O livro “A rebelião do vivido no jornalismo independente de Florianópolis”, produção da revista Pobres & Nojentas e da Letra Editorial, traz oito artigos que contam como foram as riquíssimas experiências que, desde os anos 1980, moveram e movem, na capital catarinense, jornalistas comprometidos com o que se tem chamado de jornalismo independente/alternativo/contra-hegemônico. Com elas mostram-se a força e a capacidade de organização do movimento popular de Florianópolis e o jornalismo que deu e dá visibilidade a esses movimentos.
A organização é da jornalista Míriam Santini de Abreu, da equipe do sítio Folha da Cidade, com projeto e diagramação da jornalista Sandra Werle. São autores do livro Ana Claudia Rocha Araujo, Anita Grando Martins, Claudia Weinman, Coletivo do Portal Catarinas, Dario de Almeida Prado Júnior, Elaine Tavares, Jeffrey Hoff e Míriam Santini de Abreu.
Estão
contadas as rebeldias da Bernunça (anos 1980), da Folha da Lagoa (anos 1990),
do jornal Guarapuvu, da Rádio Comunitária Campeche, da Pobres & Nojentas,
do Portal Desacato (anos 2000), do Daqui na Rede e do Portal Catarinas (anos
2010).
Míriam,
organizadora do livro, conta que a ideia surgiu durante a pesquisa que fez para
sua tese no Curso de Pós-Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de
Santa Catarina (UFSC), intitulada “Espaço e cotidiano no jornalismo: crítica da
cobertura da imprensa sobre ocupações urbanas em Florianópolis”, defendida em
agosto de 2019. O objetivo da pesquisa foi examinar as manifestações da
ideologia produzidas pelo jornalismo tradicional e explorar as potencialidades
do jornalismo independente na cobertura do cotidiano no espaço urbano,
vislumbrando a possibilidade de o jornalista ser capaz de uma prática criadora
que constitua o jornalismo como obra, valor de uso, em contraposição ao
jornalismo como produto, valor de troca.
A
partir da discussão de como se deu a produção do espaço na cidade de
Florianópolis (SC), Míriam pesquisou a cobertura jornalística de três
diferentes processos de ocupação urbana – dois por moradia (Ocupação Amarildo
de Souza e Ocupação Marielle Franco) e um por lazer/cultura (ocupação da Ponta
do Coral) nos jornais Diário Catarinense e Notícias do Dia (jornalismo
tradicional) e na revista Pobres & Nojentas, no portal Desacato e no
coletivo Maruim (jornalismo independente).
A
pesquisa evidenciou a importância de trazer à luz a história e a contribuição
dos veículos independentes analisados e ampliar o estudo do papel de outros
veículos ao longo dos últimos 40 anos em Florianópolis. “Os veículos
tradicionais, hegemônicos, são fartamente estudados, mas os independentes são,
de modo geral, ignorados, apesar de cumprirem, em diferentes períodos
históricos, um papel fundamental na visibilização das lutas populares”, afirma
Míriam. Pela dificuldade de sustentação financeira, esses veículos têm
dificuldade de se manter, mas mesmo os de vida curta trazem experiências
riquíssimas tanto de jornalismo (formas de organização, de sustentação
financeira, de distribuição, de seleção de pautas) quanto de compreensão da
vida da cidade e seus habitantes. Entre os veículos citados no livro, apenas
três continuam até hoje a produzir conteúdo jornalístico de forma regular.
Há,
nas histórias, descobertas valiosas, entre elas, por exemplo, a forma como os
veículos hegemônicos orquestram campanhas contra os independentes quando a
cobertura jornalística neles feita não convém os grupos de poder na cidade e a
construção teórica fundamental que move os independentes, como a de soberania
comunicacional.
É
nessa linha, afirma Míriam, que o livro, apesar de trazer exemplos de
Florianópolis, tem interesse para todo e qualquer veículo, jornalista ou
comunicador que tenha o compromisso de efetivamente narrar a experiência vivida
de uma cidade e seus habitantes.
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