Jornalista Elaine Tavares é a primeira entrevistada
Por Míriam Santini de Abreu
A equipe da Pobres & Nojentas inicia em março de 2023 mais um projeto, o Trajetórias e Histórias. O objetivo é conversar com pessoas cuja história de vida se entrelaça com as lutas populares em Santa Catarina. Eu e Elaine Tavares faremos as entrevistas, com gravação e edição do jornalista Rubens Lopes de Souza.
A primeira entrevistada é a jornalista Elaine Tavares, cujo fazer profissional é narrar as sucessivas rebeliões do vivido no cotidiano dos e das trabalhadoras. Desde pequena, nascida na fronteira, a guriazinha de Uruguaiana vive para continuamente fazer coisas.
Elaine já viveu em quatro estados, atuou em todas as áreas e funções pelas quais um jornalista pode passar (tevê, rádio, jornal, assessoria de imprensa, assessoria parlamentar, sindical, docência) tanto na mídia tradicional quanto no jornalismo independente.
Ela trabalha no Instituto de Estudos Latino-Americanos (IELA/UFSC), tem um programa semanal na Rádio Comunitária Campeche, cuida do blog da Pobres & Nojentas e também do próprio blog, o Palavras Insurgentes, no qual a primeira postagem foi em outubro de 2007. Ali está a lista dos livros escritos por Elaine, nove, fora os capítulos publicados em coletâneas.
Ela já andou muito pelos pagos do mundo, afiou seus sortilégios nas terras da Andaluzia, da China, da Rússia, do Egito, da Pátria Grande Latino-Americana, mas ama Florianópolis do fundo do peito; saltita Centro afora feito uma lebre vendo as tendências com nossa querida amiga em comum Jussara Godoi e faz poema das veredas arenosas do Campeche, onde uma coruja dourada a aguarda todas as noites.
Conheci Elaine em agosto de 2000, quando assumi como jornalista no Sindicato dos Trabalhadores da UFSC, o Sintufsc, em plena greve dos servidores técnico-administrativos. Ela foi coordenadora de Comunicação do Sindicato e por ela e pela também coordenadora e jornalista Raquel Moysés conheci a obra dos jornalistas Adelmo Genro Filho e Marcos Faerman, para mim desencadeadores de epifania jornalística. Já estou na segunda carteira profissional e posso afirmar que não houve lugar de trabalho mais importante na minha própria trajetória do que o Sintufsc.
Particularmente, ao longo de 23 anos de convivência com a Elaine, a quem chamo de Cabecinha, a imagem que melhor define nossa caminhada é a cena final do filme "Anahy de las Misiones", de 1997. Ela é fronteiriça, eu sou serrana, e seguimos juntas em marcha rumo ao vasto e inevitável abismo, nas nossas carroças já rangentes, do embornal caindo projetos maravilhosamente fadados a prejuízos financeiros, mas movidas pelo contentamento e encantamento mútuo de fazer coisas.
Rumo ao nascente, Anahy, minha amiga, ao levante, sempre pra frente!!! Abra-se o maldito abismo!
EM TEMPO! Gravamos a entrevista na Praça XV, de frente para a Figueira. A Elaine está para publicar um novo livro chamado "Mentindo para a Figueira". Mas, na entrevista, só trouxe verdades!
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