terça-feira, 30 de outubro de 2007

Humanos, cães e arbustos

Poucas são as calçadas em Florianópolis, a capital catarinense, onde é possível ficarem, lado a lado, um ser humano, um cão e um arbusto. Não há espaço. Se um cão com aparência de raivoso aparece na virada da esquina, há duas alternativas: atravessar a rua ou arriscar-se a tropeçar na pata do bicho e levar uma mordida. Se há árvores ou arbustos na calçada, pior ainda. Melhor atravessar a rua.
Os arbustos e árvores, por sua vez, não mordem, mas galhos volta e meia atingem o rosto do pedestre. Também estão estressados. Basta ver o curta “Parálisis”, de Gabriel Acevedo Velarde (Peru/México 2005). Ao longo de dois minutos e meio, arbustos de calçada tremelicam e resmungam à passagem dos humanos. Quase ao final, um arbusto parece estar à beira de um enfarte, quase vomitando folhas.
Cada vez mais, o pedestre é discriminado na Ilha da Magia.

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