Míriam Santini de Abreu
Há esses dias em que a Cidade, o espaço público da rua, nos comovem. Florianópolis continua cheia de turistas, que tiram fotos sem parar na Praça da Figueira, filmam os galhos retorcidos da velha árvore, se dão as mãos para completar voltinhas em torno do tronco nodoso e garantir um amor. Todos os dias, passo por ali. Às vezes há um rapaz vendendo uns homenzinhos-aranha miúdos, grudentos, que se colam nas paredes e deslizam por ela aos poucos; hoje vi um homem de calça e camisa social lambendo um picolé, encostado numa parede, como se nada mais existisse além daquele tubo gelado. Quanto prazer! Noutro dia a canção “Chiquitita” em espanhol, tocada por músicos latino-americanos, enchia a Praça XV, e eu, apressada, atrasada, parei para sentar num banco de pedra sob as árvores só para ouvir. Cidade... Maldita, bendita.
2 comentários:
Mírian. Você tem-se revelado uma ótima cronista. Continue, pois dá sempre uma vontade de ler mais... é como picolé, se me permite a comparação. Beijos.
Talvez seja um picolé, mas eu prefiro dizer que a Pobres está cada vez mais como aquele poema do Quevedo:
la lengua del alma es la pluma
Karl
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