O dia 22 de setembro é o Dia Mundial sem Carro, um manifesto contra os graves problemas causados pelo uso massivo de automóveis. Lúcio Gregori, ex-secretário de Transporte na gestão de Luiza Erundina em São Paulo (1989-92), costuma dizer que nenhum outro sistema de transporte dá tanta liberdade de locomoção quanto o carro, mas é uma solução individual, acessível a poucos, e o preço é alto: poluição e caos no trânsito. “O desafio é fazer o transporte coletivo dar esse mesmo grau de liberdade, com mobilidade plena e acesso universal”, disse ele em reportagem sobre mobilidade urbana na edição 8 de Pobres & Nojentas.
O conceito de mobilidade urbana vai além do ir e vir de veículos e do conjunto de serviços que possibilitam esses deslocamentos. Ele tem a ver com as necessidades das pessoas e o acesso delas às facilidades, serviços e oportunidades que a cidade oferece: escolas, hospitais, locais de emprego, moradia e lazer.
Pensar sobre isso deixa claro que viver e morar em uma cidade são coisas diferentes. Quem vive aproveita as boas coisas. Quem apenas mora vê a cidade passar no intervalo entre a casa e o trabalho, sem conseguir experimentar o que está atrás das portas com placas de anúncios, das cercas, dos eventos pagos. É como viver dentro e fora ao mesmo tempo, num intervalo de espaço que a mídia chama da periferia. São os empurrados para a periferia que mais precisam do transporte coletivo, e os que menos têm acesso a eles. É, portanto, urgente refletir sobre as conseqüências da aposta em investimentos no transporte individual e tomar decisões que ampliem o acesso e a qualidade do transporte coletivo.
Um comentário:
Isso me lembra a campanha publicitária desenvolvida pelos chefões do transporte coletivo de Florianópolis. Um anúncio colocado na traseira dos ônibus traz a imagem de um beija-flor com uma máscara de oxigênio, incitando as pessoas a lutarem contra o aquecimento global, utilizando mais os meios de transporte coletivos. Esses caras não perdem uma chance de faturar...
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