Desde há 500 anos, quando chegaram nas nossas terras os
invasores, que a proposta do mundo branco é exterminar os povos indígenas. Primeiro foi
através da escravidão.Não deu certo. Depois houve a tentativa de integrar o índio
na cultura branca, entendida como civilização. Tampouco foi possível. O índio
que vive no mundo branco nunca é totalmente aceito. A sociedade é racista,
preconceituosa e discriminadora.
Assim, não foi sem razão que o assassinato bárbaro do menino
de dois anos, Vitor Kainkang - degolado
por um jovem de 23 anos em Imbituba, litoral catarinense - passou sem maior
alarde nos meios de comunicação. Um pouco mais de atenção e já se poderia notar
a culpabilização da vítima. O que fazia
a família fora da aldeia? Porque não ficam quietos nos seus lugares de origem? Porque
para a sociedade dita branca o lugar do
índio é confinado em algum lugar bem distante, que não incomode a vista.
Mas, os povos indígenas são povos livres que como qualquer
um de nós têm todo o direito de se movimentar pelo território. Além do mais,
como são relegados pelas políticas públicas governamentais e raramente tem suas
terras demarcadas, eles precisam batalhar para garantir a comida na mesa. E uma
das formas de sobrevivência que encontram é justamente vender seu artesanato na
temporada de verão no litoral. Logo, o fato de uma família Kaingang estar no
litoral, tão longe de sua terra e em condições precárias de alojamento é muito
mais responsabilidade dos governos do que deles.
Daqui a quatro dias se cumprem os trinta dias do assassinato
de Vitor, o pequeno guerreiro kaigang. O provável assassino está preso, mas o
inquérito deve ser concluído até a próxima semana. Em Florianópolis movimentos
sociais e de apoio a questão indígena, bem como representantes das três etnias
(Kaingang, Guarani e Xokleng Laklãnõ, preparam uma homenagem para marcar a data
do assassinato. Está sendo organizada pelo Museu do Brinquedo uma exposição de
brinquedos e brincadeiras no hall da Biblioteca da UFSC, a partir do dia 29, para
lembrar a meninice perdida de Vitor.
Passe o tempo que passar, nas terras indígenas ninguém vai
esquecer. Até porque, outros meninos e meninas estão aí, na dura luta pela
sobrevivência não só de si mesmos, mas de toda a sua cultura.
Vitor Pinto, presente!!!
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