sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Plano Diretor: teria sido muito fácil fazer melhor

Míriam Santini de Abreu

Não se sabe que “bicho” vai pousar na Câmara de Vereadores de Florianópolis nesta sexta-feira, e que a Prefeitura chama de projeto do Plano Diretor. Ontem a Prefeitura organizou, na Assembleia Legislativa, a chamada primeira Audiência Pública Geral do Plano Diretor. Mas, como não foi uma Audiência deliberativa nem se votarem propostas, não fica claro se o Executivo contemplou, na proposta final, o que os gestores ouviram ontem e também nos divulgados 100 encontros nos quais levaram a proposta às comunidades.

O Auditório Antonieta de Barros estava lotado. A maior parte das falas criticou o calendário apertado, a metodologia usada pela prefeitura e a falta de documentos fundamentais, como os mapas de condicionantes ambientais, para se fazer uma análise de fato da proposta. Mesmo nas poucas falas em defesa da prefeitura, não se ouviu referências positivas em relação ao projeto, e sim ao empenho da equipe. Ficou claro que mesmo o setor empresarial discorda do apressado calendário para definir, em poucas semanas, o futuro da Cidade.

O prefeito Cesar Souza nem deu as caras na Audiência. O super-secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano de Florianópolis, Dalmo Vieira, apresentou as linhas gerais, como tem feito nas reuniões. A vantagem das linhas gerais é não entrar em detalhes que efetivamente farão a diferença quando se bater o martelo, por exemplo, no tipo de ocupação dos nacos mais apetitosos da Capital, como o Sul da Ilha e outras áreas ambicionadas pelo setor imobiliário.

Representantes distritais, da UFSC, da UDESC e moradores mostraram-se preocupados também porque, apesar dos alardeados 100 encontros feitos pela prefeitura, não se sabe o que, de fato, foi anotado e contemplado no projeto que será entregue à Câmara. O secretário Dalmo falou muito na responsabilidade da prefeitura e na democracia para definição do projeto, mas, quando até setores empresariais expuseram dúvidas sobre que texto irá aparecer na Câmara, ficou bem vaga a expressão concreta desse discurso.

Dalmo Vieira praticamente não respondeu, de fato, nenhum pergunta. Como os questionamentos eram feitos em bloco, restrita, cada pergunta, a três minutos, ele respondia aos tópicos menos comprometedores e ignorava aqueles que efetivamente poderiam esclarecer as comunidades.

Membros do Núcleo Gestor Participativo do Plano Diretor, dispensado por e-mail, pelo secretário Dalmo, de suas atribuições, levantaram várias questões que ficaram sem resposta. Desde 2006, essas pessoas, indicadas pelas suas comunidades e entidades, têm feitos reuniões para construir um projeto que contemple a diversidade de representação no próprio Núcleo, no qual a bancada empresarial tem assento. Agora, esse trabalho, expresso em documentos construídos coletivamente, ficou no caminho em troca de outro cujo detalhamento ainda é um mistério.


Se termina de forma lamentável essa etapa de definição dos rumos da Capital, agora começa outra. O projeto irá para a Câmara, próximo local do embate. E para o dia 26, das 9 às 18 horas, na UFSC, está marcada a Conferência Popular do Plano Diretor. Dessa sairão os encaminhamentos que a de ontem sonegou à cidade, quando, pouco depois das 22 horas, foi encerrada a Audiência e desligados os microfones. Como disse o representante distrital da Lagoa da Conceição, teria sido muito fácil fazer melhor. 

Nenhum comentário: