segunda-feira, 25 de maio de 2009

Fazer a batalha das idéias é papel dos sindicatos

Em um mundo mergulhado na crise, um dos principais papéis do movimento sindical é fazer a batalha das idéias para esclarecer e mobilizar a população. Esta foi uma das afirmações do professor Waldir José Rampinelli, do Departamento de História e do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que falou sobre o contexto econômico e os reflexos para os Servidores Públicos Federais em Seminário promovido pelo SINTRAJUSC no dia 16 de maio.
Ele fez uma análise histórica das crises do capitalismo, deixando claro que a mais recente, que eclodiu em 2008, não é apenas financeira, como querem fazer crer análises mais rasas: “Os Sindicatos não podem ficar vendo a crise de braços cruzados. A crise não é apenas financeira; se fosse, bastaria injetar dinheiro, e já se injetou muito. É uma crise política, econômica, cultural, ecológica, alimentar, energética, então é crise da estrutura”.
Nesse contexto, disse o professor, os trabalhadores estão desorganizados. Há um e outro ato de protesto, mas faltam propostas efetivas de superação da situação atual. Para isso, então, as lutas precisam ser coordenadas, principalmente porque, nas crises, a tendência é sempre transferir o custo para os pobres. O Estado transfere o custo para o servidor, o patrão para o trabalhador. “Então, quem acredita que pode haver outro sistema tem que fazer a luta contra o capitalismo”, conclamou Rampinelli.
Ele destacou que 80% da América Latina está fora do mercado capitalista, com populações sobrevivendo com menos de um dólar por dia. Em muitos países, como na Argentina, o governo está revertendo as privatizações, que transformaram bens e serviços públicos em mercadorias cada vez mais caras. Na farra neoliberal o Estado era execrado e se ouvia coisas do tipo “Quem vai mal que feche as portas” ou “Quem não tem competência que não se estabeleça”. Agora que grandes capitalistas fracassaram, é no Estado que vão pedir socorro. “A Venezuela e a Bolívia nacionalizaram e todo o mundo falou mal; agora Estados Unidos, Inglaterra, França nacionalizam e ninguém fala nada”, ironizou o palestrante.
A fragilidade da democracia representativa também foi um dos temas abordados por Rampinelli. Ele disse que é preciso trilhar o caminho da democracia participativa e ampliar o uso de instrumentos como os referendos e a consulta popular. Citou o exemplo da Venezuela, onde há o referendo revocatório, figura jurídica que permite revogar o mandato do presidente da República.
Para o palestrante, a lutas também devem ser pela reforma tributária, para que se penalizem os ricos, pela reforma agrária, pelo fortalecimento da integração regional: “Ou construímos saídas para melhorar o mundo ou os donos do mundo, o banqueiros, o complexo militar-industrial, os grandes empresários, vão sair por cima da crise e mais uma vez jogar a conta para os trabalhadores”.

Veja entrevista com o professor Waldir Rampinelli no endereço do SINTRAJUSC no You Tube,
http://www.youtube.com/sintrajusc

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