terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Xamã “deschamada”


Míriam Santini de Abreu

Quando eu era pequena, volta e meia o pai olhava para a cicatriz no meu polegar direito e dizia:

- Filha, um dia o pai paga uma cirurgia plástica para ti...

Acho que o pai tinha complexo por mim – coisa de pai – porque esse polegar é torto e esquisito, diferente do esquerdo, porque no direito havia um sexto dedo, que foi extraído quando eu tinha um mês de idade. Polidactilia é o nome dessa falha genética. O mais engraçado é que eu consigo entortar o polegar, como se ele estivesse quebrado, coisa que alguns amigos acham detestável quando faço, mas eu acho engraçadíssimo.

Pois agora me vem a nossa loira, a Marcela Cornelli, da equipe da P&N, que esteve no México, revelar um fato abismante! Ela esteve no Museu da Medicina Maia, na cidade de San Cristóbal de Las Casas, em Chiapas, mantido por médicos que usam a medicina maia nas comunidades, inclusive nas zapatistas.

Lá ela fotografou um painel, este acima, que diz que pessoas com seis dedos na mão e no pé são designadas para serem curandeiras. Os dedos a mais são sinais.

Descobri que nasci meio curandeira, porque havia dedo a mais só na mão, e cortar o pobrezinho tirou-me a chama do dom da cura!

Que fazer... Sobrou apenas a cicatriz, que felizmente se curou!

2 comentários:

Anônimo disse...

Se a medicina não o tivesse tirado, provavelmente eu o teria arrancado! Cesar!

Anônimo disse...

ah, então me cure, míriam, porque tem vezes minha angústia me ultrapassa

karl