Elaine Tavares
Hoje começa nova estação. É começo do ano para
os povos originários das terras abaixo do Rio Bravo. Tempo de recolher, de
limpar quintais, de podar árvores, de chá com mel, de sopa quente, chocolate.
Hoje é dia sagrado, momento de celebrar. Desde os tempos imemoriais que os
homens marcam o tempo na virada das estações. Tempo de plantar, de colher, de
aquietar.
O inverno é tempo gris, de vento sul, de mar
grosso, de virada para dentro. É estação do recolhimento, de repensar a vida, as
escolhas, os caminhos.
Nesse primeiro dia do povo autóctone, na
espinha dorsal da nossa América baixa começam as comemorações do Inti Raymi,
festa mágica do povo andino. Na nossa terra Guarani é hora de aparecer no céu a
grande Ema, o Ñhandu, bicho mítico que enche a terra e o céu, apontando um tempo
de claridade.
É chegada a hora de retomar nossas memórias
antigas, de oferecer um pago a terra, de render graças por estar vivo na entrada
da nova estação, do novo ano. Porque, enfim, viver é um presente...
Feliz Solstício... Celebraremos com uma boa
sopa de raízes, para lembrar da Pachamama, da Terra mãe, que dá vida e prato
cheio.
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