Elaine Tavares
Aconteceu assim. E só poderia ser no meu Campeche, lugar de magias. Vinha eu mui fagueira cuidando dos vaga-lumes que rodopiavam sob minha cabeça. Eram umas dez horas da noite e eu fazia o percurso que vai do ponto do ônibus até minha casa, o que dá uns 600 metros. Além dos vaga-lumes, as estrelas luziam brilhantes na noite fresca de lua nova. Noite típica de outono, plena de beleza, sagrada. Nessas horas mortas eu gosto de limpar a mente, não pensar em nada, só fruir esse presente da natureza, completamente integrada na pulsação do universo. E assim caminhava, sentindo o vento geladinho. Feliz.
Foi então que, de inopino, minha sombra andou. É sério! Andou... Vinha ela, correta, me acompanhando tranqüila, no lugar onde deveria estar. Mas, num repente, andou. Vejam bem, eu não estava drogada, até porque a única droga que uso é o transporte coletivo da Capital, mas já não estava nele. A menos que tenha sido alguma reação tardia. Mas, em tese, eu estava limpa. De cara.
Durou um segundo e logo voltou à sua posição. Não havia nenhum foco de luz que a deslocasse, não estava passando nenhum avião. Tudo estava naquela santa paz das noites tranqüilas. Mas o fato é que minha sombra andou. Por alguns segundos se libertou de mim e seguiu à frente. Estupefiz! No meio do caminho parei e fiquei a indagar o que poderia ter sido aquele ato de rebeldia.
Estaria minha sombra enfarada de mim? Estaria meu corpo comportando-se como uma prisão para sua negra liberdade? Estaria ela querendo me dizer algo? Estaria prenunciando meu fim?Então, no meio da noite clara, na companhia dos vaga-lumes, nenhum som se fez. Minha sombra calada ficou e seguiu ordeira, do meu lado, pouca coisa atrás. Mas me deixou essa inquietude, esse desassossego. Minha sombra, essa louca, deve ter aprendido nas tantas lutas que fiz que é preciso sair do trilho, revolucionar.
Foi então que, de inopino, minha sombra andou. É sério! Andou... Vinha ela, correta, me acompanhando tranqüila, no lugar onde deveria estar. Mas, num repente, andou. Vejam bem, eu não estava drogada, até porque a única droga que uso é o transporte coletivo da Capital, mas já não estava nele. A menos que tenha sido alguma reação tardia. Mas, em tese, eu estava limpa. De cara.
Durou um segundo e logo voltou à sua posição. Não havia nenhum foco de luz que a deslocasse, não estava passando nenhum avião. Tudo estava naquela santa paz das noites tranqüilas. Mas o fato é que minha sombra andou. Por alguns segundos se libertou de mim e seguiu à frente. Estupefiz! No meio do caminho parei e fiquei a indagar o que poderia ter sido aquele ato de rebeldia.
Estaria minha sombra enfarada de mim? Estaria meu corpo comportando-se como uma prisão para sua negra liberdade? Estaria ela querendo me dizer algo? Estaria prenunciando meu fim?Então, no meio da noite clara, na companhia dos vaga-lumes, nenhum som se fez. Minha sombra calada ficou e seguiu ordeira, do meu lado, pouca coisa atrás. Mas me deixou essa inquietude, esse desassossego. Minha sombra, essa louca, deve ter aprendido nas tantas lutas que fiz que é preciso sair do trilho, revolucionar.
Minha sombra, companheira, quer voar... Rebelde e livre, como eu!
2 comentários:
Ainda não consegui decifrar o mistério da sombra andante, mas continuo tentando. Não estaria ela com pressa, ao ver que vc andqava devagar e muito contemplativa!!? quem sabe querendo chegar logo em casa...pois estava próximo das suas séries favoritas!!!??? Bem, vou continuar tentando...mas com certeza, foi bom um bom motivo... capa número 1.
Elaine, genial esta história da sombra. Lembrou-me um conto do Poe que não recordo bem o título, mas vou pesquisar. Ah... não pude me conter com a droga (referindo-se ao transporte público, ótimo trocadilho, genial idéia hihihihi). Quando rimos da tragédia ela se torna comédia... Parabéns pelo texto. Abraço. Samuel
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