domingo, 19 de abril de 2009

A Serra em mim V– Vento, calor e neve

Míriam Santini de Abreu

Em post anterior falei sobre a toiça de taquaruçu existente atrás do casarão onde morava a família de Oswaldo Cruz, em São Luiz do Paraitinga (SP). Esse bambu é o lar do saci. No dia em que visitei o Casarão, o céu escuro se preparava. Chuva certa. Eu falava com a atendente sobre os móveis e objetos ali guardados quando vi, atrás de um janelão, o bosque cultivado nos fundos do terreno.
- Dá para ir até lá?
Ela concordou. Durante a conversa, uma ventania forte começou a fazer as janelas rangerem. Ajudei a mulher a fechar todas e saí para alcançar os fundos do terreno. Mal conseguia caminhar. As paineiras balançavam enfurecidas. Com custo cheguei ao bosque, mas o portão fora fechado depois do término do expediente dos funcionários. Na volta passei ao lado da toiça de taquaruçu, em volta da qual se formara uma redemoinho. Na foto, os olhinhos dos moleques parecem brilhar na escuridão. Em poucos minutos a ventania esmoreceu. Sim... Era coisa do saci!
Essas surpresas climáticas já me acompanharam em outras circunstâncias. Quando eu, Elaine e Marcela fomos para o Deserto de Atacama, no Chile, passamos por Resistencia, capital da Província do Chaco argentino. Ao desembarcar na Rodoviária, quase corri de volta ao ônibus. Nunca, antes, experimentei tal sensação de calor quanto naquele dia. Eram 11 horas. Fomos ao centro da cidade, comércio fechado, hora da sesta. As três nos arrastávamos de uma rua para outra, um ar tão pesado que eu me sentia narcotizada.
Umas 48 horas depois, já em Susques, no alto dos Andes, dormíamos em uma pousada quando acordei com o rosto e o cabelo úmidos. Uma goteira exatamente sobre a cabeceira da minha cama! De manhã descobrimos que fazia coisa de três anos que não chovia tanto em Susques.
Naquela mesma tarde, quando já atravessámos a fronteira Argentina-Chile, no meio do deserto, começou a nevar! Uma neve fina, um frio de fazer os olhos arderem!
Concluímos que, assim como um episódio de Arquivo X, não me lembro de qual temporada, atraímos estranhos fenômenos atmosféricos...

Um comentário:

Anônimo disse...

mi
que saudades senti lendo isso ...
não vejo a hora de irmos novamente ao encontro destes estranhos fenômenos atmosféricos rsss
beijão
ma