Por Rubens Lopes
Caminhar é essencial para a vida. Digo não só no sentido físico, mas também caminhar por um objetivo, um ideal. Assim, para mim tem-se tornado o ato de escrever. Escrever é uma questão vital, como caminhar.
Essa manhã fui caminhar até a praia do Campeche, onde (passados quatro anos) pela primeira vez vi o mar, na companhia do querido Stive Biko, o cachorro da casa, que recebeu seu nome em homenagem ao grande lutador africano. Ali ele também desvirginou os olhos diante do mar, quase que com o mesmo espanto que eu.
E, na praia, vi uma bela imagem, que muito me impressionou, tanto pela luz da manhã como o que ela tinha a dizer. Era um pescador, que usando chapéu de palha, bermuda e camiseta, descalço caminhava na praia. A luz do sol refletida pela água lhe deu uma silhueta definida de claro-escuro contra a luz. Fiquei admirado diante daquela imagem cheia de significados. A imagem do homem do mar diante daquela imensidão aparecia apenas como um punctum, toda a beleza da espuma das ondas que chegam até a praia, aquela luz...
E foi isso que me levou a pensar sobre o ato de escrever e o que ele partilha com o caminhar. Ainda não caminhei nem um terço da vida e apenas começo a engatinhar na escrita. Assim, como na minha pequena caminhada, ao escrever às vezes titubeio, caio, me levanto, me machuco e levo comigo as cicatrizes para contar das dores que já vivi. Mas também levo muitas alegrias, memórias de lugares por onde caminhei, imagens, sons, pessoas, sorrisos e até lágrimas comungadas. Tudo isso me ajudou na caminhada e a ter as ideias que tenho.
Agora, continuo a caminhar e a escrever com um objetivo em mente: me tornar um jornalista. Mas, assim como o poeta, acredito que o sentido da caminhada não está nem no início nem no fim, e sim no meio.
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