Foto: Felipe Maciel Martínez |
O jornalista Mário Xavier adentrou a Casa José Boiteux, na Avenida Hercílio Luz, com uma mala repleta de livros, revistas e impressos diversos, cuidadosamente dispostos sobre duas mesas do auditório. Uma vida inteira ali, narrada na 12ª entrevistado do Projeto Repórteres SC.
Na entrevista, Mário fala da infância e da juventude vividas em Porto Alegre, onde despertou cedo para o gosto pela leitura e pela música. Aos 15 anos, com a morte prematura do pai, que era médico, professor universitário e gestor público de saúde, Mário precisou procurar emprego e começou a trabalhar como caixa na então maior garagem de estacionamento da capital gaúcha, tornando-se gerente dos caixas e lá permanecendo até 1974.
Uma passagem marcante de sua trajetória foi viver um ano nos Estados Unidos como bolsista do AFS Programas Interculturais, estudando na Parsippany High School, de New Jersey, região metropolitana da cidade de Nova York. Ali, lembra-se da forte impressão que lhe causou uma polpuda edição do New York Times sobre o Brasil. De volta a Porto Alegre, passou no vestibular da UFRGS para o curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo, formando-se em 1979. Ainda cursando a faculdade, Mário cravou seu trabalho de estreia no jornalismo, pesquisando e redigindo o Guia de Informação e Turismo de Caxias do Sul, tendo até hoje a minuciosa pauta datilografada e um exemplar do guia.
A chegada a Florianópolis foi em 1985, quando integrou a equipe pioneira de implantação do jornal Diário Catarinense, onde atuou na Editoria de Economia. Ao longo da carreira, Mário foi repórter, assessor de imprensa, articulista, professor, escritor, editor e organizador de livros. É fundador e diretor da Redactor Comunicação desde 1988 e produziu quase uma centena de estudos de casos, mostrando o quão diversa pode ser a atuação profissional na área de jornalismo.
Dentre suas obras, destacam-se a criação do livro “Polo Tecnológico de Florianópolis: origem e desenvolvimento”; a organização da obra “Univali – A trajetória do ensino superior em Itajaí e em Santa Catarina – 1964-2004”, sobre os 40 anos da universidade; e a consultoria, pesquisa e textos para a obra “O Desafio Ambiental”, da empresa Hering Têxtil, de Blumenau (SC), para distribuição no Brasil e no exterior.
No currículo exibe também a experiência como ombudsman, exercida no jornal A Notícia Capital (ANC) por dois anos, entre 1995 e 1997, sendo pioneiro nesta função no Sul do Brasil.
Na conversa, o entrevistado aborda o tema da aposentadoria, ao qual jornalistas devem ficar atentos, por acompanhar de perto o debate sobre a chamada Revisão da Vida Toda (RVT), luta de aposentados e de aposentadas depois de 1999 e antes de 2019, como foi o caso de Mário, que se aposentou em 2016.
Ao final da entrevista, Mário faz uma bela homenagem a um grande jornalista cujo legado já tem lugar de destaque na história deste século.
A gravação foi feita por Felipe Maciel Martínez com Elaine Tavares e Míriam Santini de Abreu na entrevista.
A nossa equipe agradece a Casa José Boiteux pela cessão do belo auditório e o apoio da Fundação Catarinense de Cultura, da Academia Catarinense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina.
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