quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Senador de identidade nova


Míriam Santini de Abreu

Fazia meses que não víamos o Senador. Pensamos nós: ele deve estar em campanha. Pois eis que nesta quinta topo com ele na frente do Angeloni da Rio Branco. Cumprimentou-me e falou de suas relações com Al Capone, de quem locou um cassino em Las Vegas. E, para minha alegria, ele conseguiu uma carteira de identidade nova em folha!
O caso é o seguinte: o Senador usava uma fotocópia velha de uma identidade há muito perdida para dar confiabilidade a todos os seus manifestos. Mas precisava de um original. Ligamos para o cartório em Lauro Muller, mas informaram que o nome do nosso Senador não constava nos arquivos de lá.
Pois alguém conseguiu apurar que sim. O Senador, em visita ao nosso serviço nessa tarde, logo depois do encontro no Angeloni, contou que uma certa pessoa deu a ele 200,00 para ir a Lauro Muller obter a certidão de nascimento (ele conseguiu!). Depois, bastou fazer o RG em Florianópolis. Que alegria a do nosso Senador!
Agora ele tem um novo desejo: ir ao Rio, São Paulo e Brasília levar seus manifestos. Em Brasília, quer encontrar a cúpula do Superior Tribunal de Recursos (!) porque, segundo ele, recursos são o mais importante, têm poder, mais do que Dilma Rousseff. A presidenta, disse ele, é muita boazinha, muito articulada, ajudou muito professores “caidinhos” da UFSC (sim, ele disse “caidinhos”), mas não chega à altura do Superior Tribunal de Recursos.
Perguntamos se não bastava Brasília, mas ele diz que chegar assim, sem mais, na capital federal, sem passar por Rio e São Paulo, vai tirar todo o impacto de sua visita. Já planejou levar várias sacolas com seus manifestos e documentos. Agora, concluiu o Senador, falta apenas dinheiro.

Demais, o Senador!

Resgate da cultura negra, debate e homenagem à militante e diretor da Fenasps no 20 de novembro em Florianópolis

Por Marcela Cornelli

Para marcar o Dia Nacional da Consciência Negra, entidades sindicais realizaram no dia 20 de novembro, diversas atividades culturais e políticas em Florianópolis. Pela manhã, foram realizadas atividades em frente à Catedral Metropolitana, no Centro da Capital, com apresentação de grupos de dança e hip-hop. Também foram distribuídas cartilhas sobre a anemia falciforme, alertando para as especificidades da saúde da população negra.
À noite, movimentos sindicais e sociais e estudantes se reuniram para participar do debate “O Negro na telenovela brasileira”, com o professor do Departamento de Estudos Sociais da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Ivo Pereira de Queiroz, também militante do Movimento Negro Unificado (MNU).

A ideia de colonialidade
“São 400 anos de racismo e dominação e de desprezo às culturas e saberes da população negra. O primeiro trabalhador do Brasil foi o negro. 12 milhões de vidas foram gastas para construir o Brasil e agora reclamam que o garoto negro quer uma cadeira na universidade”, disse o professor Ivo Pereira de Queiroz.  “A ‘colonialidade’ ficou”, defende o professor, referindo-se à dominação de ideias e preconceitos que permanecem até hoje desde a época do colonialismo. “As pessoas morrem, mas as ideias permanecem nas mentes, corações e nas instituições”.

“Eles já fizeram o contrato com e para quem vão governar”
Na opinião do professor, “hoje vivemos em uma sociedade de aparências e quem produz fica do lado de fora. É uma sociedade do consumo e da alienação. Os valores e tradições são regulados pela colonialidade. No governo não é diferente. Os governantes eleitos foram financiados pelas mesmas empresas. Eles já fizeram o contrato com e para quem vão governar”.

O negro e as mulheres na TV
“Na TV as mulheres são transformadas em coisas. Há racismo e inferiorização da gente negra. A mulher negra sofre ainda mais. Há o estereótipo de que a mulher branca é para casar e para cozinhar e a mulata para fornicar”, diz o professor. “Por isso, a lei que deu mais direitos às empregadas domésticas foi tão combatida. A colonialidade está no imaginário como se fosse um vírus. No desenho animado, por exemplo, a cor do mal é sempre escura”.
O professor citou o exemplo de vários atores negros que tiveram papéis na TV associados ao consumo do álcool, sem dentes e engraçados e/ou mal tinham falas no seu papel, na maioria das vezes retratados como empregadas domésticas, motoristas e/ou seguranças da elite branca. Para o professor, houve algumas mudanças, isso graças à pressão dos movimentos negros, porém ainda estamos muito aquém do necessário. “Até discutem a maior participação de negros nas novelas, por exemplo, mas não discutem o conteúdo”.  As TVs visam o consumo e não avançam em determinadas questões para não desagradar o público e consequentemente seus patrocinadores. “Dependendo do que o público pensa eles mudam o enredo”, observou Queiroz.

O monopólio das comunicações
“O monopólio das TVs é tão naturalizado. Não se pode ser inocente, tudo tem um propósito, uma intencionalidade. Desmistificar o consumo das ideias é sadio. Precisamos aprender a ficar resistentes ao que os meios de comunicação nos mostram como verdades”.

O papel dos sindicatos
“A injustiça social só desaparecerá quando vencermos a injustiça entre as classes”, enfatizou o professor. Para ele, dentro desta perspectiva o papel do sindicato é fundamental na discussão com os trabalhadores e as pautas sindicais devem avançar para além das discussões das categorias. Se isso não for feito não haverá mudanças.

Homenagem ao Diretor da Fenasps e do movimento negro
Ao final do debate foi feito menção e homenagem, pelo movimento negro de Santa Catarina e por todos os presentes, ao militante do movimento negro do Rio de Janeiro, Manoel Crispim Clemente Flores, servidor do INSS e ex-dirigente da Fenasps, do Sindsprev/RJ e da coordenação nacional da CSP-Conlutas (Central Sindical e Popular), que faleceu nesta quarta-feira, 5 de novembro, vítima de um acidente de carro. Crispim dedicou sua vida à luta dos trabalhadores da seguridade social, ao combate à discriminação racial e à construção de uma sociedade com justiça social.

Participam da organização dos eventos no dia 20 de novembro em Florianópolis as seguintes entidades: Sindes, Sindprevs/SC, Sinte, Sinergia, Sintrasem, Sintrafesc e o Movimento Negro Unificado (MNU).

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Celebração do Dia do Saci

Atividade realizada na Esquina Democrática, em Florianópolis, no dia 31 de outubro de 2014. O Dia do Saci é celebrado desde há 11 anos na cidade, numa promoção da Revista Pobres e Nojentas, com o apoio do Sintufsc, Sintrajusc, Sindprevs e Sinergia.