Por
Marcela Cornelli, jornalista (texto e fotos)
A
um dia da Novembrada – manifestação popular contra o Regime Militar, ocorrida em Florianópolis
no dia 30 de novembro de 1979–,
completar 33 anos, movimentos sociais, sindicatos, trabalhadores e
trabalhadoras, centrais sindicais, movimento estudantil, parlamentares e
partidos políticos de esquerda, realizaram no Centro da Capital catarinense um
emocionante e forte ato na manhã dessa quarta-feira (28/11). Diante da
intransigência do governo do estado, comandado pelo governador Raimundo Colombo
(PSD), que não negocia com os trabalhadores da Saúde em greve há mais de um mês,
entidades dos movimentos sindical e social, realizaram uma assembleia e uma
manifestação exigindo a reabertura de negociação imediata com a categoria.
Os
manifestantes, entre eles trabalhadores da Saúde, bancários, servidores públicos
federais e do transporte urbano, se reuniram na Praça Tancredo Neves, em frente
à Assembleia Legislativa do Estado, com apoio das entidades sindicais e diversos
movimentos entre eles o MST e as Brigadas Populares. Logo após a Assembleia e o
ato, saíram em passeata até o Ticen (Terminal de ônibus do Centro). Os
motoristas e cobradores paralisaram os ônibus por mais de uma hora para apoiar a
greve da Saúde. Paralelamente a isso, os trabalhadores bancários, que estavam
mobilizados devido a um ato nacional da categoria, também paralisaram as
atividades e as escolas da grande Florianópolis também pararam por 40 minutos.
Todos movidos pela solidariedade à greve da Saúde. Exemplo magnífico de que é
possível uma unidade da classe trabalhadora e que é urgente que isso aconteça.
Foi como se um gigante adormecido acordasse Floripa, que tanto tem sofrido com
os ataques do capital. Foi um levante, um Já Basta! pelas ruas da cidade. A
massa fechou o Ticen, os bancos pararam e a rede estadual de ensino apoiou a
luta. Não há palavras para descrever esse ato histórico que aconteceu em
Florianópolis na manhã de hoje. Talvez um dos maiores fatos políticos encabeçado
pelos trabalhadores e sindicatos dos últimos tempos, desde a Revolta da Catraca
com o Movimento Passe Livre à frente em 2005 e a forte greve dos motoristas e
cobradores atingindo 100% de paralisação em maio desse ano.
Uma
demonstração de que a unidade e as grandes lutas estão voltando pra Floripa.
Ninguém aguenta mais a opressão do governo Colombo (PSD), que, desde que
assumiu, tem realizado um desgoverno no Estado, uma incapacidade de resolver os
problemas de segurança, saúde (que segundo ele seria sua prioridade número 1, 2
e 3) e educação e dialogar com os trabalhadores.
O
soldado Marcos Prisco, perseguido
politicamente na greve dos policiais na Bahia em fevereiro desse ano, estava
presente no ato. “Não recuamos, conseguimos nosso reajuste e a retirada dos
processos criminais contra os trabalhadores. Os companheiros que haviam sido
presos foram soltos e mostramos ao governo do PT da Bahia a força dos
trabalhadores”, disse emocionado e incentivando os trabalhadores da Saúde a
permanecerem na luta.
“Vocês estão fazendo o que todos os
trabalhadores deveriam fazer. Estão na luta. Não estão se curvando para os
carrapatos que estão agarrados no poder”, disse o Assessor
do Sintraturb, Ricardo Freitas.
A
deputada Estadual Ana Paula Lima (PT) disse que “o único culpado pela Greve é
governo do estado, que não negocia com os trabalhadores”. Ela participou
juntamente com demais parlamentares em visitas no dia anterior aos hospitais do
estado para ver as condições em que as unidades se encontram.
O
deputado Volnei Morastoni, também do PT, disse que solicitará mais uma audiência
pública para tratar da Saúde no Estado. “O Estado tem recursos sim para atender
as reinvindicações da categoria”, afirmou.
O
deputado Amauri Soares do PDT falou que os patrões temem a solidariedade da
classe trabalhadora. E que a unificação das lutas se faz
necessária.
Bruno
Mandelli, do DCE da UFSC, lembrou da participação importante de Santa Catarina
na Novembrada e que este movimento contribuiu para a derrubada da Ditadura.
Disse ainda que o movimento estudantil é solidário à greve na
Saúde.
Daniel
Silveira Ramos, da CSP-Conlutas, ressaltou as lutas internacionais dos
trabalhadores que estão se levantando em vários países e defendeu a unidade da
classe trabalhadora do Brasil e do mundo. “Os governos temem a classe
trabalhadora unida”.
Anna
Julia Rodrigues da Central Única dos Trabalhadores (CUT) disse que está na hora
de todos os servidores públicos estaduais se unirem em uma campanha pedindo o
“Fora Colombo”, sendo que este já demonstrou total incapacidade de governar o
Estado.
Durante
a manifestação, o Comando de Greve do SindSaúde recebeu uma ligação dizendo que
agora o governo quer conversar, mostrando que somente a luta pode mudar a
realidade da classe trabalhadora oprimida. Após a manifestação e um almoço
coletivo no acampamento em frente à Alesc, os trabalhadores seguiram de ônibus
até o Centro Administrativo na SC 401, que foi palco de ataques aos
sindicalistas na última segunda-feira, para realizar mais um ato e aguardar a
abertura das negociações.
E
como diria Mauro Iasi, “há quando os trabalhadores perderem a paciência...”.
Quando os trabalhadores perderem a paciência, um mundo lindo nos
espera!
Fonte:
SindSaúde
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