Por Raúl Fitipaldi
Me disseram que está morta. Que absurdo! Quanta ignorância carrega nossa urbanidade, tão branca e euro-centrista. Acaso não conseguem entender, irmãos das citys, que La Negra foi dormir no colo da Pachamama? Tá lá, escutem como uma brisa vem surgindo dos riachos, vem viajando num tardio minuano, que de raro, brotou em San Miguel de Tucumán. Escutem, couro redondo é batido com lento esmero. Abaixem os ouvidos, como para escutar o galope. Vem pela terra: é brisa grave, funda.
Já ouvi essa brisa estalar em ventos, em furacões, em trovões de Pátria Grande. Já a ouvi cortar as torturas com agudos estrepitosos e calmos.
Um parto gigantesco acontece no ventre da Pachamama, corais de pássaros índios entoam Tejada Gómez, Félix Luna, Pablo Milanés, Silvio, e Chico e Milton, e Charly e Fito, e tudo aquilo que ao povo se dirige e do povo se trata. Corais de ponchos mestiços e negros e vermelhos e pobres ponchos reluzentes abrigam mãos de mulher mansa, como mansa pode ser a guerra na réplica da denúncia. Escutem, escutem.
Vejam e escutem os cintilares. Aumentam as estrelas na Pátria Grande. São infinitos teus olhos Pachamama, iluminando este caminho insurgente. Nossa boca beija com tuas toadas insurgentes; nossa língua canta teu recital que contesta, nosso repertório foi por ti escolhido.
Pela Pachamama que esteve mais de 70 anos na terra, nos tratando de TÚ e de VOS.
Pachamama dos céus e da terra, dos mares e dos rios, das cordilheiras e dos desertos, Pachamama do Jardim da República. Terra-mãe dos povos sedentos, terra-mãe da minha minúscula adolescência, de minha sonhadora juventude, da minha maturidade inalcançada, desta solidão que me arrepende. Terra-mãe que com tuas palavras mandaste meu bico em riste, andar pelas ruas rebeldes de Montevidéu, Buenos Aires e Desterro. Um dia sonhei contigo em Jujuy, eu estive em Jujuy, mas nunca no jardim onde nasceste. Pachamama que me deixas cru e só no lombo agreste do chão, preparas minha cama, com sedas e perfumes, para a hora de eu voltar-te a escutar ao vivo.
Pachamama-Negra-Sosa, Mercedes só concedidas para doçura deste povo; que não morres-te como mentem, porque és a Terra de Antes da Terra, de tua língua seguirão jorrando nossas vozes à Luta, de tua língua dourada, nascerão cada uma das Nossas Liberdades.
Me disseram que está morta. Que absurdo! Quanta ignorância carrega nossa urbanidade, tão branca e euro-centrista. Acaso não conseguem entender, irmãos das citys, que La Negra foi dormir no colo da Pachamama? Tá lá, escutem como uma brisa vem surgindo dos riachos, vem viajando num tardio minuano, que de raro, brotou em San Miguel de Tucumán. Escutem, couro redondo é batido com lento esmero. Abaixem os ouvidos, como para escutar o galope. Vem pela terra: é brisa grave, funda.
Já ouvi essa brisa estalar em ventos, em furacões, em trovões de Pátria Grande. Já a ouvi cortar as torturas com agudos estrepitosos e calmos.
Um parto gigantesco acontece no ventre da Pachamama, corais de pássaros índios entoam Tejada Gómez, Félix Luna, Pablo Milanés, Silvio, e Chico e Milton, e Charly e Fito, e tudo aquilo que ao povo se dirige e do povo se trata. Corais de ponchos mestiços e negros e vermelhos e pobres ponchos reluzentes abrigam mãos de mulher mansa, como mansa pode ser a guerra na réplica da denúncia. Escutem, escutem.
Vejam e escutem os cintilares. Aumentam as estrelas na Pátria Grande. São infinitos teus olhos Pachamama, iluminando este caminho insurgente. Nossa boca beija com tuas toadas insurgentes; nossa língua canta teu recital que contesta, nosso repertório foi por ti escolhido.
Pela Pachamama que esteve mais de 70 anos na terra, nos tratando de TÚ e de VOS.
Pachamama dos céus e da terra, dos mares e dos rios, das cordilheiras e dos desertos, Pachamama do Jardim da República. Terra-mãe dos povos sedentos, terra-mãe da minha minúscula adolescência, de minha sonhadora juventude, da minha maturidade inalcançada, desta solidão que me arrepende. Terra-mãe que com tuas palavras mandaste meu bico em riste, andar pelas ruas rebeldes de Montevidéu, Buenos Aires e Desterro. Um dia sonhei contigo em Jujuy, eu estive em Jujuy, mas nunca no jardim onde nasceste. Pachamama que me deixas cru e só no lombo agreste do chão, preparas minha cama, com sedas e perfumes, para a hora de eu voltar-te a escutar ao vivo.
Pachamama-Negra-Sosa, Mercedes só concedidas para doçura deste povo; que não morres-te como mentem, porque és a Terra de Antes da Terra, de tua língua seguirão jorrando nossas vozes à Luta, de tua língua dourada, nascerão cada uma das Nossas Liberdades.
Um comentário:
absolutamente lindo raul.. besitos
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