domingo, 5 de julho de 2009

O senhor Artaud

Henry B. Goodwin, 1910
Brinca às vezes com ela o senhor Artaud – 51 anos –, com a que mora na casa da frente e entra no seu quintal. Tem 18 anos e se chama Laura. Se chega um pouco mais cedo, o senhor Artaud manda ao criado que lhe traga a tina com água morna; quer lavar-se, observar atentamente essa menina que acaba de penetrar surdamente pela porta de seu quarto de dormir e, agora, abandona a cabeça no ombro dele. E, malgrado a diferença dos dois, o almoço foi sereno com truta e salada. O senhor Artaud devora, com alguma pausa é certo, os lábios da menina, a língua, a coxa. Para o fim do almoço, o senhor Artaud relaxa um pouco a gravata do espírito, expande-se, cita algumas aventuras amorosas de outros. Laura, para excitá-lo, fica ainda mais nua (se é que isso seja possível) e pede-lhe que chupe seus flancos como se chupa uma laranja.

Fernando José Karl


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