segunda-feira, 29 de março de 2010

Crônicas de Arapiraca - I

Míriam Santini de Abreu


Eu conheci o Anderson em 2000, ano que iniciei desempregada e quando, para fazer o tempo andar e a dor amenizar, inventei de fazer um curso gratuito no Planetário da UFSC. Ele estava lá, estudante de física, cara de intelectual. O curso foi divertido – o professor nos convencia a todo o minuto que Plutão não era um planeta - mas divertido mesmo foi conhecer o Anderson.

Bem-humorado, até mesmo quando mal-humorado, friorento – do tipo que usava blusão até no verão – especialista nos mistérios dos computadores – fez o primeiro site da Pobres – o Anderson é o tipo de homem que faz a gente sorrir. Há dois anos ele se formou, casou e foi passar um ano na Inglaterra; depois se mudou para Alagoas, estado onde mora a família da esposa.

Antes da viagem para o exterior, nos encontramos para almoçar em um restaurante no centro de Floripa, e agora toda a vez que passo por lá eu lembro dele. Recentemente, pelo Twitter, soube que estava morando em Arapiraca, e sempre dou risadas quando leio os tweets dele sobre a cidade.

Então pedi a ele que escrevesse essas “Crônicas de Arapiraca”, e a primeira segue abaixo!


Anderson Gonçalves

Após um ano mendigando "pences" (centavos de libras) na Inglaterra, voltamos para a amada pátria amada idolatrada salve salve. Viemos para Maceió porque a Beth tinha a prioridade de rever a família. E não foi ruim de maneira alguma. Depois de passar um ano com temperatura máxima de 12 graus Celsius, os 38 do litoral alagoano ajudaram a tirar a cor de doente adquirida na Inglaterra. Um amigo me falou que depois que você passa um ano em outro país, a sua saúde está pior do que quando você chegou. Minha situação foi exatamente esta. E graças ao calor tive um monte de perebas sendo liberadas três dias depois da chegada. Febres e dores pelo corpo, tudo de ruim que poderia acontecer aconteceu, mas foi só por dois dias.

Aí, depois de lamber as feridas e desfazer os 100kg de mala que trouxemos, começamos a investigar de leve, trabalho para este garçom-ajudante de Papai Noel na Inglaterra. Comecei a distribuir currículos pelas escolas em Maceió. Depois de mais de 15 escolas e nenhuma resposta, desencanei e resolvi que talvez seria melhor fazer mestrado. Procurei um orientador que pesquisasse alguma coisa que acreditava ser interessante e encontrei. Existe um núcleo de pesquisa em ensino de ciências na UFAL e resolvi estudar para o mestrado porque a prova é concorrida. Depois de conversar com o professor orientador, comprei a bibliografia recomendada por ele para fazer a prova e comecei a estudar.

No meio do caminho apareceram dois concursos para professor substituto na Escola Técnica Federal e na própria UFAL, mas ambos já estavam "definidos" no momento da matrícula. Fiquei em segundo lugar no primeiro e em terceiro no segundo. Aí saiu o edital do concurso do mestrado e toda aquela bibliografia comprada e estudada foi modificada pelo próprio professor orientador. Perdi o ânimo e resolvi “chutar o balde” e perder o ano.

Enquanto tudo isso acontecia a Beth se inscrevia para o concurso de professor efetivo da Universidade Federal de Alagoas, campus Arapiraca. No fim de maio fomos para Arapiraca para o concurso. Se a primeira impressão é a que fica, você vai entender o motivo pelo qual eu ainda estou tentando me acostumar com a idéia de morar em Arapiraca.

A cidade é conhecida como a capital brasileira do fumo. Isso mesmo, “fumo”, só que eles ainda não "vortáram"! Em função disso, no período de chuvas, que vai de Maio até Agosto, quando o Agreste alagoano está recheado de vida, hordas de moscas que se procriam em função das folhas de fumo invadem a cidade. Você sem problema algum se sente como se estivesse em algum criadouro de moscas. Abrir a boca para falar é um problema. Comer, então, nem se fala. Você fica segurando o garfo com uma mão e com a outra mão afasta as moscas. "Hor-rí-vel"! Mas isso não é nada depois que você descobre que há coisas piores que as moscas.

Mas a notícia boa é que minha esposa, depois de muito penar e suar a camisa, conseguiu o primeiro lugar e foi chamada para trabalhar em Agosto como professora efetiva do curso de Arquitetura da UFAL. Uma baita vitória. Mas com a aprovação no concurso tivemos que pensar em "mudar para Arapiraca?". Ficamos indecisos durante um mês. Ela ia toda segunda-feira de van, às 5h da manhã, para Arapiraca, e ficava em um hotel no centro da cidade. Voltava na sexta, às 17h, e como a viagem de van dura quase duas horas, o cansaço e a irritação eram constantes. Pesamos os prós e os contras e pensamos que se acontecesse de um bebê estar a caminho, viajar nessas condições não seria muito bom. Então arrumamos as malas e tocamos o cavalo para Arapiraca.

Arapiraca é a cidade que mais cresce em Alagoas... mas essa história fica para o segundo capítulo!

3 comentários:

elaine tavares disse...

anderson..que saudade...beijos mil pra ti.. estás escrevendo bem, heim???? já vou ficar esperando as outras crônicas

Anônimo disse...

noossa e eu achei que não tinha nada pior do que dizer que nasci em Mormaço...perto do rio despraiado,como se houvesse alguma praia por perto...hehehehe saudades Anderson...agora de Arapiraca!

Geovane nº 15 disse...

Anderso Gonçalves??
Professor da escola alternativa em Arapiraca?
hsuahs eae professor blz? Cronicas de arapiraca kkkk

(Geovanes