Por Míriam Santini de Abreu
A jornalista Elaine Tavares lança seu terceiro livro no dia 10 de abril, terça-feira, às 19h30, na Pizzaria San Francesco (av. Hercílio Luz, 1131, Centro, Florianópolis). Em sua terceira publicação, “Em busca da Utopia: os caminhos da reportagem no Brasil dos anos 50 aos anos 90”, a jornalista investiga, com base na análise de reportagens de revistas que representam determinados períodos históricos, se, como e por que, nos textos jornalísticos, é possível encontrar as marcas da utopia. O gênero jornalístico que ela elege para análise é a reportagem.
Tal escolha, com todas as suas opções metodológicas, não é casual. O jornalismo que “desaloja” os sentidos é o jornalismo da reportagem. A reportagem, que cada vez mais perde espaço para breves notas e notícias nos jornais e revistas, é o que distingue o trabalho jornalístico de qualquer outra atividade de escrita que se proponha a interpretar o mundo.
É na plenitude dela e de suas técnicas de construção, que, no gesto da escrita, se expressa o prazer de enlaçar um acontecimento no instante mesmo de seu desenrolar. De o jornalista ser ao, mesmo tempo, partícipe e testemunha do desenrolar do processo histórico. A pesquisa de Elaine Tavares centra-se em reportagens de revistas de informação e, para isso, ela definiu seu campo de análise nas revistas O Cruzeiro, Realidade, Veja e Época, por serem as mais representativas no seu tempo em termos de tiragem.
A amplitude da análise confere ao livro uma característica importante: ele é fundamental não só para jornalistas, mas também para quem atua no meio popular e sindical. Isso porque, neste período histórico em que oligopólios dominam a informação, é preciso que os movimentos que atuam em diferentes áreas compreendam o processo de produção jornalística e, a partir dele, busquem construir um discurso que se contraponha ao que predomina hoje, domado pela ideia de que não há alternativas ao sistema atual.
A pesquisa da autora busca inicialmente desvelar sob quais influências veio se construindo o pensamento teórico acerca do jornalismo e da reportagem no Brasil, tomando como referência o período que vai dos anos 1950, época que se configurou chamar como a maturidade da modernidade brasileira, até final dos anos 1990, tempos da chamada pós-modernidade.
No livro ficam sinalizados os elementos que, nas reportagens das revistas pesquisadas, tocam o leitor “em uma região que está fora do racional, penetra o reino do sonho, do desejo, vibra cordas adormecidas do coração”. Adelmo Genro Filho – o teórico do jornalismo com o qual ela trabalha - então propõe um jornalismo que parta do singular, e é neste atalho que Elaine Tavares busca a compreensão de seu tema de pesquisa. Diz a autora que “um fato dado, narrado a partir de sua singularidade, concretizará nele a universalidade necessária para incomodar o leitor/espectador/ouvinte. Nesse sentido, concordamos com o autor [Genro Filho], entendendo que jornalismo só é jornalismo quando consegue provocar reação, não apenas no nível da emoção, mas a reação necessária para gestar a dúvida, o desconforto, o que leva o ser humano a se perguntar: por que tem de ser assim? E o que podemos fazer para mudar isso?”.
São questionamentos que a comunicação no meio popular e sindical precisa provocar dia a dia para fazer o contraponto ao discurso da grande mídia. E, como lembra Genro Filho, esses elementos, sem querer, podem fazer aflorar ânsias que estavam latentes, produzir a imaginação utópica e o desejo de mudança.
Os outros dois livros de Elaine Tavares são “Jornalismo nas Margens – uma reflexão sobre comunicação em comunidades empobrecidas”, e “Porque é preciso romper as cercas: do MST ao Jornalismo de Libertação”. A autora é editora da revista bimestral Pobres & Nojentas, de Florianópolis [SC], e pesquisadora no Instituto de Estudos Latino-Americanos da UFSC (IELA).
Serviço:
Lançamento do livro “Em busca da Utopia: os caminhos da reportagem no Brasil dos anos 50 aos anos 90”
Quando: dia 10 de abril, terça-feira, às 19h30
Onde: Pizzaria San Francesco (av. Hercílio Luz, 1131, Centro, Florianópolis).
A jornalista Elaine Tavares lança seu terceiro livro no dia 10 de abril, terça-feira, às 19h30, na Pizzaria San Francesco (av. Hercílio Luz, 1131, Centro, Florianópolis). Em sua terceira publicação, “Em busca da Utopia: os caminhos da reportagem no Brasil dos anos 50 aos anos 90”, a jornalista investiga, com base na análise de reportagens de revistas que representam determinados períodos históricos, se, como e por que, nos textos jornalísticos, é possível encontrar as marcas da utopia. O gênero jornalístico que ela elege para análise é a reportagem.
Tal escolha, com todas as suas opções metodológicas, não é casual. O jornalismo que “desaloja” os sentidos é o jornalismo da reportagem. A reportagem, que cada vez mais perde espaço para breves notas e notícias nos jornais e revistas, é o que distingue o trabalho jornalístico de qualquer outra atividade de escrita que se proponha a interpretar o mundo.
É na plenitude dela e de suas técnicas de construção, que, no gesto da escrita, se expressa o prazer de enlaçar um acontecimento no instante mesmo de seu desenrolar. De o jornalista ser ao, mesmo tempo, partícipe e testemunha do desenrolar do processo histórico. A pesquisa de Elaine Tavares centra-se em reportagens de revistas de informação e, para isso, ela definiu seu campo de análise nas revistas O Cruzeiro, Realidade, Veja e Época, por serem as mais representativas no seu tempo em termos de tiragem.
A amplitude da análise confere ao livro uma característica importante: ele é fundamental não só para jornalistas, mas também para quem atua no meio popular e sindical. Isso porque, neste período histórico em que oligopólios dominam a informação, é preciso que os movimentos que atuam em diferentes áreas compreendam o processo de produção jornalística e, a partir dele, busquem construir um discurso que se contraponha ao que predomina hoje, domado pela ideia de que não há alternativas ao sistema atual.
A pesquisa da autora busca inicialmente desvelar sob quais influências veio se construindo o pensamento teórico acerca do jornalismo e da reportagem no Brasil, tomando como referência o período que vai dos anos 1950, época que se configurou chamar como a maturidade da modernidade brasileira, até final dos anos 1990, tempos da chamada pós-modernidade.
No livro ficam sinalizados os elementos que, nas reportagens das revistas pesquisadas, tocam o leitor “em uma região que está fora do racional, penetra o reino do sonho, do desejo, vibra cordas adormecidas do coração”. Adelmo Genro Filho – o teórico do jornalismo com o qual ela trabalha - então propõe um jornalismo que parta do singular, e é neste atalho que Elaine Tavares busca a compreensão de seu tema de pesquisa. Diz a autora que “um fato dado, narrado a partir de sua singularidade, concretizará nele a universalidade necessária para incomodar o leitor/espectador/ouvinte. Nesse sentido, concordamos com o autor [Genro Filho], entendendo que jornalismo só é jornalismo quando consegue provocar reação, não apenas no nível da emoção, mas a reação necessária para gestar a dúvida, o desconforto, o que leva o ser humano a se perguntar: por que tem de ser assim? E o que podemos fazer para mudar isso?”.
São questionamentos que a comunicação no meio popular e sindical precisa provocar dia a dia para fazer o contraponto ao discurso da grande mídia. E, como lembra Genro Filho, esses elementos, sem querer, podem fazer aflorar ânsias que estavam latentes, produzir a imaginação utópica e o desejo de mudança.
Os outros dois livros de Elaine Tavares são “Jornalismo nas Margens – uma reflexão sobre comunicação em comunidades empobrecidas”, e “Porque é preciso romper as cercas: do MST ao Jornalismo de Libertação”. A autora é editora da revista bimestral Pobres & Nojentas, de Florianópolis [SC], e pesquisadora no Instituto de Estudos Latino-Americanos da UFSC (IELA).
Serviço:
Lançamento do livro “Em busca da Utopia: os caminhos da reportagem no Brasil dos anos 50 aos anos 90”
Quando: dia 10 de abril, terça-feira, às 19h30
Onde: Pizzaria San Francesco (av. Hercílio Luz, 1131, Centro, Florianópolis).
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