Míriam Santini de Abreu
Visitei a Mostra Internacional de Instrumentos de Tortura da Idade Média, que está no porão do Teatro Álvaro de Carvalho, no Centro de Florianópolis. É até banal dizer isso, mas os pêlos do corpo se eriçam quando a gente vê tão cruamente os objetos que dão vazão à capacidade humana de provocar dor de forma deliberada. Estão ali, expostos, encontrados em vários lugares na Europa. Peças em ferro e madeira, madeira de até 15 centímetros de espessura – calculo – feitas sob medida para arrasar o corpo da forma mais dolorosa possível.
O acesso ao porão do TAC onde está a exposição se dá por um corredor estreitíssimo, de causar um nó na garganta dos claustrofóbicos. E no ar um cheiro espetacular de mofo... Senti-me numa catacumba. Ao ler a última placa informativa sobre os horrores dolorosos provocados pelo instrumento de tortura mais próximo à porta, só pensava em sair dali.
E da Idade Média para cá, tudo continua como dantes, mas sob diferentes formas, em todas as partes do mundo. Ano passado li “Autópsia do medo”, do jornalista Percival de Souza, um estudo sobre o temido delegado Sérgio Paranhos Fleury, do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), máquina de tortura na ditadura militar. Fatos de 40 anos atrás. E há que se citar as torturas contra prisioneiros na prisão iraquiana de Abu Ghraib e na base militar dos EUA em Guantánamo. E tantas outras.
A Mostra vai até abril, das 13h às 19h, de terça a domingo. O ingresso é de R$ 6,00.
Na imagem, folheto de divulgação da Mostra.
Um comentário:
Fui ver a Mostra Internacional de Instrumentos de Tortura da Idade Média, que está no porão do Teatro Álvaro de Carvalho, no Centro de Florianópolis. Por um momento tive nojo vergonha e revolta de mim mesma, em saber que um dia já fui católica praticante. Mas depois de sai de lá sem rumo sentei ao lado do teatro e chorei bastante e, fiquei mais conformada porque entendi que não tive culpas de nascer eu uma família católica. Mais posso afirmar que depois do dia que estive lá, muitas lagrimas já percorreram meu rosto, em saber que pessoas seres humanos como eu passaram por aqueles tipos de torturas, onde perderam partes de seus corpos e, muitos perderam a própria vida.
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