sábado, 31 de janeiro de 2009

Montanhas Semiramis




Míriam Santini de Abreu

Diz a lenda que a Deusa, um pouco cansada depois do sétimo dia da Criação, entediou-se com o formato das montanhas Semiramis, na Pérsia. Os cumes pontudos e arrogantes pareciam desafiá-la, a Deusa que os havia criado. Então olhou em volta, os olhos dourados estreitados, desejando outra forma para a pedra que a inquietava.
O seu mundo ainda era um afresco. Num canto dele, espiou uma das criaturas cujo esboço havia lhe custado ordens imperiosas ao barro, para que ficasse da forma como havia sonhado. Um sonho estranho, no qual ela havia custosamente caminhado até o alto das montanhas Semiramis para buscar a Chuva. E a Chuva lhe havia sido ofertada por aquele estranho ser que agora ela observava. Assim que despertou, deitada sobre trevos úmidos, soprou a idéia ao barro e fez o homem.
Agora, findos os dias, estudou os detalhes de sua criação.
Passaram-se eras. E então, a Deusa contemplou os braços do homem. Os braços que fizera para ele. Sorrindo, acariciou com os dedos as pontas incisivas das montanhas Semiramis.



Um comentário:

elaine tavares disse...

ui , que lindo.. e eu que tenho uma destas montanhas em casa...heheheheh