sábado, 22 de março de 2008

Figadas de verão

Por Míriam Santini de Abreu, jornalista
Adoro a Serra Gaúcha no verão. Os caminhos para as colônias cheiram a uva, os parreirais amaciam a minha melancolia. É época de figos, também, e torço para que minha mãe e minha tia Nique mais uma vez façam figada.
Lembro do ritual, guardado nas memórias de infância:
Comprar uns 10 quilos de figo, o açúcar.
Moer. Despejar o fruto no tacho.
Mexer, mexer, horas a fio, com uma pá de madeira.
Que canseira, aquilo. A uvada é pior, as bolhas doces pulam, às vezes nas mãos.
Eu mexo uns 10 minutos e canso. A mãe e a tia não cansam.
Depois, despejar a pasta docemente viscosa nos potes de vidro.
O tacho, como dantes, continua a ser acomodado no canteiro. Negro por fora, prateado por dentro. E as minhas duas bruxas ali manejam a pá, naquele caldeirão doce. Eu gosto de olhar. E, depois, deslizar, com indolência, a fruta virada pasta num pão caseiro recém-saído do forno. Mas, nem que por uns minutos, eu também deslizo a grande colher de pau no fundo do tacho, preguiçosamente, só para poder dizer que também fui partícipe daquele ritual da colônia.
Veja Eluci e Nique no ritual da figada

4 comentários:

Anônimo disse...

MIRI EU E GABI ADORAMOS O VIDEO,QUE VC FEZ SOBRE AS TIAS,QUE BOM QUE VC BOTOU NO BLOG ASSIM AS PESSOAS,VÃO VER COMO E LINDO A CULTURA ITALIANA,AQUI NA SERRA GAUCHA.PARABENS.
BEIJOS LAURA E GABRIELA.

Samuel Frison disse...

Muito bom!! Minha avó também fazia e lembro que tínhamos de sentar contra o vento para escapar da fumaça. Para mexer era uma briga, todos queriam ver o figo borbulhando! É uma arte mesmo essa de fazer a figada. Arte que deve ser preservada diante da massificação da alimentação pela indústria alimentícia. Bravo Mimi!

Uncle Bob disse...

Legal pacas. Minha avó era italiana e não deixou nenhuma receita... uma pena!!!

Anônimo disse...

Na próxima fale do recheio do agnolini. Tu também querias colocar a mão para participar. Mas era antes da hora... Beijão! Cesar