AVISO AOS NAVEGANTES!
ESTA É A MILÉSIMA POSTAGEM NO BLOG DA POBRES & NOJENTAS! E ANUNCIA A PRIMAVERA...
Por Elaine Tavares - jornalista
O Campeche me avisou. Já há um sopro de primavera no ar. Nesta sexta-feira cheguei mais cedo em casa, e ainda era dia. Havia tempos que não conseguia esse feito. Tão logo desci do ônibus na parada do Castanheira já senti o cheiro. A primavera “invinha”, como dizem os mineiros. Havia uma tremenda algaravia de passarinhos no caminho repleto de árvores. Coisa de ensurdecer. E, tão logo virei à esquina da minha rua, o pequeno monte que há ao final da estrada apareceu absolutamente claro, num verde vivo. O céu estava sem manchas e tudo parecia reluzir. Meus pés afofaram na areia macia e me senti caminhando na beleza, como os navajos.
A criação de galinhas, do meu vizinho Luis, estava toda ciscando pela rua. O galo cantava, altaneiro e as galinhazinhas corriam para lá e para cá, cercadas pelos pintinhos, numa azáfama sem fim. Estavam serelepes, cantadeiras. Até o cachorro marronzinho que sempre corre a me morder os pés se quedou na porteira da casa, deitado, balançando o rabinho, olhando ao redor com condescendência. Aquilo só podia ser prenúncio de algo.
Nas casas da rua, as folhagens reluziam, verdes. E as flores começavam a florir, em todas as cores, prenunciando um arco-íris que vai se espalhar por todos os 800 metros de estrada de areia que tenho de percorrer todos os dias. O cheiro de dama-da-noite impregnou as narinas e veio aquela vontade doida de dançar, porque afinal, aí está chegando a primavera.
No portão de casa os gatos esperavam, aos pulos. Havia um frisson, uma pressa em saltar, em celebrar a vida. As correcas passavam rasantes, gritando vivas, e algumas corujas já espreitavam no muro em frente. O cachorro corria atrás das borboletas, que chegaram e voejavam por todo o jardim. Bartolina escalava o pé de araçá em busca de um beija-flor. Não o abocanhou. Lá em frente o sol começou sua descida para o Japão, avermelhando o céu. Os eucaliptos se dobravam, dolentes, formando um cenário de sonho. Caia um vento sul, levinho. E eu, me sentei no alpendre a sorver um mate, encantada, esperando que ela chegue, já sentindo seu cheiro.
O equinócio a trará, no 23 de setembro, dia mágico, anunciador de delícias. Primavera... Renascer. Florir. Viver. Vem a noite e eu na rede, balangando...balangando... Lá em cima, as três marias, o cruzeiro do sul. O céu do Campeche, brilhoso demais. Cá embaixo, uma viola caipira, um pito, um chamego. Quem, afinal, precisa de mega-sena?
O Campeche me avisou. Já há um sopro de primavera no ar. Nesta sexta-feira cheguei mais cedo em casa, e ainda era dia. Havia tempos que não conseguia esse feito. Tão logo desci do ônibus na parada do Castanheira já senti o cheiro. A primavera “invinha”, como dizem os mineiros. Havia uma tremenda algaravia de passarinhos no caminho repleto de árvores. Coisa de ensurdecer. E, tão logo virei à esquina da minha rua, o pequeno monte que há ao final da estrada apareceu absolutamente claro, num verde vivo. O céu estava sem manchas e tudo parecia reluzir. Meus pés afofaram na areia macia e me senti caminhando na beleza, como os navajos.
A criação de galinhas, do meu vizinho Luis, estava toda ciscando pela rua. O galo cantava, altaneiro e as galinhazinhas corriam para lá e para cá, cercadas pelos pintinhos, numa azáfama sem fim. Estavam serelepes, cantadeiras. Até o cachorro marronzinho que sempre corre a me morder os pés se quedou na porteira da casa, deitado, balançando o rabinho, olhando ao redor com condescendência. Aquilo só podia ser prenúncio de algo.
Nas casas da rua, as folhagens reluziam, verdes. E as flores começavam a florir, em todas as cores, prenunciando um arco-íris que vai se espalhar por todos os 800 metros de estrada de areia que tenho de percorrer todos os dias. O cheiro de dama-da-noite impregnou as narinas e veio aquela vontade doida de dançar, porque afinal, aí está chegando a primavera.
No portão de casa os gatos esperavam, aos pulos. Havia um frisson, uma pressa em saltar, em celebrar a vida. As correcas passavam rasantes, gritando vivas, e algumas corujas já espreitavam no muro em frente. O cachorro corria atrás das borboletas, que chegaram e voejavam por todo o jardim. Bartolina escalava o pé de araçá em busca de um beija-flor. Não o abocanhou. Lá em frente o sol começou sua descida para o Japão, avermelhando o céu. Os eucaliptos se dobravam, dolentes, formando um cenário de sonho. Caia um vento sul, levinho. E eu, me sentei no alpendre a sorver um mate, encantada, esperando que ela chegue, já sentindo seu cheiro.
O equinócio a trará, no 23 de setembro, dia mágico, anunciador de delícias. Primavera... Renascer. Florir. Viver. Vem a noite e eu na rede, balangando...balangando... Lá em cima, as três marias, o cruzeiro do sul. O céu do Campeche, brilhoso demais. Cá embaixo, uma viola caipira, um pito, um chamego. Quem, afinal, precisa de mega-sena?
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