segunda-feira, 8 de agosto de 2011

SERES HUMANOS NA CRISE DO CAPITALISMO




Por Emanuel Medeiros Vieira - Ilustração de Uelinton Silva


(Modesta meditação dedicada em favor do pessimismo da inteligência e do otimismo da vontade.)



André Gide escreveu: “Todas as coisas já estão ditas, mas como ninguém escuta, é preciso recomeçar sempre.”



E o ofício de escrever é um eterno recomeçar: lutar com palavras mal rompe a manhã, para usar a expressão de



Drummond.



Creio que travamos, através da linguagem, o que T.S.Eliot chamou de “combate intolerável com as palavras” que “se estiram, racham, escorregam, perecem.”



Mas a batalha da vida não é formal. O que percebemos é a banalização do mal e não do bem. A mercantilização das relações, a hegemonia do ter e do parecer, o estímulo à futilidade e ao egoísmo, geraram um ilhamento entre as pessoas, onde muitos seres parecem apenas fingir e camuflar os seus sentimentos.



O modelo vigente acreditava que éramos meros números.



Minha geração não viu crise maior do capitalismo.



Crise ou colapso? O “Muro de Berlim” dos neoliberais?



Onde estão aqueles que exigiam Estado mínimo e nos chamavam de dinossauros?



Eles tinham verdades consagradas. Diziam que o capitalismo havia vencido.



Como disse Cesar Benjamin num artigo intitulado “Karl Marx manda lembranças”, os “Estados tentarão salvar o capitalismo da ação predatória dos capitalistas”.



O que se vê não é erro nem acidente. O projeto todo estava centrado na acumulação do capital.



Tantos anos de falso consenso resultaram neste quadro dantesco.



Resultado?



Desigualdade social obscena.



E assim por diante.



Os concílios acabaram com o limbo e com o purgatório. Com o inferno não...



Formou-se uma geração de políticos espertos, inebriados pelo marketing, não pela verdade.



E a degradação ética, internalizada em muitas almas, parece não ter fim.



Só unidos, poderemos recuperar o núcleo do humano.



(Não digo nada de novo. Eu sei. Mas nossa força é essa: nossa união, forjada em tantas lutas.)



Como observou Boris Pasternak, “viver a vida até o fim não é tarefa para crianças.”

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