Míriam Santini de Abreu
Quando eu era adolescente, às vezes me arrumava para sair com as amigas e perguntava ao meu pai:
- Estou bonita?
E ele:
- Minha filha, tão bonita quanto Luz del Fuego.
Segundo ele, era uma dançarina famosa quando ele era jovem.
Pois na Playboy de Fallaci não é que está na capa a, como diz a revista, “gloriosa nudez de Lucélia Santos” no filme em que ela interpreta Luz del Fuego!?
Quando comprei a revista, não recordei do comentário do pai, que veio à tona somente agora, quando mais uma vez reli a entrevista, e assim fui pesquisar sobre Luz del Fuego. Que mulher maravilhosa! Décadas à frente de seu tempo, obviamente, como todas as mulheres à frente de seu tempo, foi incompreendida, rotulada e, com o fim da juventude, explorada e assassinada. Os amigos a alertavam sobre os perigos que corria, e ela respondia: “Eu sou uma Luz que não se apaga”.
E não se apagou. Que lindo! Essa eu fico devendo ao pai!
E é preciso dizer também que Lucélia, nua antes da invenção do Photoshop, está linda no ensaio fotográfico, envolta em cobras (Luz fazia espetáculos com duas jibóias), os seios pequenos e delineados pelas costelas, o púbis, um V perfeito de fartos pêlos negros. E há uma foto dela, dupla, com o ator que, no filme, interpreta um de seus últimos amores. Ela, deitada sobre uma esteira de palha, e ele com o peito sobre o ventre dela, a boca próxima ao seio. Mas linda é a expressão do rosto de Lucélia, sorrindo, como quem sente cócegas, os cabelos soltos, espalhados, um flagrante autêntico, parece. Imagem bela, bela como foi Luz del Fuego.
Veja Luz del Fuego em:
http://www.youtube.com/watch?v=BB4gLHepoJA&feature=watch_response
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