quarta-feira, 16 de março de 2011

Mulher, socialista, cubana

Marcela Cornelli


Aleida Guevara emocionou uma platéia de estudantes, sindicalistas e lideranças do movimento social em Florianópolis

“Quando uma mulher participa de um processo revolucionário, significa muito mais que uma ideologia política, ela defende o fruto do seu próprio ventre, ela defende o futuro de um país”, afirmou Aleida Guevara, filha mais velha de Che Guevara, durante um debate sobre o Papel da Mulher na transformação social.

O debate, realizado no dia 9 de março pela Fundação Cultural José Martí, em conjunto com entidades sindicais e sociais e com apoio de parlamentares catarinenses, marcou as atividades do Dia Internacional da Mulher em Florianópolis.

Aleida, que estava na cidade desde o dia 4 de marçoa veio à Florianópolis para participar do desfile da escola de samba União da Ilha da Magia, que, com o enredo "Cuba sim! Em nome da verdade!", homenageou o país socialista. “Não tenho dúvidas de que a União da Ilha da Magia prestou um importante serviço a esta cidade. O título de campeã do carnaval em Florianópolis é de todos nós”, disse o presidente da escola e coordenador do Sindprevs/SC, Vlamir Braz de Souza, que também esteve presente no debate.

Aplaudia de pé. Assim Aleida foi recebida por todos os presentes no Teatro Álvaro de Carvalho. Ela falou sobre as conquistas das mulheres cubanas e a luta que ainda se faz necessária em Cuba e em todos os países do mundo. “Mesmo com a revolução, ainda vivemos sob a influência de uma cultura machista de mais de 500 anos”, disse Aleida.

A palestrante disse que Cuba já alertou sobre a feminilização da pobreza no mundo, sendo que 62% dos empobrecidos são mulheres. Ela ressaltou alguns avanços das mulheres cubanas, que representam 47% da força de trabalho na ilha caribenha como, por exemplo, a licença maternidade de um ano compartilhada pelo homem e pela mulher, a igualdade salarial no mercado de trabalho, o direito à saúde e educação gratuitas, direitos de todo cidadão cubano. O aborto também é permitido em Cuba e realizado em hospitais. “O aborto em Cuba não é usado como um método anticonceptivo. Fizemos um forte trabalho de educação sexual nas escolas e de prevenção. O aborto é um direito da mulher”, defendeu.

Médica, Aleida também lembrou que 99,1% dos médicos gerais do país são mulheres e que as mulheres representam 43,32% dos parlamentares em Cuba, tendo uma expressiva participação na política.

Quanto à violência contra a mulher, isso é um problema praticamente inexistente em Cuba, segundo Aleida. “Somos educados desde pequenos que em uma mulher não se bate nem com uma flor. E quando acontece algum tipo de violência o homem é imediatamente punido. Em Cuba não se tolera nenhuma violência contra a mulher”, disse.

Aleida também foi questionada pelos participantes sobre outras questões como o tratamento dado aos homossexuais em Cuba e a saída de cubanos da Ilha para viverem nos Estados Unidos. Aleida admitiu que muitos foram os erros em relação aos homossexuais no país, mesmo após a Revolução, mas que Cuba está melhorando e avançando nesse debate, que vem sendo encabeçado pela filha de Raul Castro. “Temos muito ainda o que melhorar e trabalhar na educação das pessoas em relação a isso”, afirmou.

Quanto à saída de cubanos para viverem nos Estados Unidos, Aleida disse que o país norte-americano dá incentivos como casa e trabalho aos cubanos que “pisam” em solo estadunidense. Existe nos EUA uma lei que incentiva essa imigração ilegal, então como evitar que os cubanos não fiquem tentados a viver no país inimigo?

Ao ser questionada sobre o que mais ela admirava na personalidade de Che, Aleida, cujos olhos lembram os do revolucionário, ela respondeu que era “a coerência”. “Che vivia na prática o mesmo discurso que pregava”.

Ao final do debate ela leu um poema escrito por um dos cinco heróis cubanos – preso político nos Estados Unidos, Antonio Guerrero, em homenagens às mulheres. Aleida lembrou ainda que estes homens estão presos injustamente e que suas mulheres, mães e filhas os esperam de volta em Cuba. Emocionada, ela pediu solidariedade à luta do povo cubano por justiça e pela liberdade dos cinco heróis cubanos e agradeceu a homenagem feita ao seu país e ao seu povo pela União da Ilha da Magia.

2 comentários:

Nilson R. do Nascimento disse...

Quero parabenizar as pessoas que tiveram todo o trabalho de organizar a estadia e apresentação de Aleida em SC, o que no fim deve ter sido transformado em prazer, parabens Marcela e equipe, linda são as mulheres.

Aliine Maria disse...

Tambem quero parabenizar a iniciativa de organizar o debate com uma pessoas como a Aleida. Deixo a minha inveja positiva no sentido de que é enorme a vontade de estar mais perto deste debate e de companheiras mulheres que pautam sua vida na justiça e igualdade. Apoio à causa cubana!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Aline MAria