terça-feira, 26 de agosto de 2008

Carne e espírito

Fernando Karl
Corôo com minha carne de um lado.
Com o espírito me coroam do outro.
A Danaide assassina me sorve o espírito
ou lava-me em suas conchas remissórias.
Lavo a luz em tua voz antiga.
Sou tão leve.
Ela é a noiva sumidiça.
Sou a embarcação de zéfiros,
cascatas, corvos.
Passo delirante, não fujas,
tez assombrada,
de mim.
Danaide de meu inferno,
eu te amo.
Sacerdotisa almiscarada,
serva do divino oratório,
os pregos de minha cruz são de nuvem.
Eu sou de nuvem.
Ontem,
teus olhos iluminaram o sol.

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