Os primeiros europeus que aportaram na Ilha deixaram relatos preciosos sobre a natureza, os habitantes, os primeiros povoamentos. Parte desses relatos de viajantes estrangeiros, que nos visitaram nos séculos XVIII e XIX, virou livro. Um dos viajantes, Antoine Joseph Pernetty, esteve na Ilha em 1763, e assim inicia suas observações:"Foi a 23 (novembro 1763) que nos apercebemos pela primeira vez da terra do Brasil, cerca de 15 léguas de distância; entretanto, pudemos ancorar somente a 29, na baía que forma um canal em volta da Ilha de Santa Catarina".
Num dos trechos do capítulo dedicado à história natural da Ilha e da costa do país, Dom Pernetty traça uma impressão peculiar do ambiente que o cerca, especialmente do manguezal:
Num dos trechos do capítulo dedicado à história natural da Ilha e da costa do país, Dom Pernetty traça uma impressão peculiar do ambiente que o cerca, especialmente do manguezal:
"...O ar insalubre deste clima é verdadeiramente a causa da palidez dos brancos que ali habitam. Destes bosques onde o sol jamais penetra, elevam-se vapores densos que formam brumas eternas no alto das montanhas que cercam a ilha. As partes baixas, muito alagadiças, estão igualmente cobertas desde às seis ou sete horas da tarde até às oito horas do dia seguinte, quando o sol as dissipa. Estes vapores possuem em geral um odor lodoso que, com a circulação do ar fechada, parece dissiparem-se para dar lugar a outros que se sucedem. Este ar insalubre é corrigido levemente pela quantidade de plantas aromáticas, cuja perfume suave se faz sentir a três ou quatro léguas do mar, levado pelo vento da terra. Entretanto, fica-se recompensado deste abandono da natureza pela singularidade dos animais e das plantas produzidas por este clima. A ilha é amaldiçoada pelo homem rico que quer gozar, mas é muito cara aos naturalistas..."
Fonte: Ilha de Santa Catarina: relato de viajantes estrangeiros nos Séculos XVIII e XIX. Organizado por Martim Afonso Palma de Haro. Florianópolis: Editora da UFSC/Editora Lunardelli, 1990. (3° ed.) 329p.
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