Elaine Tavares
Mês de julho é tempo de férias na UFSC, e tempo de solidão. Os lugares ficam vazios, não há risos de moços, falta alegria e poucos trabalhadores circulam pelo campus. Há os que gostam, acreditando que os estudantes são os que atrapalham a vida por aqui. Eu não. Gosto é do cheiro e do sabor da juventude vibrante, que ri por nada, que grita, que sonha em voz alta, que desaloja, que perturba a ordem. Eu me alimento é disso e é, talvez, o que me faz seguir vivendo neste lugar onde quase tudo mumificou.
Por isso que nesta segunda semana de julho o riso assomou outra vez na minha cara triste de férias escolares. De repente, pelas janelas do Centro Sócio-Econômico, saltaram as toalhas de coloridas formas e desenhos. Pelos corredores pulularam as barracas de camping e pelas escadas se ouviu o riso cristalino dos jovens em marcha. Aquele frescor de quem tudo ainda tem por conquistar. É que aconteceu o encontro nacional dos estudantes de economia e, pasmem, a universidade permitiu que eles ficassem acampados dentro dos prédios.
Disse pasmem porque até pouco tempo os centros de ensino da UFSC negavam sistematicamente que se permitisse a realização de encontros, com gente circulando e dormindo nos prédios. Era aquela visão mumificada, de medo do jovem, de medo da “desordem”, de medo do novo. Foi preciso muita conversa, muita luta para que a universidade fosse outra vez devolvida aos estudantes. Afinal, não são eles as criaturas mais importantes nesta casa de saber?Pois no cotidiano não é o que parece. Posso ver agora, nestes dias de agitação popular pelo CSE. Alguns trabalhadores torcem o nariz. “Eles sujam tudo”. Outros professores nem aparecem. “Está um caos”. Mas quem aqui está e ama esse turbilhão se compraz, sorvendo a vida que floresce entre Marx, Smith, Ricardo, Friedman e outros que tais...
Universidade devia ser isso. Muita gente, grandes debates, música, risos, festas e grupos de discussão. E as pessoas deveriam amar isso tudo, aprender, conhecer, partilhar, sem pressão nem opressão.
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