domingo, 27 de abril de 2008

P&N na América Latina 2






Destino: Macchu Picchu, no Peru
Santa Cruz – La Paz e Tiwanaku

Marcela Cornelli

Jornalista da P&N

Depois de 24 horas num ônibus pelo interior da Bolívia chegamos a uma das principais cidades do país, Santa Cruz de La Sierra – que, apesar de seus muros pichados em defesa de Evo Morales, tem sido palco, atualmente, de enfrentamentos, por parte de uma elite que não representa a grande maioria do povo boliviano, ao governo de Evo. Santa Cruz foi fundada em 1560 pelos espanhóis e fica no Centro da Bolívia, tendo uma população de mais ou menos 1.500 milhão de habitantes. É em Santa Cruz que inicia o Gasoduto Brasil-Bolívia.

Em Santa Cruz tudo é muito urbano, a cultura indígena aimara e quéchua que se vê pelo interior da Bolívia agora desaparece em meio a uma cultura mais americanizada, com muito comércio, caixas eletrônicos pelas calles, várias opções de hotéis e restaurantes pelo centro da cidade, lanchonetes parecidas com o MacDonalds, porém com nomes bem peculiares como o “El Rey del Pollo”. Aliás na Bolívia há muita carne de frango e batatas (pollo e papas) e massas (pasta), são comidas baratas e dão sustância para a viagem. Ah, já ia esquecendo dos sorvetes, que também são opções baratas e deliciosas para a sobremesa e que encontram-se em heladerias pelo centro de Santa Cruz. Ficamos somente um dia em Santa Cruz de La Sierra, o tempo de descansar e retomar forças para subirmos, e muito, até La Paz, saindo de uma altitude de 416 metros de altura para 4.100 metros em El Alto e 3.600 metros em La Paz.

Em menos de 24 horas subimos uma altitude 10 vezes maior do que estávamos em Santa Cruz. Apesar dos avisos para pararmos na cidade de Cochabamba, a 2.558 metros de altitude para ambientação, resolvemos economizar tempo e dinheiro e pegamos um ônibus direto a La Paz. Na rodoviária de Santa Cruz entramos na internet e buscamos no site Mochileiros.com (recomendo) um hotel para ficar em La Paz porque sabíamos que não íamos chegar lá em ótimas condições físicas para ficar andando com as mochilas atrás de alojamento. Escolhemos um pequeno hotel pelo preço e porque, também dizia o site, era limpo e confortável. Nem sabíamos que íamos ficar bem no centro de La Paz, próximo a tudo. Foi uma ótima escolha que recomendo também (Hotel Condeza). Saímos de Santa Cruz às 17h30min do dia 16 de janeiro e chegamos a La Paz às 9h30min do dia seguinte. Já na saída de Santa Cruz, a mais ou menos uns 15 minutos de viagem, o ônibus quebrou. Que susto. Todos desceram e começou a sair uma fumaça escura da traseira do ônibus. Depois do ônibus que pegamos pelo interior da Bolívia ficamos com medo que a sucessão de ônibus quebrando pelo caminho se repetisse até La Paz. Mas, por sorte, depois de consertado, o busão agüentou todas as subidas pela Cordilheira.

A partir de Santa Cruz de La Sierra começa a Cordilheira Oriental que é uma das três cordilheiras que formam o que é chamado de Cordilheira dos Andes, as outras duas são: Cordilheira Ocidental e Cordilheira Central. A paisagem muda radicalmente e a maior parte do trajeto é de subidas, o que faz você sentir os efeitos da altitude, conhecido como "soroche". Eu tomei alguns comprimidos de um antihistamínico, mais conhecido como Dramim. O que não impediu de chegar em La Paz nauseada e com dor de cabeça, além de uma alergia pelo corpo que, segundo meu companheiro, que é professor de Farmacologia, era uma foto digna de ser publicada numa revista de dermatologia, algo nunca visto.

La Paz fica numa cratera, rodeada pela Cordilheira dos Andes. De La Paz vê-se o monte Illimani (6.400 metros de altitude) e pudemos vê-lo com o pico coberto de neve, o que é raro para aquela época do ano. O mal da altitude não vai deixar você, mas o mate de coca, as folhas de coca e um comprimido a base de ácido acetil salicílico e cafeína – o “Soroche Pills”, ajudam muito. As casas sem rebocos e as ladeiras de La Paz assustam na chegada. Mas o clima frio é quebrado quando se anda pela ruas da capital política da Bolívia (a capital do país é Sucre). O povo é simpático, hospitaleiro e muito confiável. O “Mercado de las Brujas”, o “Museo de La Coca”, a feira que acontece todos os dias bem cedinho onde as bolivianas, com seus trajes típicos, vendem variados tipos de flores, ervas, frutas, sementes e cortes de carne de porco, entre outros produtos, os cafés e até mesmo as pizzarias em La Paz, vão tornar sua estadia na cidade bem agradável.

Turistas de todo mundo fazem da cidade uma verdadeira Torre de Babel. Há muitos passeios e aventuras para se fazer na região como subir o monte nevado Chacaltaya, a 5.400 metros de altitude, que, antes considerada a pista de esqui mais alta do mundo, não anda tão nevado assim devido aos efeitos do aquecimento global. Nós escolhemos ir a Tiwanaku, conhecer a cultura mais antiga e importante do período pré-colombiano. Depois de dois dias em La Paz, seguimos viagem pelas margens do Lago Titicaca até Puno no Peru. Uma viagem surreal escutando Bach e Strauss, que vou contar na próxima segunda.

Um comentário:

Grasi disse...

Olá Marcela
É muito bom saber que existem pessoas como vc que nos dão o prazer de poder ver estas imagens tão lindas da América Latina.
Continue nos informando sobre esta viagem.
Aliás a "P&N" estão fazendo muito sucesso.
Beijos
Grasiela Cornelli