. Bem jovem foi estudar em Curitiba e lá na capital paranaense esteve em contato com rico movimento cultural movido por escritores de alto calibre. Fez a faculdade de jornalismo porque ele encantou a palavra.Mas, inquieto, veremos que conhecer era também andar pelos caminhos da América. Foi quando decidi pegar uma mochila e sair pelo mundo. Andou por vários países, coletando imagens e histórias que depois se transformaram em livros. Esteve por um tempo no Jornal O Estado, de Florianópolis, e passou pela UFSC, aonde deu aula.
Disposto a não se deixar prender por amarras, empregatícias decidiram voltar a viajar, desta vez com a intenção de entrevistar pessoas e contar as histórias, tendo como parceira, em muitos livros, sua esposa Mariléia Caruso. Assim, nasceram novos livros, sobre a Amazônia, os Açores, os jangadeiros do Ceará, a Bolívia, os automóveis. Ele acredita que uma entrevista é o suprassumo do jornalismo. Também já se aventurou no romance – tem três escritos.
É essa trajetória de vida e obra que o projeto “Conversas na Tiradentes” apresenta agora, com imagens de Tasso Cláudio Scherer, direção de fotografia de Sérgio Vignes e entrevista de Elaine Tavares.
11 – Raquel Ribeiro – escritora
Raquel Ribeiro veio ao mundo em Juiz de Fora, Minas Gerais, mas só nasceu. A mãe já morava no Rio de Janeiro, mas buscou ter Raquel junto aos pais que viviam em Minas. Logo em seguida ao nascimento, a família voltou para casa, em Botafogo, e foi lá que Raquel viveu até os 20 anos. Já bem menina ensaiava palavras escrevendo histórias em quadrinho, as quais buscava vender na rua.
O diário que recebeu de presente da avó foi o nascente de novas escritas. Todos os dias um texto. Por isso, quando chegou a hora de escolher a faculdade optou por Comunicação e Letras. Fazia as duas. Mas, ao conhecer um fotógrafo decidiu trancar Letras e encerrar de vez o curso de Comunicação para que pudessem trabalhar juntos. Seu caminho natural então foi o jornalismo, atuando em grandes projetos como a revista Ícaro, da Varig, sempre em parceria com Veiga, o fotógrafo.
Sua primeira história infantil nasceu quando morava em Porto Alegre. Sua intenção foi ganhar um prêmio literário. Não deu certo, então decidi engavetar o projeto. Mais tarde, já num novo casamento, foi viver no campo e lá surgiu uma nova história, a qual ela deu vida, publicando pela primeira vez. Desde aí, não parei mais. Seus temas tratam da natureza e da vida mesma. E alguns de seus livros também servem para os adultos discutirem temas difíceis com as crianças, como a morte e a doação de órgãos.
Morando em Florianópolis há nove anos Raquel continua observando o mundo com olhos cheios de alumbramento. As histórias seguem morando nela, ainda que agora fiquemos mais detalhados em divulgar o trabalho já feito. São sete livros publicados e caminhantes.
Neste episódio de Conversas na Tiradentes ela conta de sua vida, da relação com os ilustradores e de sua obra.
10 – Flávio José Cardozo – escritor
Falar em Flávio José Cardozo é dizer Santa Catarina. Seus escritos dão forma à vida que viceja e floresce em nosso estado. A vida das gentes trabalhadoras. Nos contos e nas crônicas o gurizinho de Lauro Müller, que entendeu o mundo a partir da verdura da serra do rio do rastro e que transbordou depois que viu o mar, centro o foco no povo, na gente comum. Suas palavras descortinam mundos e seus livros são como cântaros a transbordar beleza.Ele conta que quando era bebezinho, sua mãe, costureira, trabalhava com ele deitado em seu colo, e desde então seu corpo foi se familiarizando com a música provocada pelo rodar da roda da máquina de costura. E esse ritmo foi se expressando na construção das palavras que vão se juntando como uma orquestra afinada. “Não fosse escritor, queria ser músico”, diz. O fato é que se a mão não tocou nenhum instrumento musical, arrancou com força a máquina de escrever. E o resultado sempre foi a pura formosura.
Neste vídeo trazemos alguns recortes da vida e da obra do premiado e amado escritor catarinense. A infância em Lauro Müller, o seminário, a vinda para Florianópolis, o trabalho na Revista Globo de Porto Alegre, a direção da Imprensa Oficial Catarinense, seu ofício de escritor, tudo narrado com humor e ternura. Flávio ainda fala da literatura catarinense e dos novos tempos. Hoje, aos 87 anos, aposentou a pena e vive sereno, entre pássaros e livros, na perfeição de Santo Antônio de Lisboa, com Isabel, seu amor. Seu legado, “uns livrinhos”, ilumina a literatura catarinense.
O vídeo tem imagens de Tasso Claudio Scherer, com apoio de Marco Scherer.
A cidade conservadora do interior paulista, Presidente Prudente, tinha horizontes muito reduzidos para um garoto em ebulição como o Paulino Júnior. Mas, ele descobriu o rock'n'roll, espaço seguro de rebeldia e criação. E foi nesse campo, o da música, que ele ensaiou os primeiros passos da escrita. Não estou satisfeito em criar grupos Paulino escreveu suas próprias canções. Nesse ensaio, foi dando corpo para sua escritura. O tempo passou e ele saiu em busca de conhecimento para uma possível carreira de professor. Fez faculdade, mestrado, e caminhou por aí, na vereda universitária.
Foi então que apareceu a oportunidade de vir para Florianópolis junto com a esposa. Uma reviravolta na vida. E assim nasceu o escritor. Paulino entendeu que era tempo de abrir passo para o que já borbulhava dentro dele há tempos. Desistiu do trabalho formal e dedicou-se a escrever. “Por isso, Santa Catarina é a mãe do escritor”, diz. Desde então, e lá se vão 20 anos, ele vem burilando seus contos, centrados na realidade dos trabalhadores.
Não poderia ser diferente. Paulino é comunista e militante. Está na vida para travar lutas e esgrimir palavras. Foi cronista do Notícias do Dia e já publicou quatro livros. Dois de contos, um de crônica e outro, artesanal, que contém um conto. Seu tema é a vida mesma, da gente que trabalha. Neste vídeo, com imagens de Tasso Claudio da Silva e direção de Sérgio Vignes, ele fala de literatura, conta da sua vida e da sua obra, sempre em construção.
Projeto da Revista Pobres & Nojentas em parceria com a Livraria Desterrados, lançado em dezembro de 2024, apresentando entrevistas com escritores catarinenses. Neste episódio ouvimos o escritor Paulino Júnior. Entrevista realizada no dia 19 de junho de 2025.
Conversas em Tiradentes; Escritores; Desterrados: Revista Pobres & Nojentas
8 – Cristina Santos – escritora
Cristina é mineira de nascimento, mas criou-se em Niterói, Rio de Janeiro, onde estudou e iniciou seu trabalho como pesquisadora, bióloga e primatóloga. Veio para Florianópolis há mais de 25 anos e foi aqui que passou a escrever livros informativos para a infância. Sua intenção sempre foi a de levar o conhecimento científico para as crianças, ajudando assim a compreensão da necessidade da preservação da natureza. Seu trabalho sobre os biomas de Santa Catarina, a natureza da ilha de Santa Catarina, os passarinhos e roteiros originais sobre a cidade rodam o país todo, sendo referência no campo do livro informativo. E serve tanto para crianças como para adultos.
Cristina acredita que para proteger a flora, a fauna e toda a abundante diversidade brasileira é preciso antes de conhecer em profundidade aquilo que nos cerca. Para ela, a natureza não é um cenário descolado da vida humana. Tudo está em ligação e equilíbrio. Neste vídeo ela fala do seu trabalho e também mostra a preocupação com o avanço alucinado da capital sobre o meio ambiente. Venha passear conosco nessa viagem educativa para conhecer um pouco mais da realidade do nosso estado e do país.
As imagens são de Tasso Claudio Scherer, com o apoio de Sérgio Vignes.
Foi mãe bem novinha, mas nunca deixou de trabalhar. Seguindo o caminho da escrita e da literatura formou-se em Letras e continuou ensinando. Depois, passou em um concurso público para a Justiça do Trabalho e foi aí que abandonou a sala de aula, embora a literatura seguisse no horizonte ao convocar. Em 1999 mudou-se para Florianópolis e decidiu voltar a dar aula. se inseriu na cena cultural da cidade promovendo cursos de redação, criando a Oficina da Palavra, projeto que já dura 15 anos. Esse processo de envolvimento com a criação literária levou à ideia de uma revista que pudesse reunir artigos, crônicas, poesias e ensaios. Junto com o filho Ítalo, que faz a parte gráfica, ela coordena esse trabalho há cinco anos.
Cyntia, além de coordenar a revista Texturas e manter a Oficina da Palavra, promovendo a escrita e a leitura, também comete poesias. Não bastasse criar mundos com as palavras ela ainda escreve com luz, amalgamando o discurso com a imagem que procura incessantemente. Sua história e seu trabalho você conhece agora.
A filmagem é de Tasso Cláudio Scherer com apoio do fotógrafo Sérgio Vignes.
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