Por Míriam Santini de Abreu
Em seis de janeiro do ano passado, postei um recado no meu perfil do Facebook: “Estou em busca de subsídios para um artigo sobre a história do jornalismo ambiental em Santa Catarina. Jornalistas, veículos e experiências. Quem se lembrar de nomes nas três vertentes posta aqui!”. Não tive respostas. De lá para cá, venho pesquisando o assunto e apareceu a vontade de ampliar a possibilidade de respostas. Daí surgiu o projeto “Jornalismo Ambiental em Santa Catarina: teorias e práticas”, da equipe da Revista Pobres e Nojentas, que desenvolve também o “Projeto Repórteres SC”.
Nas pesquisas prévias, não encontramos editorias específicas sobre o tema, exceto a experiência do ANVerde, de A Notícia, mas muitos e muitas colegas, em suas trajetórias profissionais, escreveram e escrevem sobre temas e abordagens que caracterizam o chamado jornalismo ambiental. Já convidamos 11 colegas para participar do e-book (talvez a ser impresso!) contando sua experiência e estamos em busca de mais contatos.
O tema me interessa desde os anos 1990. Fiz especialização em Educação e Meio Ambiente na UDESC e o mestrado foi na Geografia da UFSC para pesquisar o discurso jornalístico do desenvolvimento sustentável, publicado em livro pela editora da universidade em 2006. No doutorado, pesquisei o espaço no jornalismo e, no pós-doutorado em Antropologia Social da UFSC, analisei 10 anos de cobertura do jornal Notícias do Dia sobre os conflitos de uso da rua no Centro de Florianópolis para a produção de dois artigos em andamento. Em 2007, como professora substituta no Curso de Jornalismo da UFSC, propus e ofertei a disciplina optativa “A relação sociedade-natureza no texto jornalístico”.
Atualmente integro o Núcleo de Ecojornalistas do Rio Grande do Sul (NEJ), o mais antigo do país, e o Grupo de Pesquisa em Jornalismo Ambiental (FABICO/UFRGS), coordenado pela professora Ilza Maria Tourinho Girardi, em que faço parte da equipe que produz análises semanais da cobertura ambiental via Observatório de Jornalismo Ambiental. Pelo NEJ, dentro do “Projeto Ambientalistas do Sul – Memória e História”, com as jornalistas Eloisa Loose e Vera Damian, entrevistamos ambientalistas que participaram da consolidação da temática na região Sul do Brasil. Fiz oito entrevistas com ambientalistas catarinenses e uma live sobre o papel do Movimento Ecológico Livre (MEL) na história de lutas em defesa do ambiente em Florianópolis, com cinco participações. Em 2020, organizei o livro “A rebelião do vivido no jornalismo independente de Florianópolis” (Pobres & Nojentas; Letra Editorial), que traz histórias estreitamente relacionadas com as lutas ambientais. Ainda em julho vamos lançar uma publicação sobre a atualidade da obra do jornalista Marcos Faerman, nosso mestre, que deixou um legado magistral de grandes reportagens sobre o tema.
A jornalista Elaine Tavares também há décadas cobre as lutas ambientais em Santa Catarina. O seu blog Palavras Insurgentes teve a primeira postagem em 4 de outubro de 2007. Ele foi uma atualização do blog Jornalismo Amoroso e de Libertação, criado em 2004, dentro do sítio Comunique-se. Quando o Comunique-se extinguiu os blogues, ela então migrou para o Blogspot, onde cunhou o Palavras Insurgentes, tendo como foco principal a luta dos trabalhadores e a discussão sobre a cidade. E, nesse tema, pautas como a devastação das florestas, o mau uso da água e os conflitos em torno do plano diretor foram sistematicamente narrados através de notícias e reportagens em texto e vídeo. Esses assuntos também apareceram na revista impressa Pobres & Nojentas, que circulou entre 2006 e 2013 com 30 edições e hoje continua em blog.
É hora de começar a organizar essas e outras histórias para que estudantes de jornalismo e profissionais em início de carreira as conheçam e deem continuidade e aprofundem o estudo e a prática do jornalismo ambiental em Santa Catarina, onde assunto não falta, ainda mais com a crise climática. Seguimos!
Um comentário:
Parabéns pela iniciativa de vcs. Mais uma vez contando, registrando a história do jornalismo de SC. Vcs fazem parte dessa história. Obrigada!
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