sexta-feira, 8 de agosto de 2025

Ivani Borges no 30º episódio de Repórteres/SC





A jornalista Ivani Silveira Borges é a 30ª entrevistada do projeto Repórteres/SC. Nascida em Porto Alegre (RS), ela registrou que uma de suas referências na escrita era o avô paterno, que colaborava para um jornal de Pelotas. Formada pela PUC/RS, teve professores que fizeram história no estado, como Antônio Gonzáles.  

A mudança para Santa Catarina foi em 1975 para fazer parte da equipe do Santa, em Blumenau. Em Florianópolis, parte expressiva de sua trajetória foi dada em O Estado e em assessorias de imprensa em órgãos públicos de educação estadual.

Na entrevista, Ivani também fala sobre a experiência de, já aposentada, trabalhar com o repórter fotográfico Orestes Araújo no Jornal de Barreiros, referência no jornalismo de bairro no estado.

O vídeo está em edição e será divulgado com mais detalhes da trajetória de Ivani. As imagens são de Rubens Lopes.

quinta-feira, 7 de agosto de 2025

A casa da Dona Lindu











Já havia anos que Rose queria conhecer o lugar onde Lula nasceria. Sempre admirara sua trajetória de menino pobre, nascido no agreste pernambucano, chegando a ser uma grande liderança na política. Tinha curiosidade de ver este espaço originário, em Garanhuns. Quando morou em Maceió, em 1994, antes ainda de ser eleito, fez uma tentativa. Uma estranha aventura pelas estradas de Alagoas, num potente Fusca, com amigos. Saíram cedinho atravessando o estado rumo a Pernambuco, mas, no meio do caminho foram parados pela polícia. Checam documentos, isso é aquilo, uma conversa estranha. O grupo falou que ia até Garanhuns ver onde nascera Lula. Foi o que bastou para os policiais fecharem a cara. Arranjaram uma irregularidade na lanterna e prenderam o carro. Queriam propina para liberar. Indignada, a turma não se prestou à chantagem. O carro ficou e todos tiveram de voltar para Maceió. Para fazer o veículo ser novidade outra, mas isso não importa, o fato é que não consegui ir até a terra do Lula. 

Passados 30 anos, Rose voltou para Maceió. Desta vez iria até Garanhuns e teve o cuidado de verificar tudo no carro para não sofrer outro “assalto” policial. Juntou os amigos Assis e Gracinha e lá foram eles pela estrada até Pernambuco. Desta vez aqui. Em poucas horas ficou diante da casa de Dona Lindu, mãe do Lula, lugar onde ela passou a viver depois de seu casamento com Aristides. Ambos muito jovens, Lindu com 20 anos, ele com 22. Juntos tiveram 12 filhos, quatro morreram. A casa de pau-a-pique está erguida no espaço onde então se erguera a casa original. É uma réplica, levantada por familiares que ainda vivem em Garanhuns. Tudo ali busca retratar o tempo difícil da família Silva. São 30 metros quadrados, pouquíssimos móveis, uma cama grande, um fogão de chão, o quadro de Jesus, as portas de madeira, as frestas no barro, a singeleza do sertanejo. 

Nos tempos da dona Lindu era preciso buscar água bem longe e a comida era escassa numa terra pouco fértil. Tinha muito trabalho, mas dinheiro que é bom, nada. E foi justamente por isso que Aristides migrou primeiro, sozinho. Depois, lá se foi Lindu com a penca de filhos numa viagem de 13 dias, em caminhão pau-de-arara. E o resto é história. 

Hoje, a vida por ali é diferente. O verde viceja e as famílias conseguem construir suas casinhas em material. As moradas têm cisternas, a água jorra, e as crianças têm escola. Quem conta sobre isso é o Jorge Rodrigues de Melo, vizinho da família Silva. Ele conheceu a gurizada toda e lembra que o pai muitas vezes deu comida para o Lula. Por tudo isso, todos têm muito respeito e admiração pelo agora presidente, filho da terra. “Se hoje a vida da gente tá melhor, é por causa do Lula”. 

A visita à casa da dona Lindu foi um dia de alegria para o trio que foi de Maceió. Rose e Gracinha, jornalistas, sempre caminharam na estrada da justiça e apostaram, desde 1989, na possibilidade da mudança com Lula. Assis, que nasceu no Piauí, é um viajante contumaz. Já chegou a fazer, à pé, o caminho de Teresina até Brasília, também percorreu vários rios, permanecendo, sozinho, sempre desafiando seus limites. Quando Lula esteve preso ele foi dar seu apoio, primeiro em Brasília, depois em Curitiba. Como homem das terras esquecidas do norte, tem muito amor pela figura do Lula, pelo que ele foi e pelo que conseguiu vencer. Por isso, foi o que mais se emocionou ao conhecer a casinha de barro onde Lula nasceu. Não está ligado ao partido político, ao PT, nada. É só esse profundo sentimento de amor pelo nordestino que venceu a fome, a miséria e hoje faz muito pela sua gente. 

O encontro com o vizinho da família, o depoimento sincero do seu Jorge e a imagem da casinha despojada de quase tudo reforçou no trio de amigos o desejo de que toda a esperança depositada no presidente se faça real. Que o governo cuide de seu povo, que mude o que não presta e que garanta vida boa e bonita para toda gente. Nestes dias em que a bandeira dos Estados Unidos é intercalada nas ruas por chamados “patriotas” que celebram as avaliações de Trump contra o Brasil, Rose, Assis e Gracinha trazem de volta às retinas o cenário do agreste, da família Silva, e espera que Lula, o filho de dona Lindu, convoque o povo para mudar o Brasil. Não no discurso, na prática. 


quarta-feira, 6 de agosto de 2025

P&N 20 anos/ Leo Nogueira Paqonawta



Leo é publicitário e professor dos anos iniciais. Desde os primeiros passos da Pobres e Nojentas caminhou com equipe desenhando as artes relacionadas aos projetos desenvolvidos, fazendo capas de livro, produzindo material das campanhas. Companheiro de primeira hora também já foi retratado em reportagem dentro da revista por seu trabalho em prol da paz. Até hoje, sempre que a gente precisa de uma arte ele está à postos, participando e criando com amor e entusiasmo. Somos gratos por essa parceria. 

segunda-feira, 4 de agosto de 2025

Raquel Ribeiro, escritora

Raquel Ribeiro veio ao mundo em Juiz de Fora, Minas Gerais, mas só nasceu. A mãe já morava no Rio de Janeiro, mas buscou ter Raquel junto aos pais que viviam em Minas. Logo em seguida ao nascimento, a família voltou para casa, em Botafogo, e foi lá que Raquel viveu até os 20 anos. Já bem menina ensaiava palavras escrevendo histórias em quadrinho, as quais buscava vender na rua. 

O diário que recebeu de presente da avó foi o nascente de novas escritas. Todos os dias um texto. Por isso, quando chegou a hora de escolher a faculdade optou por Comunicação e Letras. Fazia as duas. Mas, ao conhecer um fotógrafo decidiu trancar Letras e encerrar de vez o curso de Comunicação para que pudessem trabalhar juntos. Seu caminho natural então foi o jornalismo, atuando em grandes projetos como a revista Ícaro, da Varig, sempre em parceria com Veiga, o fotógrafo.

Sua primeira história infantil nasceu quando morava em Porto Alegre. Sua intenção foi ganhar um prêmio literário. Não deu certo, então decidiu engavetar o projeto. Mais tarde, já num novo casamento, foi viver no campo e lá surgiu uma nova história, a qual ela deu vida, publicando pela primeira vez. Desde aí, não parou mais. Seus temas tratam da natureza e da vida mesma. E alguns de seus livros também servem para os adultos discutirem temas difíceis com as crianças, como a morte e a doação de órgãos. 

Morando em Florianópolis há nove anos Raquel continua observando o mundo com olhos cheios de alumbramento. As histórias seguem morando nela, ainda que agora esteja mais focada em divulgar o trabalho já feito. São sete livros publicados e caminhantes. 

Neste episódio de Conversas na Tiradentes ela conta de sua vida, da relação com os ilustradores e de sua obra.  

quinta-feira, 31 de julho de 2025

O cara do oi


Por Míriam Santini de Abreu

Eu ouvi pela primeira vez nas manhãs da pandemia. Vinha lá dos altos da Praça dos Bombeiros: 

– Oi, oi, oi, oi, oi, oi, oi... 

Era assim, praticamente todo dia, uma saudação interminável que corria pelo ar e eu engolia irritada com os goles de café.

Um dia, ao caminhar na praça, topei com ele. O cara do oi. Vinha num passo apressado, meio bamboleante, uma expressão resoluta no rosto barbado:

– Oi, oi, oi, oi, oi, oi, oi, oi, oi, oi... 

Misericórdia. Aquilo ressoava praça ao longe. E digo mais: se ele encontrasse alguém distraído no caminho, gritava mais forte ainda, para espanto do premiado com a saudação inesperada.

É fato. O cara do oi virou um personagem do Centro de Florianópolis. As pessoas comentam:

– Ixi, hoje ele vem atacado.  

É porque tem dia em que ele atravessa a Praça XV e segue pela Avenida Hercílio Luz gritando sem parar, pegando no susto os desavisados. É comum que uns transeuntes respondam:

– Oi, oi, oi, oi, oi, oi... 

O cara do oi grita mais alto ainda e vira um coro de ois na rua que arranca sorrisos de quem passa. 

Um final de manhã, almocei no Mirantes e ouvi o conhecido mantra. Corri porta afora para fotografar e gravar. Ele estava sentado num degrau da Catedral, onde também ocorria um ato dos trabalhadores dos Correios. Ele dava oi, escondia a cabeça entre os braços, se aquietava uns minutos e, de repente:

– Oi! 

E encolhia a cabeça de novo. 

Meus colegas de trabalho às vezes o avistam, gravam e enviam os vídeos para mim:

– Olha aí o teu amigo.

Um desses vídeos o mostra descendo a Anita Garibaldi. Em menos de meia quadra, ele grita oi seis vezes, uma delas quase no ouvido de uma mulher um pouco agachada junto a dois cães. As pessoas vão passando por ele sorrindo ou com ar de pasmo. Mas quando ele chega no Bar do Paulinho, os braços numa marcha desengonçada, dois homens sentados ali, com voz firme, avisam:

– Ei, ei, pode parar, pode parar. 

Ele para. A gravação também. Terá se atrevido a dizer oi?

Uma noite topei com ele na Hercílio Luz. Quase na esquina com a José Jacques, parou, apoiou um braço e uma perna num daqueles bancos verdes de madeira e ali ficou:

– Oi, oi, oi, oi... 

Fiz uma aquarela ordinária para guardar aquela saudação daquele homem naquela noite. E deixo assim. 

Que seu rosto seja encontrado, como eu, por quem o ouve. 



quarta-feira, 23 de julho de 2025

CroniQuintas é novo projeto da Pobres e Nojentas


A Pobres & Nojentas inicia em julho mais um projeto: CroniQuintas da Pobres.

Todas as quintas, no nosso blog e redes, publicaremos uma crônica. A vida cotidiana da cidade na palavra libertária, criadora e caminheira que define nosso projeto desde 2006 e completa 20 anos em 2026. 

O projeto se enlaça com a ideia de croniportagem, um dos três pilares epistemológicos da revista. É o termo que cunhamos para definir a vereda entre a crônica e a reportagem. Ou seja, o texto jornalístico apresenta a necessidade de visibilizar temas cotidianos, tal qual a crônica, mas com a profundidade da reportagem e a informação contextualizada. 

Em fevereiro de 2008, a equipe da revista promoveu o “Primeiro Festival de Croniportagem de Abya Yala”, para a publicação de textos de colaboradores na revista impressa e/ou no blog, com arte específica feita pelo pedagogo Leopoldo Nogueira, que assina as lindas logomarcas da Pobres, como a nova, dos 20 anos, e a das CroniQuintas. A proposta na época foi estimular a produção desse formato de texto, que tem características que o habilitam, dentro de uma larga tradição no jornalismo, a encontrar um lugar singular na produção jornalística atual.

Agora, voltamos com as crônicas, gênero que hoje tem pouco espaço nos veículos catarinenses e, ao longo dos meses, com croniportagens.

Acompanhe mais esse projeto da P&N!

sexta-feira, 11 de julho de 2025

Pobres e Nojentas rumo aos 20 anos: uma revista de classe





Por Míriam Santini de Abreu e Elaine Tavares

Pois agora! Não é que em 2026 a Revista Pobres & Nojentas completa 20 anos! Foi em maio de 2006 que iniciamos a edição impressa da nossa menina, que durou até dezembro de 2013 com 30 edições impressas por Hélio Devigili, o querido seu Hélio, no formato 23,5 x 21 cm e 28 páginas. Estão ali sete anos de histórias de gentes e lutas populares que faziam pulsar a vida cotidiana de Florianópolis e do estado.

Com o preço do papel inviabilizando a impressão, nosso fazer jornalístico se agarrou ao blog e à conta no YouTube, criados em 2007. O blog tem 355 mil visualizações; o YouTube, 118 mil, com 132 vídeos postados. A conta do Facebook nasceu em 2013 e a do Instagram bem mais tarde, em 2023. 

Desde o nascimento, seguimos na senda de três pilares epistemológicos: a teoria marxista do jornalismo de Adelmo Genro Filho; o jornalismo libertador, inspirado na concepção filosófica de Enrique Dussel, criador da Filosofia da Libertação, e a ideia de croniportagem, vereda entre a crônica e a reportagem.

De lá para cá, fizemos um bocado de coisa e há muito a comemorar.

Uma delas foi apoiar a edição de livros. O primeiro, “Mulheres da Chico”, organizado pela educadora Sandra Cochemore Ribes, a assistente social Vanessa Flores, a fotógrafa Sônia Vill e a equipe da Casa Chico Mendes. Com o apoio da equipe da Pobres, da Letra Editorial e do Sintufsc, o livro foi lançado em 1º de dezembro de 2008 no saguão da Reitoria da UFSC. 

O segundo foi “Seu Antônio – Antônio Joel de Paula – a História de um Líder”, organizado e editado por Sandra Cochemore Ribes (2013). O terceiro, “Contos da Seve – Histórias de Severiana Rossi Correa”, organizado e editado por Eduardo Schmitz com prefácio do jornalista Moacir Loth. 

Em 2008, apareceu a “Pobres & Nojentas Teórica”, um caderno de 36 páginas com três textos da equipe sobre o jornalismo praticado em sindicato. Já em 2009 nasceram dois "Cadernos Soberania Comunicacional” em parceria com o Portal Desacato.

As parcerias renderam e continuam rendendo. Em setembro de 2008, o Portal Desacato e a Pobres realizaram o 1º Encontro pela Soberania Comunicacional, Popular e Libertária na Assembleia Legislativa de Santa Catarina. Em 2010, integrávamos a Rede Popular Catarinense de Comunicação (RPCC), que reunia veículos de comunicação catarinenses que atuavam com base nos princípios e nas práticas da Soberania Comunicacional. O conceito de Soberania Comunicacional é desenvolvido pela jornalista Elaine Tavares como a comunicação popular/comunitária/libertadora que supera a posição de resistência e caminha para a conquista dos meios massivos, articulada aos que lutam para transformar o mundo, avançando para o novo e sendo capazes de pavimentar outra práxis.  

A Rede foi o resultado de dois Seminários de Comunicação e Cultura Popular organizados pela então Agência Contestado de Notícias Populares (Agecon), uma das integrantes da RPCC, tendo à frente o educador Jilson Carlos Souza, hoje envolvido em iniciativas de comunicação e organização popular na Região do Contestado. 

Em outubro de 2013, apareceu a “Pobres & Nojentas no Mercado”, na conta do YouTube da revista, com entrevistas gravadas em um dos mais “nojentos” pontos de encontro da capital catarinense, o Bar do Alvim, no Box 1 do Mercado Público, onde, antes da “gourmetização” do Mercado, a gente se encontrava para buscar o alimento do corpo e da luta. 

Ao longo da caminhada, uma alegria para a equipe foi depositar as 30 edições da Pobres na Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro. Todas as edições foram depositadas também, em formato impresso e digital, na Hemeroteca Digital Catarinense, que cuida da memória do jornalismo catarinense.

A Pobres era uma inspiração para muita gente que desejava fazer jornalismo fora das grandes redações. Foi por ler a revista quando ainda morava em Minas Gerais que o agora jornalista Rubens Lopes de Souza escolheu a Pobres como tema de seu Trabalho de Conclusão no Curso de Jornalismo da UFSC, apresentado em 2017 com o título “Jornalismo libertador: a estrutura e a dinâmica da revista Pobres & Nojentas”. 

Em 2020, em plena pandemia de Covid-19, publicamos o primeiro livro da coleção “Jornalismo no Coletivo”, nascida na parceria com a jornalista Sandra Werle (Letra Editorial), que, com a jornalista Rosangela Bion de Assis, diagramava a revista impressa. Foram os seguintes: “A rebelião do vivido no jornalismo independente de Florianópolis” (2020). “Território e texto: jornalismo ambiental em Santa Catarina” (2023) e “Jornalismo e comunicação sindical em Santa Catarina” (2024). Publicamos ainda o livro “A atualidade da obra do jornalista Marcos Faerman”, em parceria com VU Produtora, de Laura Faerman (2023).

Apostando no vídeo, em 2023 iniciamos o projeto “Repórteres SC”, até agora com 29 entrevistas, plasmando a memória dos repórteres que fizeram seu caminho aqui no estado, e o “Trajetórias e Histórias”, com 2 episódios, que busca contar a história de personalidades da cidade que fazem parte da história das lutas. Em 2024, foi a vez do projeto “Escadarias do Maciço”, para o qual produzimos três episódios, mostrando a vida nas comunidades dos morros que conformam o Maciço do Morro da Cruz. Em dezembro de 2024, apareceu o “Conversas na Tiradentes”, uma parceria com a Livraria Desterrados, do Tasso Scherer, já com 10 programas, também buscando eternizar a memória dos escritores catarinenses. 

Em breve, divulgaremos um conjunto de vídeos com parceiros desta jornada e lançaremos mais um novo projeto. Este é surpresa!

São 20 anos de aventuras jornalísticas guiadas pela frase de abertura do manifesto publicado no número 1 da revista: cooperativa da palavra libertária, criadora, caminheira. 







quarta-feira, 9 de julho de 2025

Jurandir Silveira, repórter




O fotógrafo e editor de fotografia Jurandir Silveira é mais um entrevistado do projeto Repórteres/SC. Nascido em Porto Alegre (RS), desde pequeno ficou fascinado com as fotografias nos jornais. Órfão de mãe e pai cresceu num orfanato, de onde saiu com um ofício, iniciando sua carreira no jornal como gráfico. Mas, a fotografia o chamava e ele foi aprendendo sozinho. Foi na cozinha de uma tia que improvisou um laboratório para fazer os primeiros experimentos fotográficos. 

Trabalhou nos grandes jornais do Rio Grande do Sul, como Correio do Povo e Zero Hora, e do Rio de Janeiro (O Dia e Jornal do Brasil). Ainda no Rio Grande do Sul, presidiu a Associação de Repórteres Fotográficos e Cinematográficos e integrou a direção do Sindicato dos Jornalistas. Foi sócio da Agência Objetiva Press Fotografia e Notícias e, em Santa Catarina, foi editor de fotografia no Diário Catarinense, sendo relatado por uma geração de repórteres fotográficos que passaram pelo então principal veículo do grupo RBS no estado. No DC, reformulou o setor de fotografia. Um destaque na trajetória de Jurandir é a riqueza de experiências profissionais enquadradas em diferentes contratos e relações de trabalho.

É um fotógrafo premiado tanto no Brasil quando fora. 

Na entrevista, ele fala sobre sua trajetória, as viagens pelo Brasil e exterior, entre as coberturas de Copas do Mundo e eleições em países da América Latina, e conta detalhes sobre fotografias e coberturas que distinguiram seu trabalho, como a da ocupação da Fazenda Anonni (Sarandi, RS), em 1985, um marco na história do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Brasil. 

Hoje aposentado e morando no Estreito, Jurandir gosta de fotografar a natureza. 

A gravação e as fotos são de Rubens Lopes.

segunda-feira, 7 de julho de 2025

Jurandir Silveira no 29º episódio de Repórteres SC







O fotógrafo e editor de fotografia, Jurandir Silveira é o 29º entrevistado do projeto Repórteres/SC. Nascido em Porto Alegre (RS), desde pequeno gostava de ver as fotografias nos jornais e iniciou na carreira como gráfica. 

Trabalhou nos grandes jornais do Rio Grande do Sul, como Correio do Povo e Zero Hora, e do Rio de Janeiro (O Dia e Jornal do Brasil). Em Santa Catarina, foi editor de fotografia do Diário Catarinense, sendo relatado por uma geração de repórteres fotográficos que passaram pelo então principal veículo do grupo RBS no estado.

Na entrevista, Jurandir fala sobre sua trajetória, as viagens pelo Brasil e exterior e conta detalhes sobre fotografias e coberturas que marcaram seu trabalho, como a da ocupação da Fazenda Anonni (Sarandi, RS), em 1985, um marco na história do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Brasil. 

O vídeo está em edição e será divulgado com mais detalhes da trajetória de Jurandir. As imagens são de Rubens Lopes.

sexta-feira, 4 de julho de 2025

Flávio José Cardozo, escritor


Falar em Flávio José Cardozo é dizer Santa Catarina. Seus escritos dão forma à vida que viceja e floresce no nosso estado. A vida das gentes trabalhadoras. Nos contos e nas crônicas o gurizinho de Lauro Müller, que entendia o mundo a partir da verdura da serra do rio do rastro e que transbordou depois que viu o mar, centra o foco no povo, na gente comum. Suas palavras descortinam mundos e seus livros são como cântaros a transbordar beleza.

Ele conta que quando era bebezinho, sua mãe, costureira, trabalhava com ele deitado em seu colo, e desde então o seu corpo foi se familiarizando com a música provocada pelo rodar da roda da máquina de costura. E esse ritmo foi se expressando na construção das palavras que vão se juntando como uma afinada orquestra. “Não fosse escritor, queria ser músico”, diz. O fato é que se a mão não tocou qualquer instrumento musical, atacou com destreza a máquina de escrever. E o resultado sempre foi a pura formosura. 

Neste vídeo trazemos alguns recortes da vida e da obra do premiado e amado escritor catarinense. A infância em Lauro Müller, o seminário, a vinda para Florianópolis, o trabalho na Revista Globo de Porto Alegre, a direção da Imprensa Oficial Catarinense, seu ofício de escritor, tudo narrado com humor e ternura. Flávio ainda fala da literatura catarinense e dos novos tempos. Hoje, aos 87 anos, aposentou a pena e vive sereno, entre pássaros e livros, na perfeição de Santo Antônio de Lisboa, com Isabel, seu amor. Seu legado, “uns livrinhos”, ilumina a literatura catarinense.

O vídeo tem imagens de Tasso Claudio Scherer, com apoio de Marco Scherer. 

domingo, 29 de junho de 2025

"Trajetórias e Histórias: com o arquiteto e professor Lino Peres


Uma vez disseram ao Lino que, se em uma reunião o nome dele fosse pronunciado três vezes, ele apareceria.

É porque o arquiteto e professor Lino Peres parece estar em vários lugares ao mesmo tempo e carrega uma história que se entrelaça com as lutas populares de Florianópolis desde 1978, quando ele se mudou para a capital catarinense. 

Nascido em Rio Grande (RS), Lino mudou-se para Porto Alegre para estudar. Ganhava a vida vendendo enciclopédias enquanto cursava Direito. Mas o mundo jurídico foi deixado para trás quando ele foi aprovado em Arquitetura e Urbanismo na UFRGS, iniciando a trajetória que o levou a professor concursado no Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFSC.  

Os estudos de mestrado e doutorado foram feitos no México, sendo a tese uma pesquisa sobre a crise habitacional dos anos 1970/90, para a qual ele estudou o caso da primeira ocupação urbana organizada em Santa Catarina, em 1990, gerando o hoje bairro Monte Cristo, no continente. 

A carreira acadêmica de Lino teve uma série de projetos de extensão em torno de 25 comunidades de Florianópolis, como no Santinho, na Ponta do Leal e na Panaia, sempre em torno da moradia e dos embates do plano diretor. 

Foram também anos de lutas no movimento docente, no movimento negro, no Partido dos Trabalhadores (PT) e em movimentos de defesa do direito à cidade e da natureza.

Entre 2013 e 2020, Lino foi vereador pelo PT, buscando levar para a Câmara as demandas das populações empobrecidas e o combate ao projeto de transformação da cidade em mera mercadoria.

Lino atua hoje no Instituto Cidade e Território e no Fórum da Cidade. Organizou livros sobre política urbana (como “Resgatando Paisagens”, “Confrontos na Cidade” e “Crítica da Política Habitacional”) e, em 2024, lançou um só seu, de poemas, “Duplo Inteiro”, expressão do amor pelas artes. 

Entrevista gravada por Rubens Lopes de Souza com edição de Elaine Tavares.

O projeto, iniciado em 2023, entrevista pessoas cuja história de vida se entrelaça com as lutas populares em Santa Catarina.

Foto: Rubens Lopes de Souza

Veja a entrevista aqui:



terça-feira, 24 de junho de 2025

Paulino Júnior, escritor



A cidade conservadora do interior paulista, Presidente Prudente, tinha horizontes muito reduzidos para um garoto em ebulição como o Paulino Júnior. Mas, ele descobriu o rock'n'roll, espaço seguro de rebeldia e criação. E foi nesse campo, o da música, que ele ensaiou os primeiros passos da escrita. Não estou satisfeito em criar grupos de rock, Paulino escreveu suas próprias canções. Nesse ensaio, foi dando corpo para sua escritura. O tempo passou e ele saiu em busca de conhecimento para uma possível carreira de professor. Fez faculdade, mestrado, e caminhou por aí, na vereda universitária. 

Foi então que apareceu a oportunidade de vir para Florianópolis junto com a companheira. Uma reviravolta na vida. E assim nasceu o escritor. Paulino entendeu que era tempo de abrir passo para o que já borbulhava dentro dele há tempos. Desistiu da ideia de dar aula e dedicou-se a escrever. “Por isso, Santa Catarina é a mãe do escritor”, diz. Desde então, e lá se vão 20 anos, ele vem burilando seus contos, centrados na realidade dos trabalhadores. 

Não poderia ser diferente. Paulino é comunista e militante. Está na vida para travar lutas e esgrimir palavras. Foi cronista do Notícias do Dia e já publicou quatro livros. Dois de contos, um de crônica e outro, artesanal, que contém um conto. Seu tema é a vida mesma, da gente que trabalha. Neste vídeo, com imagens de Tasso Claudio da Silva e direção de Sérgio Vignes, ele fala de literatura, conta da sua vida e da sua obra, sempre em construção. 

sexta-feira, 13 de junho de 2025

Segundo episódio do projeto "Trajetórias e Histórias" traz entrevista com o arquiteto e professor Lino Peres

 

A equipe da Pobres & Nojentas iniciou em março de 2023 mais um projeto, o “Trajetórias e Histórias”. O objetivo é conversar com pessoas cuja história de vida se entrelaça com as lutas populares em Santa Catarina. Nesta sexta-feira (13), o entrevistado foi o arquiteto e professor Lino Peres. Lino nasceu em Rio Grande (RS), formou-se em Arquitetura e Urbanismo na UFRGS, em Porto Alegre, e em 1978 mudou-se para Florianópolis, onde iniciou carreira como professor concursado no Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFSC.  

Na entrevista, Lino fala sobre a sua trajetória pessoal e acadêmica, a atuação junto aos movimentos sindicais e populares, a experiência em dois mandatos como vereador e os atuais projetos desenvolvidos em diferentes áreas. É uma trajetória que se relaciona com as lutas sociais em Florianópolis desde o final dos anos 1970.

A entrevista foi gravada pelo jornalista Rubens Lopes de Souza, com edição da jornalista Elaine Tavares, e será publicada em breve.

Foto: Rubens Lopes de Souza

terça-feira, 10 de junho de 2025

Milton Ostetto, repórter




Milton Ostetto nasceu em Nova Veneza, Santa Catarina, e desde bem pequeno já desfrutava da beleza da imagem. É que seu pai era dono do cinema da cidade e ele podia assistir filmes de todo tipo. Aquilo lhe aguçou o olhar. Mais tarde veio morar em Florianópolis onde cursou a faculdade de Engenharia, mas sempre perseguindo a fotografia. Não descobri os estudos, mas andei por aí fotografando.

Na turbulenta década de 1980 já circulava nos espaços do jornalismo alternativo, convivendo com figuras como Eloi Galotti e Dario de Almeida Prado, este, um ás da fotografia. Apaixonado pela imagem batalhava para ter sua própria máquina, naqueles dias coisa muito cara, e arriscava-se na fotografia com máquinas emprestadas pelo jornalista Celso Martins, usando pontas de filme de outros colegas fotógrafos, sempre caçando a luz.

Primeiro, voltou-se para a natureza, afinal Florianópolis é um prato cheio. Mas, seu espírito rebelde logo encontrou as gentes. Sua câmera passou a buscar a lida dos pescadores, as passeatas, os atos, as lutas dos trabalhadores. Não foi um repórter clássico, com emprego em jornais ou TV. Mas, passou a vida toda registrando a luta social.

Ainda hoje, em qualquer manifestação que se vá, lá está ele, colado na máquina, registrando tudo e logo disponibilizando seu trabalho para potencializar a luta. É assim que ele reporta a vida, mas não qualquer vida: a vida do trabalhador. Também é o criador do Varal da Trajano, que leva a fotografia para a rua, onde ela pode ser vista por todos.

É a realidade do povo em luta que ocupa seu ser. 

Neste vídeo, um pouco de sua história e do seu trabalho. Com imagens de Rubens Lopes. 

sábado, 7 de junho de 2025

Milton Ostetto no 28º episódio de Repórteres/SC






O catarinense Milton Ostetto é o 28º entrevistado do projeto Repórteres/SC. Nascido em Nova Veneza, Sul do estado, ele se envolveu com o mundo da imagem, bem jovenzinho, com o pai, que tocava o cinema da cidade.

Quando veio para Florianópolis, passou no curso de Engenharia Elétrica na UFSC e foi nessa profissão que fez carreira. O caminho na fotografia foi se abrindo nas amizades com fotógrafos e jornalistas que moravam na capital e atuavam no jornalismo tradicional e independente. 

Trabalhou com Elloi Galotti, Dario de Almeida Prado, Sérgio Rubim e Nelson Rolim, no Afinal, jornal alternativo criado em Florianópolis nos anos 1980. Também atuou na agência de Fotografia Soma, de Tarcísio Mattos e Eduardo Marques. 

A mudança para o trabalho do Rio de Janeiro abriu novos olhares e Ostetto a considera uma virada no seu entendimento sobre a fotografia, paixão que direciona para a natureza, a rua e as lutas dos movimentos sociais.

Desde 2015, também dedica-se o projeto "Varal na Rua", que marca os sábados na Trajano, apresentando uma fotografia para o povo. 

O vídeo está em edição e será divulgado com mais detalhes da trajetória de Ostetto. As imagens são de Rubens Lopes.

Fotos: Rubens Lopes

terça-feira, 27 de maio de 2025

Cristina Santos, escritora


Cristina é mineira de nascimento, mas criou-se em Niterói, Rio de Janeiro, onde estudou e iniciou seu trabalho como pesquisadora, bióloga e primatóloga. Veio para Florianópolis há mais de 25 anos e foi aqui que passou a escrever livros informativos para a infância. Sua intenção sempre foi a de levar o conhecimento científico para as crianças, ajudando assim a compreensão da necessidade da preservação da natureza. Seu trabalho sobre os biomas de Santa Catarina, a natureza da ilha de Santa Catarina, os passarinhos e roteiros originais sobre a cidade rodam o país todo, sendo referência no campo do livro informativo. E serve tanto para crianças como para adultos.

Cristina acredita que para proteger a flora, a fauna e toda a abundante diversidade brasileira é preciso antes de conhecer em profundidade aquilo que nos cerca. Para ela, a natureza não é um cenário descolado da vida humana. Tudo está em ligação e equilíbrio. Neste vídeo ela fala do seu trabalho e também mostra a preocupação com o avanço alucinado da capital sobre o meio ambiente. Venha passear conosco nessa viagem educativa para conhecer um pouco mais da realidade do nosso estado e do país. 

As imagens são de Tasso Claudio Scherer, com o apoio de Sérgio Vignes. 

segunda-feira, 19 de maio de 2025

Paulo Arenhart, repórter


Paulo Arenhart veio de Porto Alegre para Santa Catarina disposto a fazer faculdade de medicina. Mas, não passou. A segunda opção era o jornalismo. Abraçou. Formou-se na UFSC, terceira turma do curso, e mesmo antes de terminar já estava trabalhando na Assembleia Legislativa. Em seguida conseguiu um trabalho na televisão, para fazer esporte. Ficou dividido. Gostava de esportes, mas também de política. Por fim, optou. Ficou na política e foi por aí mesmo que construiu sua carreira.

Atuoso como repórter na Assessoria da Assembleia, mas também atuoso ativo nas campanhas políticas, seja como coordenador ou como repórter. Passou pelo Palácio do Governo, como jornalista e como secretário durante o mandato de Paulo Afonso. Ajudou também a criar uma revista de Cultura, a Cartaz, e participou da criação do jornal popular Notícias do Dia, de bastante sucesso na capital. 

Ainda no campo da política esteve como secretário na prefeitura municipal de Florianópolis, na gestão de Dario Berger. Aposentado, derrotou nas campanhas políticas, sendo a última delas o deputado Marquito, no ano passado, bem como o candidato a vereador, Ricardo Baratieri. Como a política segue pulsando, ele se dedica a comentar e analisar a realidade catarinense, sempre com sua pena afiada, nas redes sociais. 

A trajetória de vida do jornalista é retratada em mais um episódio do projeto Repórteres SC, com imagens de Rubens Lopes. 

quinta-feira, 15 de maio de 2025

Paulo Arenhart no 27º episódio de Repórteres SC





O gaúcho Paulo Arenhart é o 27º entrevistado do projeto Repórteres/SC, a segunda da terceira temporada. Nascido em Porto Alegre, veio para Florianópolis no começo dos anos 1980, onde iniciou a faculdade de Jornalismo. A partir daí encontrei aqui as suas raízes. Passou pelos jornais locais, Diário e O Estado, participando no esporte e na política.

Sua caminhada no jornalismo político o levou também para a Assembleia Legislativa e para assessorias no Palácio do Governo. Atuou ainda como gestor assumindo carga de Secretário de Estado e foi criador de importantes veículos de comunicação como as revistas Cartaz e o jornal Notícias do Dia. 

Sua trajetória como repórter, jornalista e comunicador será retratada em mais um episódio que busca eternizar a memória do jornalismo e dos jornalistas que construíram sua história atuando em Santa Catarina. O vídeo está em edição. As imagens são de Rubens Lopes.