segunda-feira, 9 de março de 2009

O benzedor de pedras

Míriam Santini de Abreu

Houve uma tarde em que o calor era como benzedura do Reino de Baixo. Estava eu, como sói acontecer aos açoitados por miragens, coberta com linho, nos pés sandálias ornadas com lápis-lazúli extraído das minas de Badakshan. Karl vinha ao meu lado. E por olhá-lo com olhos de Ishtar, alcei os braços e ordenei aos elementos: - Agora chove.
E então a canícula se rendeu a mim. Os primeiros pingos grossos nos flagraram à beira dos jardins no Mar da Babitonga.
Karl é assim: benze pedras e elas se apaixonam por peixes.

Nenhum comentário: