Por Míriam Santini de Abreu – jornalista
Tenho em mãos mais uma vez, apesar do preço salgado, R$ 8,90, o fino biscoito Le Monde Diplomatique Brasil, publicação mensal agora disponível nas bancas. Há, nesta edição de setembro, um artigo de Leonardo Boff sobre o significado da Teologia da Libertação no mundo de hoje. O texto me fez lembrar de um filme-documentário que vi, infelizmente do meio para o final, intitulado Dom Hélder Câmara - em busca da profecia, de Erika Bauer, produzido pela COR Produções Artísticas, em co-produção com a STV - Rede SescSenac de Televisão, TV Cultura e Quanta Brasília.
Produção de excelente qualidade que, no encerramento, traz um depoimento de Marcelo Barros, monge beneditino ordenado padre por Dom Hélder em 1969. Em 1999, vinte dias antes da morte de Dom Hélder, Barros o visitou e pediu uma palavra. Com esforço, conta ele, o arcebispo sussurrou: “Não deixe cair a profecia”.
Céus, que quase últimas palavras... Inquietei-me toda, corri para o Google e, faminta, encontrei oito referências sobre a frase. O próprio Marcelo Barros escreve que ainda ressoa, quente e vibrante, a voz de Dom Hélder:
"Deus deu ao ser humano o poder e a responsabilidade de não se conformar com o sofrimento e com a dor do inocente, mas de combater o mal e a injustiça. Esta é a tarefa de todos nós.”
E, por ter descoberto os elementos da profecia do arcebispo a partir de Marcelo Barros, a compartilho. São quatros os elementos, que dão o que pensar entre crentes e não crentes:
1 – Qualquer ser humano só pode ser verdadeiramente feliz no dia em que o mundo for um só e justo para todos.
2. – O apelo a nos constituirmos como “minorias abraâmicas.”
O mundo não mudará pela ação isolada de líderes esclarecidos e sim pelo empenho comunitário de grupos de resistência e de profecia que se consagrem a transformar o mundo a partir de uma profunda convicção de fé no ser humano e na vida. Estes grupos podem ser minorias na sociedade (Dom Hélder os chamava minorias abraâmicas), mas são fecundos fermentos de uma humanidade nova. Só neste caminho de humanização, tem sentido falar em fé cristã para as pessoas que querem crer e viver o Evangelho.
3. – O compromisso com a Paz e a Não violência.
4. – O compromisso com o macro-ecumenismo.
Para saber mais, leia o texto de Marcelo Barros:
http://www.oraetlabora.com.br/artigos/heldersantorebelde.htm
E fique ligado! A Teologia da Libertação vai ser tema da edição 9 de Pobres & Nojentas, que circula em outubro!
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