sexta-feira, 20 de setembro de 2013

O "trade" turístico e os "beach clubs"

Míriam  Santini de Abreu

A polêmica dos “beach clubs”, pelos quais o “trade” turístico está romaria para evitar a demolição, faz lembrar o que aconteceu com o Bar do Seu Chico, no Campeche, derrubado em 2010 por determinação judicial. O motivo foi estar em área de preservação permanente. No caso dos “beach clubs”, os motivos são invasão de área de marinha, de área de preservação permanente, poluição sonora, hídrica, desmatamento e invasão de calçadão.

O Bar do Seu Chico, de madeira e palha, era ponto de encontro do povo crítico do Campeche. Os “beach clubs” são ponto de encontro do povo rico. Vão dizer que a comparação, por esse ponto de vista, é ranço com rico. Bom, então, no caso da derrubada do Bar do Seu Chico, quando não houve nenhum choro nos veículos do Grupo RBS, era ranço em relação a gente que pensa e fica ruminando coisas lá no Campeche.

Curioso é o “tread” turístico usar como argumento, na defesa dos “beach clubs”, a história e importância do turismo para a Capital. Dizem que "não é verdade que Florianópolis se sente incomodada com os bares e restaurantes da cidade, menos ainda com os turistas que nos visitam. Pesquisas apontam que mais de 80% das pessoas gostam e aprovam o turismo", cita o texto elaborado pelo “trade”. Primeiro, os “beach clubs” representam todos os bares e restaurantes da cidade? Segundo, que relação os b.c. têm com a aprovação do turismo e a atividade em si?

A resposta é a visão que esse povo do “trade” turístico tem de turismo. É uma visão completamente descolada da cidade. É turismo por ele mesmo, e só. Cita, o pessoal do t.t. a história e importância do turismo para a Capital. Que história e qual importância? Turismo como e onde?

Final de semana passado estive no Rio Vermelho. A rodovia principal liga as praias do Norte à Lagoa da Conceição. Só mesmo São Cristóvão para livrar os motoristas de atropelar pedestres em uma rodovia que praticamente não tem acostamento. Ali, onde deveria haver uma longa ciclovia, mal foi planejado lugar para o pedestre. As ruas laterais à rodovia são longas e há as que terminam no nada, sem placa para avisar. É uma entropia em grau máximo num dos acessos principais às praias do Norte.

Se efetivamente levasse em conta a história e importância do turismo para a Capital, o t.t. certamente faria a mesma peregrinação por obras de saneamento, fornecimento de água e, num plano ainda maior, por um Plano Diretor que, de fato, pensasse na cidade com um todo, não focando somente no que é de interesse de redutos nas praias mais badaladas.

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