quinta-feira, 20 de julho de 2023

Projeto mapeia experiências de jornalismo ambiental em Santa Catarina



Por Míriam Santini de Abreu

Em seis de janeiro do ano passado, postei um recado no meu perfil do Facebook: “Estou em busca de subsídios para um artigo sobre a história do jornalismo ambiental em Santa Catarina. Jornalistas, veículos e experiências. Quem se lembrar de nomes nas três vertentes posta aqui!”. Não tive respostas. De lá para cá, venho pesquisando o assunto e apareceu a vontade de ampliar a possibilidade de respostas. Daí surgiu o projeto “Jornalismo Ambiental em Santa Catarina: teorias e práticas”, da equipe da Revista Pobres e Nojentas, que desenvolve também o “Projeto Repórteres SC”.

Nas pesquisas prévias, não encontramos editorias específicas sobre o tema, exceto a experiência do ANVerde, de A Notícia, mas muitos e muitas colegas, em suas trajetórias profissionais, escreveram e escrevem sobre temas e abordagens que caracterizam o chamado jornalismo ambiental. Já convidamos 11 colegas para participar do e-book (talvez a ser impresso!) contando sua experiência e estamos em busca de mais contatos.

O tema me interessa desde os anos 1990. Fiz especialização em Educação e Meio Ambiente na UDESC e o mestrado foi na Geografia da UFSC para pesquisar o discurso jornalístico do desenvolvimento sustentável, publicado em livro pela editora da universidade em 2006. No doutorado, pesquisei o espaço no jornalismo e, no pós-doutorado em Antropologia Social da UFSC, analisei 10 anos de cobertura do jornal Notícias do Dia sobre os conflitos de uso da rua no Centro de Florianópolis para a produção de dois artigos em andamento. Em 2007, como professora substituta no Curso de Jornalismo da UFSC, propus e ofertei a disciplina optativa “A relação sociedade-natureza no texto jornalístico”. 

Atualmente integro o Núcleo de Ecojornalistas do Rio Grande do Sul (NEJ), o mais antigo do país, e o Grupo de Pesquisa em Jornalismo Ambiental (FABICO/UFRGS), coordenado pela professora Ilza Maria Tourinho Girardi, em que faço parte da equipe que produz análises semanais da cobertura ambiental via Observatório de Jornalismo Ambiental. Pelo NEJ, dentro do “Projeto Ambientalistas do Sul – Memória e História”, com as jornalistas Eloisa Loose e Vera Damian, entrevistamos ambientalistas que participaram da consolidação da temática na região Sul do Brasil. Fiz oito entrevistas com ambientalistas catarinenses e uma live sobre o papel do Movimento Ecológico Livre (MEL) na história de lutas em defesa do ambiente em Florianópolis, com cinco participações. Em 2020, organizei o livro “A rebelião do vivido no jornalismo independente de Florianópolis” (Pobres & Nojentas; Letra Editorial), que traz histórias estreitamente relacionadas com as lutas ambientais. Ainda em julho vamos lançar uma publicação sobre a atualidade da obra do jornalista Marcos Faerman, nosso mestre, que deixou um legado magistral de grandes reportagens sobre o tema.

A jornalista Elaine Tavares também há décadas cobre as lutas ambientais em Santa Catarina. O seu blog Palavras Insurgentes teve a primeira postagem em 4 de outubro de 2007. Ele foi uma atualização do blog Jornalismo Amoroso e de Libertação, criado em 2004, dentro do sítio Comunique-se. Quando o Comunique-se extinguiu os blogues, ela então migrou para o Blogspot, onde cunhou o Palavras Insurgentes, tendo como foco principal a luta dos trabalhadores e a discussão sobre a cidade. E, nesse tema, pautas como a devastação das florestas, o mau uso da água e os conflitos em torno do plano diretor foram sistematicamente narrados através de notícias e reportagens em texto e vídeo. Esses assuntos também apareceram na revista impressa Pobres & Nojentas, que circulou entre 2006 e 2013 com 30 edições e hoje continua em blog.

É hora de começar a organizar essas e outras histórias para que estudantes de jornalismo e profissionais em início de carreira as conheçam e deem continuidade e aprofundem o estudo e a prática do jornalismo ambiental em Santa Catarina, onde assunto não falta, ainda mais com a crise climática. Seguimos!





segunda-feira, 17 de julho de 2023

Mario Medaglia, repórter

 





Fotos: Miriam Santini de Abreu

Foi na casa onde está a Fundação Cultural Badesc, construída nos anos de 1920, que o jornalista Mário Medaglia concedeu a décima entrevistado ao projeto Repórteres SC. Antes de iniciar a conversa, ele gentilmente entregou à equipe um exemplar de seu livro de memórias, intitulado "O menino que corria atrás da notícia", pela Editora Insular, lançado em 2021, com capa ilustrada por Edgar Vasques.

Fazia tempo que os amigos instigavam Mário a contar sua história com o jornalismo. Ele achava que não levava jeito, mas um dia começou a escrever e o livro nasceu. O título e a ilustração de capa fazem alusão a um fato da meninice de Mário, quando ele e a garotada procuravam em meio à vegetação a carga que era lançada por um pequeno avião no balneário Rondinha Velha, no litoral gaúcho. A carga era o vespertino Folha da Tarde, jornal tabloide da Cia. Caldas Júnior que era vendido aos veranistas.

Conhecido pela cobertura esportiva, foi nela que Mário iniciou no jornalismo, como repórter da Editoria de Esportes do jornal Zero Hora. Em 1971, quando terminava a graduação em jornalismo na Faculdade dos Meios de Comunicação Social da PUC-RS,  fez parte da equipe que fundou o Jornal de Santa Catarina, em Blumenau. Em 1972, veio para Florianópolis e na capital catarinense atuou como repórter, editor, correspondente, comentarista e colunista. Também foi assessor da Fundação Catarinense de Esporte (Fesporte) e membro do Conselho Estadual do Esporte. Na entrevista, ele também fala de sua passagem por Brasília, onde trabalhou na assessoria do Banco Nacional de Crédito Cooperativo e como chefe de redação na RBS TV.

Das coberturas que marcaram sua trajetória, Mário cita o acidente aéreo ocorrido em abril de 1980 envolvendo um avião da Transbrasil, as grandes enchentes em Santa Catarina e saborosos episódios dos Jogos Abertos de SC, que cobria em diferentes cidades, sendo o jornalista esportivo Juca Kfouri uma de suas referências profissionais. Ele também fala sobre as experiências, em diferentes órgãos, como assessor de imprensa.

O cuidado com a memória do jornalismo catarinense é parte do currículo de Mário e aparece na entrevista. Ele é coautor do livro "O ESTADO – 100 Capas", e cronista do livro "Loucos e Memoráveis Anos – O Centenário do Jornal O ESTADO", ambos de 2015, no qual há textos de destacados jornalistas do estado.

Na conversa com a equipe do projeto, Mário aborda ainda o etarismo – a discriminação por idade – na profissão e nas redações, fato que contrasta com o período no qual a experiência obtida por anos de fazer jornalístico era valorizada entre os colegas e, em especial, por quem iniciava na profissão. A entrevista é mais uma aula de jornalismo por um jornalista que segue ativo nas redes sociais. 

As imagens são de Felipe Maciel Martínez, com fotos de Míriam Santini de Abreu.


quarta-feira, 12 de julho de 2023

Projeto Repórteres SC entrevista o jornalista Mário Medaglia









O décimo entrevistado do projeto Repórteres SC é o jornalista Mário Medaglia, gaúcho que construiu sua trajetória entre Porto Alegre, Blumenau, Brasília e Florianópolis e, em 2021, lançou um livro de memórias intitulado "O menino que corria atrás da notícia", pela Editora Insular. A ilustração da capa, de Edgar Vasques, alude a um fato saboroso que Mário conta no início da conversa.

Ele aborda as experiências em diversos veículos de comunicação, com destaque para o início das atividades do blumenauense Jornal de Santa Catarina, do qual foi um dos fundadores, no ano de 1971.

O jornalista também atuou como assessor de imprensa em diferentes órgãos e se destaca na cobertura esportiva como repórter, comentarista e colunista.

O cuidado com a memória do jornalismo catarinense é parte do currículo de Mário, co-autor do livro “O ESTADO – 100 Capas”, e cronista do livro “Loucos e Memoráveis Anos – O Centenário do Jornal O ESTADO”, no qual há textos de destacados jornalistas do estado, ambos de 2015.

Na gravação, feita na Fundação Cultural Badesc, que gentilmente cedeu o espaço no especial cuidado de Denilson e Augusto, as imagens são de Felipe Maciel Martínez, fotos de Míriam Santini de Abreu. Entrevista em breve!

quinta-feira, 6 de julho de 2023

Dario de Almeida Prado Jr, repórter

Foto: Rosane Lima

A entrevista desta edição do Repórteres SC traz as memórias de Dario, nascido em Lins, São Paulo, e que escolheu Florianópolis para trabalhar e viver. Vindo de família tradicional no Brasil, teve boa formação escolar e bem cedo se apaixonou pela leitura. Esse caminho pelo mundo dos livros lhe aprimorou a escrita. Com 15 anos chegou a São Paulo. Era o ano de 1967 e logo já foi trabalhar como office boy no Conselho Regional de  Representantes Comerciais. Mais tarde, foi na Revista Veja que começou seu caminho na reportagem, aos 17 anos, sob o comando de Mino Carta. 

Tentou o Curso de Administração, mas não deu para a coisa. Abandonou. E assim, com 20 anos de idade foi convidado para vir para Santa Catarina trabalhar com Sérgio da Costa Ramos. Topou na hora e veio para o jornal O Estado onde baixava a página de Internacional numa época grandiosa do "mais antigo".

Foi uma longa jornada no campo do texto, como repórter especial e criador de projetos, e foi só bem mais tarde que a fotografia entrou na sua vida como uma opção profissional. Uma câmera Canon e um empréstimo no Besc foram as chaves para essa nova função na carreira. Foi trabalhar na Telesc, fotografando projetos de telefonia rural e fazendo as capas da Listel. A vida naqueles dias era uma usina atômica, com o renascimento do movimento estudantil de Santa Catarina que culminou com a Novembrada. Dario estava metido nisso, fotografando e militando. 

Também participou da produção de um documentário sobre o Contestado fazendo o making off e inventariando o trabalho de fotografia. Foi um momento incrível para Dario porque nesse trabalho vai conhecer gente que participou do conflito. "Um povo que só queria vida digna", se emociona. É o único documentário que tem depoimento dos combatentes.

Dario teve a sorte de estar no lugar certo em momentos importantes da história e soube aproveitar todas as oportunidades que surgiram. A bebida foi uma pedra no caminho e causou reveses, mas, ele deu a volta por cima e segue fazendo coisas, criando, fotografando, lendo e vivenciando as maravilhas do mundo. Essa estrada de mais de 70 anos vividos, com quase 60 dedicados ao jornalismo e a reportagem é a que vocês vão conhecer agora. 


domingo, 2 de julho de 2023

Dario de Almeida Prado Jr é o nono entrevistado do Projeto Repórteres SC







Fotos: Rosane Lima

A conversa com Dario de Almeida Prado Jr foi na Praça dos Bombeiros, um dos espaços mais aprazíveis do centro da cidade. Sob a sombra de velhas árvores Dario recordou a sua longa caminhada no jornalismo de texto e de foto. Nascido em uma família de tradição, na cidade de Lins, São Paulo, bem cedo ele decidiu abrir seus caminhos, buscando autonomia. Tinha 17 anos quando conseguiu seu primeiro emprego em São Paulo. Em pouco tempo já estava na redação e logo em seguida surgiu o convite para vir para Santa Catarina, também para trabalhar em jornal. "Vai e seja feliz, meu filho", disse a mãe quando ele aceitou esse desafio. Lembranças que fizeram Dario se emocionar.

Aqui em Santa Catarina só não fez chover, trazendo sempre novidades por todos os lugares por onde passou, criando jornais, inventando moda, produzindo documentários. Trabalhou com figuras históricas do jornalismo local como Bonson, Sérgio da Costa Ramos, Eloy Galloti, Nelson Rolim e outros. Leitor contumaz, homem de cultura, amante das artes, sempre conseguiu dar profundidade e contexto histórico aos textos que escrevia e quando passou a trabalhar com a fotografia também levou para esse fazer todo o conhecimento que amealhou nos livros e na troca generosa com parceiros ilustres.  

Na conversa com a equipe da Pobres e Nojentas, Dario contou de suas andanças, de sua história no jornalismo, da paixão pela fotografia, da queda no alcoolismo e da superação. Inquieto desde sempre ele continua estudando, lendo, aprendendo, vendo filmes, escrevendo, pensando a realidade. Conversar com ele é passear pela história mesma do jornalismo brasileiro. Um galope feito com delicadeza e paixão. E, em cada história, aquele brilho nos olhos de quem verdadeiramente ama o que faz.

Em breve, o vídeo. Um relato fascinante de um homem fascinante. 

Aguardem!