sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Casas e corujas






Míriam Santini de Abreu

Gosto, de vez em quando, de mudar o roteiro a caminho do trabalho ou de algum outro local onde precise chegar sem pressa. Descobrem-se belezas novas, cores mais irradiantes, um detalhe precioso qualquer. Encantam-me especialmente as casas. Cresci em casa, mas, desde que saí de Caxias, só morei em apartamentos.

Na rua Almirante Alvim, em Floripa, há uma casa na frente da qual nasceu uma árvore gigantesca. Mas também é lindo, mesmo, o velho banco ali, que me lembra uma cena do filme “Um Lugar chamado Nothing Hill”, com Júlia Roberts. Há um jardim que os personagens dela e de Hugh Grant invadem, e ali encontram um banco onde está escrito o nome de um homem e de uma mulher, uma homenagem: “A June, que amava se sentar neste jardim, e a Joseph, que amava se sentar ao lado dela”. Esse amor/homenagem tão delicado vem à tona em outra cena em que ela, uma atriz famosa também no filme, vai até a livraria do personagem de Hugh Grant para manifestar o seu desejo de ter um relacionamento com ele.

O livreiro balbucia algo como ele ser não ser adequado para ela, tão famosa, que havia pouca chance de dar certo, que era tudo muito complicado, e coisa e tal. E ela apenas responde:

- Não se esqueça que sou apenas uma mulher, na frente de um homem, pedindo a ele que a ame.

Decorei o diálogo porque já vi o filme umas sete vezes. E ao passar na rua Almirante Alvim eu sempre lembro dele.

Na rua Alves de Brito, numa esquina, vi outra casa deliciosa, com muros cobertos de ervas, dando ao cenário um aspecto de tempos passados. Na Vitor Konder, é flagrante a diferença entre uma adorável casa rosa e branca tendo ao lado aqueles prédios gigantes, formando um S e nos quais não vejo atrativo.

Ah, que será feito das cidades, das velhas casas, dos jardins e seus bancos?

Tenho uma amiga que mora numa casa de madeira, e numa rua chamado “Coruja Dourada”. Vejam que delicadeza!

Que haja quem, em sua casa ainda por terminar, sinta falta de uma porta, talvez ainda uma janela mal-encaixada, mas é afortunado se pode repousar o corpo e o espírito em uma morada onde também repousam corujas cujo sono, silencioso em meio ao sombrio das árvores, é velado por vagalumes.

2 comentários:

Blog do Itamaracá disse...

Casas e corujas pode ter um post sequência com o título "Apartamentos e velhas águias",né não?

O Itamaracá por exemplo...
¬¬

Anônimo disse...

Interessante... Mas, "blaise2", porque o Itamaracá seria um exemplo?