Por Elaine Tavares - jornalista
Na última sexta-feira, dia 7, os estudantes e populares que realizaram manifestação em frente ao Terminal Central de Florianópolis não deixaram dúvidas. Caso a prefeitura aumentasse o valor das passagens no domingo, eles voltariam para exigir a revogação. E não deu outra! Não é de hoje que o governo de Dário Berguer (PMDB) se faz surdo aos desejos da população. Nos últimos meses tem enfrentado a ira das comunidades de todo o município, que querem ver reconhecidas as decisões que tomaram em três anos de debates sobre o Plano Diretor. Pois o governo, surdo, decidiu contratar uma empresa de fora para refazer o plano, completamente alheio ao que foi decidido pelo povo em Audiências Públicas.
Agora faz o mesmo com as tarifas de ônibus. Jogando a culpa para cima dos trabalhadores do transporte, alegando que pelo fato de eles terem tido aumento salarial, é necessário o reajuste tarifário, Dário joga o povo contra os trabalhadores. Típica trapaça. A passagem dos coletivos de Florianópolis é uma das mais caras do Brasil e a proposta era de elevá-la para R$ 3,10. As mobilizações de sexta-feira colocaram o gabinete municipal com as barbas de molho e o aumento que veio domingo carregou a passagem de 2,80 para 2,95, ainda assim um aumento significativo para grande parte da população que amarga anos de arrocho salarial.
A propaganda que insensa a ilha como “ilha da magia”, fala em tarifa única, mas, na verdade são quatro. Quem paga antecipado, enchendo os bolsos dos empresários, bem antes de usar o benefício, marcha com 2,38. Quem paga direto ao cobrador, em dinheiro, desembolsa 2,95, e os que usam as linhas de tarifa social, no cartão pagam 1,60 e no dinheiro vivo pagam 1,95.
Na segunda-feira, dia 10, os estudantes voltaram à rua, desta vez em maior número. Mais de 1.500 pessoas saíram em passeata pelas ruas até o gabinete do prefeito. Na pressão, entraram porta adentro, decididos a conversar com Dário Berger. Ele não estava. O povo ocupou o gabinete. Mas não foi por muito tempo. Na maior correria chegou a tropa de choque e sobrou pancadaria para todo o lado. Também não faltaram as armas de eletrochoque que acertaram até a deputada Angela Albino. E aí, é bom que se diga, até a ONU já discutiu sobre o perigo destas armas, aparentemente “inofensivas”. Uma pessoa que use marca-passo, por exemplo, pode morrer com um choque destes, e outros problemas relacionados ao coração podem ocasionar uma morte. Mas, ao poder, que importa?
O mais grave é ver a tropa de choque, com toda a truculência, investir sobre garotos e garotas secundaristas, que nada mais querem que garantir o famosos direito de ir e vir. Afinal, com uma tarifa tão alta, esse sagrado direito fica limitado àqueles que Bresser Pereira cunhou como “cidadãos-clientes”, ou seja, só são cidadãos da polis aqueles que podem pagar, consumir.
As manifestações de segunda terminaram em frente à Câmara de Vereadores onde os estudantes e populares foram denunciar a brutalidade governamental. Para quinta-feira, dia 12, está sendo chamado mais um grande ato no centro. Se a polícia é chamada para garantir o “ir e vir” dos graúdos, então os estudantes querem que o governo reconheça o seu direito de ir e vir com uma tarifa zero. “O trabalhador usa o ônibus para vir trabalhar, para entregar sua força de trabalho ao patrão. É justo que o patrão pague por isso. Queremos tarifa zero para o usuário”, insistem os estudantes.
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