terça-feira, 29 de janeiro de 2019

A luta pelo direito de ser

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Fotos: Rubens Lopes

Foram muitos anos de luta da comunidade LGBTI para garantir o direito de ser num mundo pautado pelo moralismo e a hipocrisia. Não foi fácil. Houve tempo em que a homossexualidade era considerada doença, loucura, e as pessoas eram aprisionadas em hospícios. Também teve o tempo em que era crime. Ser transexual então, era inimaginável. E a pessoa tinha de esconder-se até dos mais íntimos. Foi preciso muita batalha, muita dor, muito sangue derramado para poder emergir, na luz do dia, sem medo.

Mas, apesar de todo o avanço da luta dessa comunidade, ainda seguiram incontáveis as mortes, as agressões e toda a sorte de violência contra gays, lésbicas, travestis e trans. O preconceito seguiu latente, mesmo que a discriminação tivesse diminuído.

Agora, com o crescimento das forças ultraconservadoras no Brasil e o avanço do fundamentalismo religioso esse é um grupo que está sob fortes ameaças. Na praia do Campeche foram registrados dois casos de agressão a casais homossexuais pelo simples fatos de serem homossexuais. Outras praias da cidade também apresentaram casos parecidos. Agressões verbais e físicas, bem como a expulsão da praia.

Por conta disso, o Instituto Acontece Arte e Política LGBTI+, uma entidade que trabalha na defesa dos direitos da comunidade LGBTI , decidiu promover um ato político/recreativo/cultural nas praias onde os casos aconteceram, na tentativa de dialogar com as pessoas, mostrando que cada um tem o direito de ser o que quiser ser e que isso não agride ninguém.

A primeira atividade foi nesse domingo, na praia do Campeche. Desde as primeiras horas da tarde ativistas LGBTI foram chegando com suas cadeiras, guarda-sóis e bandeiras coloridas para ocupar o espaço da areia. Com um megafone as pessoas foram trazendo suas falas. Repeliram a violência e reiteraram o direito de estarem em qualquer lugar e poder demostrar carinho como qualquer pessoa. “Floripa é divulgada como uma cidade que é amiga dos gays, mas a gente sente muito o preconceito. Por isso temos de ocupar espaços e garantir a nossa voz. Não estamos aqui para agredir, mas para firmar pé no nosso direito de estar em qualquer lugar”.

A comunidade entende que toda ação tem uma reação e por isso vai haver resistência a essa onda de preconceito e violência. “É importante a gente estar junto, para mostrar que estamos unidos e que não vamos deixar os direitos retrocederem”.

Durante o ato um homem passou e gritou o nome de Bolsonaro, em clara provocação. O grupo vaiou e respondeu em uníssono: “fora Bolsonaro, fora Bolsonaro”. O homem foi advertido pela polícia que estava no local.

O ato teve o apoio da Associação de Moradores do Campeche e do Conselho Local de Saúde que também se mobilizam para garantir segurança e respeito a todos os que frequentam a praia.


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