Míriam Santini de Abreu
Quando eu era pequena, volta e meia o pai olhava para a cicatriz no meu polegar direito e dizia:
- Filha, um dia o pai paga uma cirurgia plástica para ti...
Acho que o pai tinha complexo por mim – coisa de pai – porque esse polegar é torto e esquisito, diferente do esquerdo, porque no direito havia um sexto dedo, que foi extraído quando eu tinha um mês de idade. Polidactilia é o nome dessa falha genética. O mais engraçado é que eu consigo entortar o polegar, como se ele estivesse quebrado, coisa que alguns amigos acham detestável quando faço, mas eu acho engraçadíssimo.
Pois agora me vem a nossa loira, a Marcela Cornelli, da equipe da P&N, que esteve no México, revelar um fato abismante! Ela esteve no Museu da Medicina Maia, na cidade de San Cristóbal de Las Casas, em Chiapas, mantido por médicos que usam a medicina maia nas comunidades, inclusive nas zapatistas.
Lá ela fotografou um painel, este acima, que diz que pessoas com seis dedos na mão e no pé são designadas para serem curandeiras. Os dedos a mais são sinais.
Descobri que nasci meio curandeira, porque havia dedo a mais só na mão, e cortar o pobrezinho tirou-me a chama do dom da cura!
Que fazer... Sobrou apenas a cicatriz, que felizmente se curou!
2 comentários:
Se a medicina não o tivesse tirado, provavelmente eu o teria arrancado! Cesar!
ah, então me cure, míriam, porque tem vezes minha angústia me ultrapassa
karl
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