segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

O gangster e a Soberania Comunicacional

Por Raul Fitipaldi

A Soberania do Império e a Soberania Comunicacional são antagônicas. Uma confraria que desde as Cruzadas assassina em massa, rouba em massa e mente em massa não pode dizer-se, nem de perto, atingida pelas levíssimas “novidades” que por enquanto colocou no ar o sítio WikiLeakes. Os lutadores sociais que lutam por outro mundo possível não podem se chamar a supressa com as opiniões que os tiranos do planeta têm sobre fatos, pessoas ou pensamento que não sejam ou surjam do seu ventre doentio.

No entanto há motivos para que os poderosos se espantem e sintam descontentamento, e até um tênue amedrontamento. As legislações repressivas para o uso da Internet não avançam à velocidade que o pântano imperial-oligárquico gostaria, mesmo que já haja restrições que precisam ser derrubadas (de ordem técnica, “legal” e moral) para que a maioria tenha direito a exercer a soberania de informar e ser informada. E essa maioria vai conseguindo se inteirar do que ocorre.

O tema da “desclassificação unilateral” de WikiLeaks e raramente associada com o sistema monopólico de comunicação – Der Spiegel, The Guardian, The New York Times, El País de Espanha, Le Monde- que causou sensação nos noticiários (e que não deixa de provocar-nos um pequeno sorriso) chama, no entanto, a insistir na reflexão sobre o manejo que fazem da informação e da comunicação em geral o Império e seus repetidores, amalgamados no seu interesse central: a exploração brutal do homem pelo homem, do trabalhador pelo gangster. A verdade única dos ricos, dos poderosos e da força bruta planetária vem sofrendo quebraduras, umidades, fungos e feridas. Portanto, com ou sem WikiLeaks o que se deve considerar é que a reputação deste gangster e sua quadrilha de oligarcas e novos ricos está sendo exposta, não especialmente nas notinhas quase sociais do WikiLeaks e Julian Assange, mas, sim e de forma transcendente e transformadora a partir do esforço militante de milhares de escritores, jornalistas, professores, estudantes e trabalhadores, mulheres e homens, que tiram muitas horas por dia e semana para utilizar a web com a revolucionária tarefa de colocar a verdade dos discriminados, dos mais, dos pobres, na tela dos computadores e nas redes militantes por outro mundo possível.

Por isso, mais do que refestelar-se com os casos e descasos publicados por Assange e WikiLeaks, mas que desfrutar da publicidade do que já sabemos, a podre reputação de um gangster que ainda é muito poderoso, a tarefa é melhorar a intensidade da nossa militância, aumentar o objetivo da mira, apontar de forma certeira e disparar as verdades que não podem ficar ocultas do Povo/povo para que a transformação urgente seja possível e tenhamos uma massa consciente de defensores da Terra, da Liberdade, da Justiça e da Soberania Comunicacional.

Jamais, em nenhuma circunstância será possível conciliar nossa função militante com a dos grandes conglomerados da informação, estamos em pugna, somos parte de uma guerrilha mediática que ainda é fraca para vencer o Império, e precisa mais gente, mais sítios, mais blogs, mais livros, mais conversas e mais confluências democráticas e anticapitalistas. Não descansemos com os casos como WikiLeaks, são importantes, mas fazem parte do sistema.

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