Por Elaine Tavares - jornalista
Imagine aquele homem, de riso largo e olhos penetrantes, sentado em sua cadeira de balanço, charuto entre os dedos e um mate quentinho a lhe aquecer as juntas gastas. Do alto dos seus 80 anos ele ainda olharia de esguelha para alguma mulher bonita e sairia às ruas nas passeatas, serelepe como um menino. Mas El Che não chegou lá. Não soube o que é perder a força, os hormônios, sentir o corpo fraquejar. Não perdeu a beleza heróica, não envelheceu. Caiu, executado numa escola pobre, de um longínquo lugar da Bolívia. Seus olhos de lâmpada, que iluminaram a luta mais bonita do século XX, ficaram abertos, mirando os assassinos, numa expressão quase de pena.
Ernesto nasceu na Argentina e viveu sempre no limite. Asmático, venceu cada crise, recusando-se a cenas de auto-piedade. Quando o ar lhe faltava, ele arfava, barulhento, e se escondia para que ninguém o visse lutar contra a doença que tentava impedi-lo de viver à larga. Foi assim que se embrenhou pela América Latina e descobriu que muito mais do que argentino, ele era um revolucionário, prisioneiro das causas do povo. E assim foi até o fim.
El Che é homem sem igual. Não é à toa que vive para sempre. Enfrentou a doença, enfrentou o império, se embrenhou nas selvas e defendeu com seu próprio corpo os sonhos coletivos de uma multidão. E é tão especial que, mesmo morto, consegue levar adiante milhões de almas em rebelião. Seu rosto anguloso de olhar firme é presença segura em qualquer lugar onde haja gente em luta. Sua força revolucionária é tão grande que nem apropriado pela Fórum conseguiu se transformar num pastiche. A cara do Che nas camisetas da famosa marca não podiam mesmo encantar a classe que compra roupas caras. Essa gente não o conhece, não sabe do seu valor. Assim, não vingou.
O Che vive mesmo é nas camisetas de malha ruim, produzidas nos fundos de quintal, em fabriquetas de serigrafia, que se vendem nos encontros populares. Porque essa gente é a sua gente. Os empobrecidos, os desvalidos, os oprimidos, os marginais, os que dizem não, os que sonham, os que transformam, os que anunciam boas novas, os que fazem rebeliões, os profetas.
O Che vive porque não é mais um homem, é um caminho, vereda de liberdade, de vida digna, de riquezas repartidas. O Che e seu olhar de infinito está sempre ali, a dizer: sim, é possível. Vamos em frente, em luta. Esse homem de junho, esse homem outonal, essa chama. É sua voz de trovão que nos convida a acreditar que as lutas coletivas sempre serão as armas mais seguras para chegar a uma nova organização da vida. O Che de Rosário, de Alta Gracia, de Córdoba, da Bolívia, da Venezuela, do Peru, do Equador, da Guatemala, de Cuba... O Che do mundo... Ele nos acena, invencível, e nós o seguimos... Porque assim como ele, vive, eterna, a esperança deste ainda-não almejado. Nós o faremos... Eu sei!
Imagine aquele homem, de riso largo e olhos penetrantes, sentado em sua cadeira de balanço, charuto entre os dedos e um mate quentinho a lhe aquecer as juntas gastas. Do alto dos seus 80 anos ele ainda olharia de esguelha para alguma mulher bonita e sairia às ruas nas passeatas, serelepe como um menino. Mas El Che não chegou lá. Não soube o que é perder a força, os hormônios, sentir o corpo fraquejar. Não perdeu a beleza heróica, não envelheceu. Caiu, executado numa escola pobre, de um longínquo lugar da Bolívia. Seus olhos de lâmpada, que iluminaram a luta mais bonita do século XX, ficaram abertos, mirando os assassinos, numa expressão quase de pena.
Ernesto nasceu na Argentina e viveu sempre no limite. Asmático, venceu cada crise, recusando-se a cenas de auto-piedade. Quando o ar lhe faltava, ele arfava, barulhento, e se escondia para que ninguém o visse lutar contra a doença que tentava impedi-lo de viver à larga. Foi assim que se embrenhou pela América Latina e descobriu que muito mais do que argentino, ele era um revolucionário, prisioneiro das causas do povo. E assim foi até o fim.
El Che é homem sem igual. Não é à toa que vive para sempre. Enfrentou a doença, enfrentou o império, se embrenhou nas selvas e defendeu com seu próprio corpo os sonhos coletivos de uma multidão. E é tão especial que, mesmo morto, consegue levar adiante milhões de almas em rebelião. Seu rosto anguloso de olhar firme é presença segura em qualquer lugar onde haja gente em luta. Sua força revolucionária é tão grande que nem apropriado pela Fórum conseguiu se transformar num pastiche. A cara do Che nas camisetas da famosa marca não podiam mesmo encantar a classe que compra roupas caras. Essa gente não o conhece, não sabe do seu valor. Assim, não vingou.
O Che vive mesmo é nas camisetas de malha ruim, produzidas nos fundos de quintal, em fabriquetas de serigrafia, que se vendem nos encontros populares. Porque essa gente é a sua gente. Os empobrecidos, os desvalidos, os oprimidos, os marginais, os que dizem não, os que sonham, os que transformam, os que anunciam boas novas, os que fazem rebeliões, os profetas.
O Che vive porque não é mais um homem, é um caminho, vereda de liberdade, de vida digna, de riquezas repartidas. O Che e seu olhar de infinito está sempre ali, a dizer: sim, é possível. Vamos em frente, em luta. Esse homem de junho, esse homem outonal, essa chama. É sua voz de trovão que nos convida a acreditar que as lutas coletivas sempre serão as armas mais seguras para chegar a uma nova organização da vida. O Che de Rosário, de Alta Gracia, de Córdoba, da Bolívia, da Venezuela, do Peru, do Equador, da Guatemala, de Cuba... O Che do mundo... Ele nos acena, invencível, e nós o seguimos... Porque assim como ele, vive, eterna, a esperança deste ainda-não almejado. Nós o faremos... Eu sei!
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