sexta-feira, 16 de março de 2012

Sindicalistas são agredidos por policiais em São José

Míriam Santini de Abreu
Os trabalhadores, que a cada dia vêem seus direitos violados, enfrentam com força cada vez maior a criminalização de suas lutas. Nesta quarta-feira, 14, três diretores do Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público de São José (Sintram-SJ) forem presos e agredidos por policiais militares. Dois deles foram liberados somente às 20 horas e o terceiro por volta das duas da madrugada de ontem.
O Sindicato fazia Assembleia, com cerca de mil pessoas, em uma escola do município. Foi aprovada Greve com início em 21 de março, e o Sindicato, que havia contratado um caminhão de som para avisar a população, iniciou passeata ao longo de ruas no bairro Kobrasol. Como o caminhão de som ainda não havia chegado ao local, e os trabalhadores tinham dificuldade de ouvir os sindicalistas, foi pedido que o carro da entidade, com equipamento de som, mas menos potente, ficasse no meio da passeata para que todos pudessem acompanhar o relato dos fatos.
Para isso, o veículo ficou estacionado para permitir que os trabalhadores passassem ao longo da via. A presidente do sindicato, Jumeri Zanetti, conta que, quando a passeata chegou ao Calçadão do Kobrasol, um policial chegou ao local, com motocicleta, e questionou os manifestantes sobre a autorização para o ato, e também exigiu documentos.
Como não havia autorização, visto se tratar de via pública e ser uma passeata pacífica, o sindicato deu essa resposta ao policial, que resolveu apreender o veículo da entidade e a carteira de motorista de um diretor do Sintrasem que estava dirigindo o veículo. Diante da arbitrariedade, o sindicato decidiu manter o ato e deixou que o problema do carro fosse resolvido pela assessoria jurídica; esta buscou convencer o policial Maurício Ramp a liberar o veículo, argumentando que frente aos princípios constitucionais da proporcionalidade e razoabilidade deveria concluir pela desnecessidade de tais atos de força. Como resposta aos argumentos o policial sacou uma arma de fogo; o dirigente Walmor Paes entrou no carro afirmando que iria retirá-lo e o policial o ameaçou, apontou a arma e afirmou que se ele não saísse imediatamente do carro atiraria.
O veículo foi guinchado e levado ao 7. Batalhão da Polícia Militar.
A passeata continuou até a Prefeitura de São José, onde estava o caminhão de som, que havia se atrasado por conta do trânsito. A dirigente Jumeri Zanetti relatou aos presentes o que havia acontecido, e viu que policiais começaram a se juntar no local, algemando Walmor Paes da Silva. (isto uma hora depois do carro ter sido retido). Neste momento houve reação por parte dos sindicalistas e trabalhadores, porque Walmor passou a ser agredido. Os sindicalistas – Jumeri, Walmor e Marcos Aurélio dos Santos – foram levados para o Fórum, onde Marcos e Walmor foram agredidos física e moralmente – e depois para três diferentes Delegacias de Polícia sempre algemados.
Walmor foi acusado de tentativa de homicídio, com suposta prisão em flagrante, por causa do episódio do carro.
Já detida no 7. Batalhão Jumeri e sua advogada foram impedidas de ficar com a bolsa da sindicalista que foi abusivamente vistoriada por um policial.
O caso está tendo grande repercussão em São José. Jumeri esteve na Câmara de Vereadores, onde relataria fatos à CPI que apura a má aplicação do fundo de previdência dos servidores, situação que seria de conhecimento da prefeitura e que levou à perda de cerca de 30 milhões de reais.
A prefeitura de São José, até a tarde desta quinta-feira, não havia se manifestado sobre o fato ocorrido ontem. No site, há como destaque a notícia “São José comemora 262 anos com novidades para Saúde, Educação, Segurança, Infraestrutura, Cultura e muito mais”.
O comandante do 7º Batalhão da PM do Município, Paulo Romualdo Weiss, disse que o fato ocorreu de forma totalmente inesperada. O policial, segundo ele, teria deparado com a manifestação e agiu porque a comunidade estaria reclamando por não ter o direito de ir e vir em função da passeata. “O policial agiu de forma, podemos dizer, despreocupada, e não esperava reação agressiva”, disse o comandante.
Segundo ele, gerou-se um conflito e o policial pediu reforços, alegando que o sindicalista Walmor Paes da Silva teria tentado atropelá-lo. Sobre o fato de o policial ter sacado arma e sobre as agressões cometidas contra os sindicalistas, o comandante disse que os fatos serão apurados. “Não queremos que haja dúvidas em relação ao que aconteceu”.
Os sindicatos locais estão se manifestando contra mais essa violência na luta dos trabalhadores.

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