“Marina, Marina morena, você se pintou...” e seu rosto também não é o meu.
Por Raul Fitipaldi
Entanto aguardamos o retorno de Manuel Zelaya a Honduras, que muito além dos acordos pontuais das elites políticas, representa a vontade soberana do povo hondurenho que tem resistido heróica e pacificamente mais de 70 dias, em jornada só comparável à resistência contra a indústria bananeira ianque em 1954;
Entanto assistimos, em mais de cinqüenta países a marchas em reivindicação do Comandante Chávez, atacado ferozmente pela oligarquia colombiana e o Império através das redes “sociais” Facebook e Twitter;
Enquanto a Procuradoria da Bolívia ordena a captura do fascista e terrorista dirigente de Santa Cruz de origem croata, Branco Marinkovic, por financiar grupos terroristas que atuam contra o governo de Evo Morales, e, sobretudo, assassinam indígenas de todas as idades; entanto as mobilizações começam a se multiplicar e a decadência do império norte-americano e da União Européia aumenta, junto com o desemprego e o descontentamento social; enquanto milhares e milhares de fatos importantes indicam que uma mudança de rumo se torna necessária à preservação da humanidade e do planeta, aqui no Brasil... O ESPETÁCULO ELEITORAL RECOMEÇA. O GRANDE CIRCO DOS 30 SEGUNDOS DE DEMOCRACIA REINICIA SUA MARCHA PELA TERRA BRASILIS.
Contextualizando essa lógica idiotizante: falta pouco mais de um ano para ter a glória de exercer a democracia representativa durante 30 segundos. De costas ao que acontece de forma multiplicativa na América Latina, e custou o golpe de estado na Honduras, para só se dar um exemplo, ninguém discute um novo modelo de participação política e democrática concreta que pare de vez com a danada ladainha de que a Constituição de 88, é a carta magna mais perfeita e revolucionária do mundo. MENTIRA, NÃO É! Nenhuma carta magna que durante mais de duas décadas não conseguiu garantir um avanço mínimo sequer da soberania popular, e com ela todas as outras; nenhuma carta magna que mantém a iniqüidade social, aumenta o desemprego e a dependência entreguista; nenhuma carta magna que NÃO SE CUMPRE é boa, que dizer perfeita. E se não há uma constituição que garanta a justiça social, a soberania nacional, a liberdade das classes oprimidas, há que construir outra que tenha mecanismos que garantam o cumprimento destes preceitos. É a elite política, associada aos interesses do passado, com idéias do passado, e com métodos já fracassados no século XX que vai garantir essa nova constituição? NÃO DE NOVO, NÃO!
Assim então, que dá pra fazer para enfrentar este rodízio interminável de políticos profissionais que garantem o status quo dos grandes interesses oligárquicos e supra-nacionais? Enfrentar o problema, tá na hora, pois! Primeiro, dando a esse circo eleitoral o valor que tem para a transformação da nossa sociedade: NENHUM. Que muda se a nova musa da esquerda é a Marina Silva, ou o segue sendo a Heloísa Helena? NADA. Porque nenhuma das duas pré-candidatas, da incipiente esquerda brasileira, representam uma proposta fora do sistema constitucional e do modelo estrutural político imposto para o povo no Brasil. De modo que o problema de reconstituir o Brasil de cara às necessidades das maiorias exploradas, da proteção do meio ambiente, das Soberanias Territorial, Alimentar, Energética, Comunicacional, etc., e a necessidade de somar seriamente ao Brasil às novas alternativas que para o século XXI se propõe a América Latina, torna necessário:
Negar a importância deste processo eleitoral, porquanto ele só homologa o atual estado burguês e antipopular;
Em função disso, chamar a não participar deste circo eleitoral sem ter medo das sanções que não podem ser levadas a cabo se, por exemplo, um dez por cento do eleitorado se negar a participar desse imbróglio dos políticos profissionais, porquanto não existe um estado capaz de sancionar a mais de dez milhões de pessoas por exercer seu legitimo direito de não fazer parte da trama;
Discutir e mobilizar-se para construir uma ASSEMBLÉIA CONSTITUINTE liderada pelo povo junto aos seus Movimentos Sociais, na procura de mudar de vez o rumo do país e descobrir o modelo de nação que as maiorias almejam.
Trabalho do povo em fim. A hora não é pra ficar sentado na telinha olhando os milagres que não serão cumpridos pelas novas musas da esquerda, e muito menos pela direita dominante em todas as instituições de poder do Brasil.
Marina, tuas ondas são tardias, teu chamego não me engana, já dormiste nas doces águas do poder.
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