domingo, 29 de junho de 2025

"Trajetórias e Histórias: com o arquiteto e professor Lino Peres


Uma vez disseram ao Lino que, se em uma reunião o nome dele fosse pronunciado três vezes, ele apareceria.

É porque o arquiteto e professor Lino Peres parece estar em vários lugares ao mesmo tempo e carrega uma história que se entrelaça com as lutas populares de Florianópolis desde 1978, quando ele se mudou para a capital catarinense. 

Nascido em Rio Grande (RS), Lino mudou-se para Porto Alegre para estudar. Ganhava a vida vendendo enciclopédias enquanto cursava Direito. Mas o mundo jurídico foi deixado para trás quando ele foi aprovado em Arquitetura e Urbanismo na UFRGS, iniciando a trajetória que o levou a professor concursado no Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFSC.  

Os estudos de mestrado e doutorado foram feitos no México, sendo a tese uma pesquisa sobre a crise habitacional dos anos 1970/90, para a qual ele estudou o caso da primeira ocupação urbana organizada em Santa Catarina, em 1990, gerando o hoje bairro Monte Cristo, no continente. 

A carreira acadêmica de Lino teve uma série de projetos de extensão em torno de 25 comunidades de Florianópolis, como no Santinho, na Ponta do Leal e na Panaia, sempre em torno da moradia e dos embates do plano diretor. 

Foram também anos de lutas no movimento docente, no movimento negro, no Partido dos Trabalhadores (PT) e em movimentos de defesa do direito à cidade e da natureza.

Entre 2013 e 2020, Lino foi vereador pelo PT, buscando levar para a Câmara as demandas das populações empobrecidas e o combate ao projeto de transformação da cidade em mera mercadoria.

Lino atua hoje no Instituto Cidade e Território e no Fórum da Cidade. Organizou livros sobre política urbana (como “Resgatando Paisagens”, “Confrontos na Cidade” e “Crítica da Política Habitacional”) e, em 2024, lançou um só seu, de poemas, “Duplo Inteiro”, expressão do amor pelas artes. 

Entrevista gravada por Rubens Lopes de Souza com edição de Elaine Tavares.

O projeto, iniciado em 2023, entrevista pessoas cuja história de vida se entrelaça com as lutas populares em Santa Catarina.

Foto: Rubens Lopes de Souza

Veja a entrevista aqui:



terça-feira, 24 de junho de 2025

Paulino Júnior, escritor



A cidade conservadora do interior paulista, Presidente Prudente, tinha horizontes muito reduzidos para um garoto em ebulição como o Paulino Júnior. Mas, ele descobriu o rock'n'roll, espaço seguro de rebeldia e criação. E foi nesse campo, o da música, que ele ensaiou os primeiros passos da escrita. Não estou satisfeito em criar grupos de rock, Paulino escreveu suas próprias canções. Nesse ensaio, foi dando corpo para sua escritura. O tempo passou e ele saiu em busca de conhecimento para uma possível carreira de professor. Fez faculdade, mestrado, e caminhou por aí, na vereda universitária. 

Foi então que apareceu a oportunidade de vir para Florianópolis junto com a companheira. Uma reviravolta na vida. E assim nasceu o escritor. Paulino entendeu que era tempo de abrir passo para o que já borbulhava dentro dele há tempos. Desistiu da ideia de dar aula e dedicou-se a escrever. “Por isso, Santa Catarina é a mãe do escritor”, diz. Desde então, e lá se vão 20 anos, ele vem burilando seus contos, centrados na realidade dos trabalhadores. 

Não poderia ser diferente. Paulino é comunista e militante. Está na vida para travar lutas e esgrimir palavras. Foi cronista do Notícias do Dia e já publicou quatro livros. Dois de contos, um de crônica e outro, artesanal, que contém um conto. Seu tema é a vida mesma, da gente que trabalha. Neste vídeo, com imagens de Tasso Claudio da Silva e direção de Sérgio Vignes, ele fala de literatura, conta da sua vida e da sua obra, sempre em construção. 

sexta-feira, 13 de junho de 2025

Segundo episódio do projeto "Trajetórias e Histórias" traz entrevista com o arquiteto e professor Lino Peres

 

A equipe da Pobres & Nojentas iniciou em março de 2023 mais um projeto, o “Trajetórias e Histórias”. O objetivo é conversar com pessoas cuja história de vida se entrelaça com as lutas populares em Santa Catarina. Nesta sexta-feira (13), o entrevistado foi o arquiteto e professor Lino Peres. Lino nasceu em Rio Grande (RS), formou-se em Arquitetura e Urbanismo na UFRGS, em Porto Alegre, e em 1978 mudou-se para Florianópolis, onde iniciou carreira como professor concursado no Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFSC.  

Na entrevista, Lino fala sobre a sua trajetória pessoal e acadêmica, a atuação junto aos movimentos sindicais e populares, a experiência em dois mandatos como vereador e os atuais projetos desenvolvidos em diferentes áreas. É uma trajetória que se relaciona com as lutas sociais em Florianópolis desde o final dos anos 1970.

A entrevista foi gravada pelo jornalista Rubens Lopes de Souza, com edição da jornalista Elaine Tavares, e será publicada em breve.

Foto: Rubens Lopes de Souza

terça-feira, 10 de junho de 2025

Milton Ostetto, repórter




Milton Ostetto nasceu em Nova Veneza, Santa Catarina, e desde bem pequeno já desfrutava da beleza da imagem. É que seu pai era dono do cinema da cidade e ele podia assistir filmes de todo tipo. Aquilo lhe aguçou o olhar. Mais tarde veio morar em Florianópolis onde cursou a faculdade de Engenharia, mas sempre perseguindo a fotografia. Não descobri os estudos, mas andei por aí fotografando.

Na turbulenta década de 1980 já circulava nos espaços do jornalismo alternativo, convivendo com figuras como Eloi Galotti e Dario de Almeida Prado, este, um ás da fotografia. Apaixonado pela imagem batalhava para ter sua própria máquina, naqueles dias coisa muito cara, e arriscava-se na fotografia com máquinas emprestadas pelo jornalista Celso Martins, usando pontas de filme de outros colegas fotógrafos, sempre caçando a luz.

Primeiro, voltou-se para a natureza, afinal Florianópolis é um prato cheio. Mas, seu espírito rebelde logo encontrou as gentes. Sua câmera passou a buscar a lida dos pescadores, as passeatas, os atos, as lutas dos trabalhadores. Não foi um repórter clássico, com emprego em jornais ou TV. Mas, passou a vida toda registrando a luta social.

Ainda hoje, em qualquer manifestação que se vá, lá está ele, colado na máquina, registrando tudo e logo disponibilizando seu trabalho para potencializar a luta. É assim que ele reporta a vida, mas não qualquer vida: a vida do trabalhador. Também é o criador do Varal da Trajano, que leva a fotografia para a rua, onde ela pode ser vista por todos.

É a realidade do povo em luta que ocupa seu ser. 

Neste vídeo, um pouco de sua história e do seu trabalho. Com imagens de Rubens Lopes. 

sábado, 7 de junho de 2025

Milton Ostetto no 28º episódio de Repórteres/SC






O catarinense Milton Ostetto é o 28º entrevistado do projeto Repórteres/SC. Nascido em Nova Veneza, Sul do estado, ele se envolveu com o mundo da imagem, bem jovenzinho, com o pai, que tocava o cinema da cidade.

Quando veio para Florianópolis, passou no curso de Engenharia Elétrica na UFSC e foi nessa profissão que fez carreira. O caminho na fotografia foi se abrindo nas amizades com fotógrafos e jornalistas que moravam na capital e atuavam no jornalismo tradicional e independente. 

Trabalhou com Elloi Galotti, Dario de Almeida Prado, Sérgio Rubim e Nelson Rolim, no Afinal, jornal alternativo criado em Florianópolis nos anos 1980. Também atuou na agência de Fotografia Soma, de Tarcísio Mattos e Eduardo Marques. 

A mudança para o trabalho do Rio de Janeiro abriu novos olhares e Ostetto a considera uma virada no seu entendimento sobre a fotografia, paixão que direciona para a natureza, a rua e as lutas dos movimentos sociais.

Desde 2015, também dedica-se o projeto "Varal na Rua", que marca os sábados na Trajano, apresentando uma fotografia para o povo. 

O vídeo está em edição e será divulgado com mais detalhes da trajetória de Ostetto. As imagens são de Rubens Lopes.

Fotos: Rubens Lopes