domingo, 9 de agosto de 2009

Estradeira

Míriam Santini de Abreu

Estava em Porto Alegre e nem sabia com exatidão onde ficava Joinville, mas foi lá que desembarquei em 1995 para trabalhar. Foi amor à primeira vista, intenso, sob um maio quente, um Maio de Joinville. Eu visitava minha família em Caxias, mas mal completava o primeiro dia e eu já desejava voltar para aquele “mangue horrível”, como dizia minha amiga R., que odiava Joinville tanto quanto eu amava.
Pois lá, já em 1997, dividi apartamento com duas moças. Uma delas me contou que era do Paraná e havia morado em Rondônia, mas também desembarcara em Joinville por um motivo incomum: a cidade aparecera na novela "Ana Raio e Zé Trovão", da extinta rede Manchete, e ela, assim que viu o “mangue”, decidiu: moraria ali. Apaixonou-se também.
Eu vi a novela, cuja história eu e o meu amigo Samuel esmiuçávamos nas viagens diárias de Caxias para São Leopoldo para fazer faculdade. A trilha sonora eu conhecia de cor, e levei para Joinville uma fita cassete com todas as músicas. A fita se perdeu, e eu não me lembrava mais dos títulos nem dos intérpretes. Mas eis que, de bobeira, passados mais de 10 anos, encontro no YouTube as três de que mais gostava! Que alegria!
A primeira delas é música de rodeio, estilo do qual não gosto, mas essa em particular eu ouvia sem cansar. Há um trecho que evoca esses desejos estradeiros que eu tenho. De carro, de ônibus, eu embarco com gosto, naquela entrega que só passageiro conhece, à paisagem, aos pensamentos fugidios, ao torpor das horas:

A estrada ensinou/
o que eu sei, o que eu sou/
minha vida, minha sorte/
essa estrada mudou.


Aí vão elas:

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