Por Elaine Tavares - jornalista
A novela Viver a Vida terminou neste sábado e, como sempre, uma novela da Globo, por ser uma usina reprodutora de mais-valia ideológica, repercute em vários outros momentos da telinha. Este folhetim em especial suscitou muito debate sobre o que ficou configurado como “a possibilidade de superação”, uma vez que a personagem principal, Luciana, era uma garota linda, de profissão modelo, que sofre um acidente e fica paraplégica. A novela então se move neste universo de superação da personagem que, ao longo da trama, em meio à dor, vai encontrando caminhos e formas de viver que transcendem a sua condição de prisioneira de uma cadeira de rodas.
Assim, por meses, enquanto durou a novela, esse tema da superação foi assunto dos programas de entrevista, dos programas de entretenimento, dos noticiários, enfim, permaneceu como pauta, sempre reforçando que as pessoas podem superar suas desgraças físicas e pessoais. E é assim que se expressa a mais-valia ideológica como bem já demonstrou o venezuelano Ludovico Silva. A pessoa que assiste à televisão, na verdade, não está “descansando” ou “fruindo”, mas segue absolutamente conectada aos ideais e às idéias da classe dominante, que ali reforça suas verdades. E foi por assim entender que se me ficou, neste sábado de último capítulo, a seguinte questão: afinal, que pessoas, neste país, tem verdadeiramente a condição de “superar”, de transcender?
Pois vamos ver o destino dos personagens do enredo da novela das oito global.
A menina Luciana, que era uma chatinha mimada, amadurece, enfrenta com galhardia seu destino de paraplégica, encontra um amor (que também é médico), casa, passa a lua de mel em Paris e termina dando a luz a gêmeos. Ora, isso é mesmo de chorar. Luciana é rica, tem um motorista que a leva a todos lugares, vai aos melhores fisioterapeutas, não tem que ficar nas filas do SUS, teve uma enfermeira particular ao longo da recuperação e seguirá tendo. Seus filhos correrão pela casa enquanto duas ou três babás estarão a postos aos menores desejos. Que vida sem névoas! Luciana superou tudo apoiada na família, sempre presente. O pai chegou a reformar a mansão para atender a todas as novas necessidades. Tudo correu bem. Ela foi mesmo um exemplo de superação, chegando a manter um blog para contar isso a toda gente. Certo, mas na verdade, a única coisa que a personagem de fato superou foi aceitar a condição de prisioneira da cadeira de rodas, porque o demais sempre lhe garantido.
A mãe da Luciana foi a sofredora da trama. Enfrentou a separação de um marido canalha, e teve de passar por toda uma via-crúcis com a filha acidentada, ainda atendendo as demandas de uma outra filha mau caráter, que acaba com um texano rico (presente ou castigo?). Nesse processo foi muito apoiada pela terceira filha, boazinha e virgem. Ela conseguiu passar por todos os tropeços com muita valentia. Cuidou da filha, dedicando-se integralmente. O que foi possível porque a linda mulher não trabalhava, era fartamente sustentada por uma pensão do rico marido calhorda. Então, ali também não havia névoas. Era só superação emocional. No final da trama, depois de ver a filha feliz, ela finalmente encontra um novo amor, com quem vai passar a lua de mel em Paris. Incrível como Paris parece estar sempre na rota dos sofredores endinheirados.
Há ainda outra personagem que é um lindo exemplo de superação. Não lembro seu nome, mas é a garota alcoólatra. Durante toda a novela o público vibrou com as desventuras da mocinha, que desprezada pelo namorado, não conseguia superar o vício que já tinha. Então, ela encontra um novo amor, recebe o apoio dos amigos, encontra um emprego incrível, de modelo fotográfico, e vai superando, entre uma recaída e outra, o seu problema. Nos últimos capítulos ela ainda recai mais uma vez, mas tudo lhe é perdoado. Ela é linda, o namorado é uma ameba compreensiva e vai terminar morando com ela, com o projeto de andarem perambulando pela Europa. Bonito demais.
A personagem Dora, que durante toda a trama foi uma desonesta, ladra de marido e tudo mais, também encontra redenção. Ela deixa de ser uma chinelona que vive de favor na casa dos outros e encontra um homem mais velho, de classe média alta, dono de restaurante, que lhe acolhe, reconhece a filha mais velha e, de quebra, descobre que o garotinho que poderia ser filho de outro, é mesmo seu filho. A família termina feliz, entre tangos e festa. Toda a tentativa de se dar bem na vida, buscada de maneira torta pela personagem, acaba dando certo e tudo lhe é perdoado.
A linda Helena, moça negra, mas não pobre, que enfrenta a traição de um marido vagabundo, perde um filho e sofre por sentir-se responsável pela desgraça da amiga Luciana, termina a novela com um fotógrafo de moda, lindo, embora meio burrinho, que lhe dá um filho. Ela também acaba vivendo sua possibilidade de redenção, superando as culpas. No final do capítulo, Helena e Luciana terminam na passarela, em um desfile de alta moda, no qual a paraplégica aparece maravilhosa, mostrando que chegou a cume da superação. Nem mesmo o trabalho de modelo ela perdeu.
A Sandrinha, irmã mais moça de Helena, que ao longo da novela comete o pecado de se apaixonar por um favelado e ter um filho dele, igualmente vive seu momento de redenção. Depois da morte do marido, que era um bandidinho rampeiro, ela volta para a linda pousada da mãe e encontra o “perdão” para sua falta de filha rebelde, indo trabalhar em instituições de caridade. Ela não encontrará entraves porque a rica mãe lhe ajudará a criar o filho do bandido morto.
E assim seguem os finais dos personagens, todos da parte rica da novela. Gente bonita, lindos casamentos, superações, viagens a Paris. E até na parte pobre também há alguns bons exemplos de “ir adiante”, que parece ter sido o mote da trama. O garoto bonzinho, primo da Dora, termina a novela cantando no bar do argentino, tendo sua chance de iniciar a vida de artista. É o prêmio que lhe é dado por ser sempre um garoto amável, cumpridor das tarefas, que nunca reclamou do patrão, que sempre foi submisso. Ele sabia que ter aquele trabalho de garçom no bar do argentino era uma bênção e que não poderia abrir mão disso nunca. Sua irmã, ambiciosa, mas não tanto a ponto de ser má, também consegue que o dono do novo bar olhe para ela como se ela fosse um objeto sexual e lhe ofereça emprego. Sim, emprego, porque não lhe ocorre um casamento. Mulher pobre e bonita é pra curtir. Ela aceita maravilhada.
Já o garoto bandido, Benê, esse não tem chance de superação. A ele não lhe é permitida a redenção, embora ele sempre tenha se mostrado um bom garoto, premido pela vida cruel da favela, enrolado com o tráfico e o crime apenas porque não tinha muita saída. Mas, não, esse não teve chance de “superar”. Alguém na novela tinha de pagar por seus crimes ou quedas morais. Alguém tinha de ser punido, não dava para acabar tudo bem. Então, a escolha lógica era Benê. Ele era negro, pobre, favelado, bandido. A ele não podia ser dada qualquer oportunidade. Foi-se, morreu! É que o menino Benê não queria ser garçom na pousada da sogra, não queria ser caixa de supermercado, ele sonhava mais. Ele era rebelde, inconformado, e na sua revolta singular deixava antever um desejo coletivo de vida boa para todos os seus companheiros da favela. Ele queria dar ao filho as belezas anunciadas pelo sistema, antevistas nas casas ricas dos amigos da mulher. Ele queria viagens a Paris, talvez... Ele queria tudo que aos outros era dado. Mas não teve chance. Alguém na novela tinha de morrer. Não podia ser o Marco, empresário mau caráter, mulherengo, corrupto. Não podia ser a alcoólatra linda e aventureira, que só queria perambular pela Europa, não podia ser a Dora, traíra e ambiciosa, não podia ser a Helena, nem mais ninguém do mundo certinho e viável do núcleo dos ricos. Não, haveria de ser o guri rebelde, o insurgente. Estes não podem chegar à redenção. Estes não superam. Eles sucumbem e ponto. É assim.
O fato é que não se poderia esperar outra coisa de um folhetim do Manoel Carlos na Globo. É a visão de uma classe. E na classe dominante as coisas são assim mesmo. Tudo pode ser superado, porque não há julgamentos morais. Tampouco há empecilhos materiais. Agora, imagine a vida de uma mãe, sem marido, com a filha paraplégica, lá no Morro do Céu? Imagine uma trabalhadora qualquer, do comércio, por exemplo, que sofra um acidente e não possa mais trabalhar? Bom, mas isso não daria novela. Seria muito baixo astral. O bom mesmo é mostrar a realidade assim, na perspectiva de uma classe que pode, sim, tudo superar e transcender. Uma gente que pode ter fisioterapeutas particulares e ir para Paris quando está muito triste.
O bom das novelas é que elas nos permitem esse olhar, o nosso, desde a outra classe. E nos possibilitam ver que para os lindos, ricos e bem nascidos, o destino dos pobres é absolutamente claro. Os que não se queixam, os que não se rebelam, terminam nos empreguinhos mais ou menos, explorados e bem felizes. Já os que se insurgem, os que enxergam o mundo para além do conforto permitido pelos ricos, estes tem de morrer, sumir, escafeder-se.
Bueno, e ao final do folhetim cabe a nós dizer onde estão os nossos espaços reais de “redenção”. Na nossa “novela” de vida real, há um elemento que pode alavancar nossa verdadeira superação. A solidariedade concreta, a cooperação comunitária e compreensão de que o nosso mundo pode ser bonito, pleno e rico. Não por conta da exploração de uns pelos outros, mas porque saberemos distribuir a riqueza e construir o mundo novo. Neste nosso mundo, que construiremos, o Benê teria chance. Coletivamente, com a comunidade em luta, ele teria superado. E, no fundo, em muitos lugares deste brazilzão, é assim que já é. Só que a rede Globo jamais mostraria. Cabe a nós fazê-lo! É que buscamos fazer na Pobres e Nojentas, revista de reportagem que conta a vida real. E assim, avançamos, para além da telinha aliciadora e alienante.
A novela Viver a Vida terminou neste sábado e, como sempre, uma novela da Globo, por ser uma usina reprodutora de mais-valia ideológica, repercute em vários outros momentos da telinha. Este folhetim em especial suscitou muito debate sobre o que ficou configurado como “a possibilidade de superação”, uma vez que a personagem principal, Luciana, era uma garota linda, de profissão modelo, que sofre um acidente e fica paraplégica. A novela então se move neste universo de superação da personagem que, ao longo da trama, em meio à dor, vai encontrando caminhos e formas de viver que transcendem a sua condição de prisioneira de uma cadeira de rodas.
Assim, por meses, enquanto durou a novela, esse tema da superação foi assunto dos programas de entrevista, dos programas de entretenimento, dos noticiários, enfim, permaneceu como pauta, sempre reforçando que as pessoas podem superar suas desgraças físicas e pessoais. E é assim que se expressa a mais-valia ideológica como bem já demonstrou o venezuelano Ludovico Silva. A pessoa que assiste à televisão, na verdade, não está “descansando” ou “fruindo”, mas segue absolutamente conectada aos ideais e às idéias da classe dominante, que ali reforça suas verdades. E foi por assim entender que se me ficou, neste sábado de último capítulo, a seguinte questão: afinal, que pessoas, neste país, tem verdadeiramente a condição de “superar”, de transcender?
Pois vamos ver o destino dos personagens do enredo da novela das oito global.
A menina Luciana, que era uma chatinha mimada, amadurece, enfrenta com galhardia seu destino de paraplégica, encontra um amor (que também é médico), casa, passa a lua de mel em Paris e termina dando a luz a gêmeos. Ora, isso é mesmo de chorar. Luciana é rica, tem um motorista que a leva a todos lugares, vai aos melhores fisioterapeutas, não tem que ficar nas filas do SUS, teve uma enfermeira particular ao longo da recuperação e seguirá tendo. Seus filhos correrão pela casa enquanto duas ou três babás estarão a postos aos menores desejos. Que vida sem névoas! Luciana superou tudo apoiada na família, sempre presente. O pai chegou a reformar a mansão para atender a todas as novas necessidades. Tudo correu bem. Ela foi mesmo um exemplo de superação, chegando a manter um blog para contar isso a toda gente. Certo, mas na verdade, a única coisa que a personagem de fato superou foi aceitar a condição de prisioneira da cadeira de rodas, porque o demais sempre lhe garantido.
A mãe da Luciana foi a sofredora da trama. Enfrentou a separação de um marido canalha, e teve de passar por toda uma via-crúcis com a filha acidentada, ainda atendendo as demandas de uma outra filha mau caráter, que acaba com um texano rico (presente ou castigo?). Nesse processo foi muito apoiada pela terceira filha, boazinha e virgem. Ela conseguiu passar por todos os tropeços com muita valentia. Cuidou da filha, dedicando-se integralmente. O que foi possível porque a linda mulher não trabalhava, era fartamente sustentada por uma pensão do rico marido calhorda. Então, ali também não havia névoas. Era só superação emocional. No final da trama, depois de ver a filha feliz, ela finalmente encontra um novo amor, com quem vai passar a lua de mel em Paris. Incrível como Paris parece estar sempre na rota dos sofredores endinheirados.
Há ainda outra personagem que é um lindo exemplo de superação. Não lembro seu nome, mas é a garota alcoólatra. Durante toda a novela o público vibrou com as desventuras da mocinha, que desprezada pelo namorado, não conseguia superar o vício que já tinha. Então, ela encontra um novo amor, recebe o apoio dos amigos, encontra um emprego incrível, de modelo fotográfico, e vai superando, entre uma recaída e outra, o seu problema. Nos últimos capítulos ela ainda recai mais uma vez, mas tudo lhe é perdoado. Ela é linda, o namorado é uma ameba compreensiva e vai terminar morando com ela, com o projeto de andarem perambulando pela Europa. Bonito demais.
A personagem Dora, que durante toda a trama foi uma desonesta, ladra de marido e tudo mais, também encontra redenção. Ela deixa de ser uma chinelona que vive de favor na casa dos outros e encontra um homem mais velho, de classe média alta, dono de restaurante, que lhe acolhe, reconhece a filha mais velha e, de quebra, descobre que o garotinho que poderia ser filho de outro, é mesmo seu filho. A família termina feliz, entre tangos e festa. Toda a tentativa de se dar bem na vida, buscada de maneira torta pela personagem, acaba dando certo e tudo lhe é perdoado.
A linda Helena, moça negra, mas não pobre, que enfrenta a traição de um marido vagabundo, perde um filho e sofre por sentir-se responsável pela desgraça da amiga Luciana, termina a novela com um fotógrafo de moda, lindo, embora meio burrinho, que lhe dá um filho. Ela também acaba vivendo sua possibilidade de redenção, superando as culpas. No final do capítulo, Helena e Luciana terminam na passarela, em um desfile de alta moda, no qual a paraplégica aparece maravilhosa, mostrando que chegou a cume da superação. Nem mesmo o trabalho de modelo ela perdeu.
A Sandrinha, irmã mais moça de Helena, que ao longo da novela comete o pecado de se apaixonar por um favelado e ter um filho dele, igualmente vive seu momento de redenção. Depois da morte do marido, que era um bandidinho rampeiro, ela volta para a linda pousada da mãe e encontra o “perdão” para sua falta de filha rebelde, indo trabalhar em instituições de caridade. Ela não encontrará entraves porque a rica mãe lhe ajudará a criar o filho do bandido morto.
E assim seguem os finais dos personagens, todos da parte rica da novela. Gente bonita, lindos casamentos, superações, viagens a Paris. E até na parte pobre também há alguns bons exemplos de “ir adiante”, que parece ter sido o mote da trama. O garoto bonzinho, primo da Dora, termina a novela cantando no bar do argentino, tendo sua chance de iniciar a vida de artista. É o prêmio que lhe é dado por ser sempre um garoto amável, cumpridor das tarefas, que nunca reclamou do patrão, que sempre foi submisso. Ele sabia que ter aquele trabalho de garçom no bar do argentino era uma bênção e que não poderia abrir mão disso nunca. Sua irmã, ambiciosa, mas não tanto a ponto de ser má, também consegue que o dono do novo bar olhe para ela como se ela fosse um objeto sexual e lhe ofereça emprego. Sim, emprego, porque não lhe ocorre um casamento. Mulher pobre e bonita é pra curtir. Ela aceita maravilhada.
Já o garoto bandido, Benê, esse não tem chance de superação. A ele não lhe é permitida a redenção, embora ele sempre tenha se mostrado um bom garoto, premido pela vida cruel da favela, enrolado com o tráfico e o crime apenas porque não tinha muita saída. Mas, não, esse não teve chance de “superar”. Alguém na novela tinha de pagar por seus crimes ou quedas morais. Alguém tinha de ser punido, não dava para acabar tudo bem. Então, a escolha lógica era Benê. Ele era negro, pobre, favelado, bandido. A ele não podia ser dada qualquer oportunidade. Foi-se, morreu! É que o menino Benê não queria ser garçom na pousada da sogra, não queria ser caixa de supermercado, ele sonhava mais. Ele era rebelde, inconformado, e na sua revolta singular deixava antever um desejo coletivo de vida boa para todos os seus companheiros da favela. Ele queria dar ao filho as belezas anunciadas pelo sistema, antevistas nas casas ricas dos amigos da mulher. Ele queria viagens a Paris, talvez... Ele queria tudo que aos outros era dado. Mas não teve chance. Alguém na novela tinha de morrer. Não podia ser o Marco, empresário mau caráter, mulherengo, corrupto. Não podia ser a alcoólatra linda e aventureira, que só queria perambular pela Europa, não podia ser a Dora, traíra e ambiciosa, não podia ser a Helena, nem mais ninguém do mundo certinho e viável do núcleo dos ricos. Não, haveria de ser o guri rebelde, o insurgente. Estes não podem chegar à redenção. Estes não superam. Eles sucumbem e ponto. É assim.
O fato é que não se poderia esperar outra coisa de um folhetim do Manoel Carlos na Globo. É a visão de uma classe. E na classe dominante as coisas são assim mesmo. Tudo pode ser superado, porque não há julgamentos morais. Tampouco há empecilhos materiais. Agora, imagine a vida de uma mãe, sem marido, com a filha paraplégica, lá no Morro do Céu? Imagine uma trabalhadora qualquer, do comércio, por exemplo, que sofra um acidente e não possa mais trabalhar? Bom, mas isso não daria novela. Seria muito baixo astral. O bom mesmo é mostrar a realidade assim, na perspectiva de uma classe que pode, sim, tudo superar e transcender. Uma gente que pode ter fisioterapeutas particulares e ir para Paris quando está muito triste.
O bom das novelas é que elas nos permitem esse olhar, o nosso, desde a outra classe. E nos possibilitam ver que para os lindos, ricos e bem nascidos, o destino dos pobres é absolutamente claro. Os que não se queixam, os que não se rebelam, terminam nos empreguinhos mais ou menos, explorados e bem felizes. Já os que se insurgem, os que enxergam o mundo para além do conforto permitido pelos ricos, estes tem de morrer, sumir, escafeder-se.
Bueno, e ao final do folhetim cabe a nós dizer onde estão os nossos espaços reais de “redenção”. Na nossa “novela” de vida real, há um elemento que pode alavancar nossa verdadeira superação. A solidariedade concreta, a cooperação comunitária e compreensão de que o nosso mundo pode ser bonito, pleno e rico. Não por conta da exploração de uns pelos outros, mas porque saberemos distribuir a riqueza e construir o mundo novo. Neste nosso mundo, que construiremos, o Benê teria chance. Coletivamente, com a comunidade em luta, ele teria superado. E, no fundo, em muitos lugares deste brazilzão, é assim que já é. Só que a rede Globo jamais mostraria. Cabe a nós fazê-lo! É que buscamos fazer na Pobres e Nojentas, revista de reportagem que conta a vida real. E assim, avançamos, para além da telinha aliciadora e alienante.
2 comentários:
Uma visão lúcida e clara que merecia ter o apoio (com comentários)de muita gente,que afinal prefere viver no encantamento do faz de conta.
Pobres e Nojentas vai para "favoritos" agora que achei.
Muito bacana sua visão a respeito da novela. Amei o site.
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